No dia 19 de abril de 2025, a tranquila cidade de Dona Emma/SC foi palco de uma edição inesquecível do Bob Rock Festival. Em meio à natureza e em um ambiente acolhedor, o evento aconteceu, mais uma vez, na lendária casa do Bob, que superou expectativas com uma organização impecável. Reunindo bandas nacionais, o line-up trouxe uma verdadeira celebração da música pesada, mesclando estilos como metal, hardcore, thrash e death metal ao longo de um dia intenso.
Mesmo com alguns imprevistos — como o cancelamento das bandas Reytoro, V.I.D.A e Troll — a vibe se manteve firme e forte, graças à entrada de Pedrada e Cemitério dos Vivos no line-up. A hospitalidade de Bob, aliada à excelência no atendimento do bar e da cozinha, somada à simpatia de todos os envolvidos, fez com que a experiência fosse marcante para cada pessoa presente.
As bandas se apresentaram com entrega total, e o público, mesmo em plena véspera do feriado de Páscoa, compareceu em peso para curtir o som pesado que só o Bob Rock proporciona. Esta foi minha primeira vez no festival — e que estreia!
Bandas:
Pedrada (@pedradaofficial)
Iniciando a tarde do Bob Rock, a banda formada em 2019 em Videira/SC, Pedrada, subiu ao palco com seu metalcore cheio de atitude e potência. O setlist trouxe faixas do álbum Confined (2023), com destaque para Hunting Season, Beyond Horizon e Torture Engineering, além de um cover impactante de Sepultura, que empolgou os fãs logo de cara. Enquanto o público ainda chegava, a energia foi crescendo naturalmente, com muitos headbangers e um mosh mais contido, porém presente. A banda segue ativa, trabalhando em novas composições e promete muito pela frente.
Setlist: Hunting Season, Beyond Horizon, Do You Like This, Days Gone By, House of Wolves, Them, Incandescent Thorn e Torture Engineering.

Raw Metal Attack (@raw_metal_attack)
Representando a veia mais crua do metal underground, o Raw Metal Attack trouxe uma sonoridade agressiva que mescla hardcore com thrash e black metal. A banda entregou um segundo show de retorno poderoso. O set incluiu clássicos como Endless Pain (Kreator), Rise Up and Conquer, além de Iron Fist do Motörhead. Embora sem moshes, a galera estava completamente imersa na energia da apresentação. Os integrantes mostraram entrosamento e carisma em uma performance sólida e vibrante.
Setlist: Raw Metal Attack, Endless Pain (Kreator), Killers of Raping Priest, Rise Up and Conquer, Beat Me Senseless (Circle Jerks), The Concerns, City Baby Attacked by Rats (G.B.H), Iron Fist (Motörhead), Die Hard (Venom).

Cruciate (@cruciate.death)
Com um death metal old school e visceral, Cruciate não deixou a peteca cair. A banda fez um show de peso, com destaque para Thirsty For Violence e Shredded To Pieces. O público, em sua maioria, estava empolgado, com um número em peso de headbangers na frente do palco. O som brutal e técnico, aliado aos vocais intensos, foi um grande atrativo para quem gosta de um death metal imbatível. A banda segue sua jornada com total peso mesmo com algumas mudanças em sua formação.
Setlist: Thirsty For Violence, Shredded To Pieces, Dirty War, Sacrifice, Navio Do Inferno, Smell Of Decay.

Fatal Blow (@fatalblowbchc)
Fatal Blow, diretamente de Balneário Camboriú, trouxe um hardcore direto e sem rodeios. Com influências de hardcore old school, a banda fez um show enérgico e pesado, com letras críticas sobre a sociedade. Faixas como Game’s Over, Rise From Disgrace e No More dominaram o palco, e a galera estava com a energia lá em cima, com muitos na frente batendo cabeça e participando ativamente do mosh.
Setlist: Game’s Over, What’s Wrong With Me?, Rise From Disgrace, Running Over You, Only Reason, Road of Illusions, Sinking Ship, Your Mistake, No More, Give Respect, Música Nova 1, So Much for Nothing.

Oath of Persistence (@oathofpersistence)
Com uma pegada de death metal misturado a hardcore e solos neoclássicos, Oath of Persistence levou o público a uma viagem sonora intensa. Com seu álbum Fear of the Unknown (2024), a banda tocou faixas como Provenance of a Dystopia, Queen of the Swarm e Whisper of the Wolf. O público respondeu com muito headbanging, criando uma atmosfera de pura energia. A performance foi sólida e empolgante, consolidando o nome da banda que, a cada show, cresce no cenário.
Setlist: Fear of the Unknown, Provenance of a Dystopia, Queen of the Swarm, The Awakening, Arrival, Chronicle of Absolution, Through the Painting, At the Gates of R’lyeh, Whisper of the Wolf.

Sepulcro (@sepulcro.death)
Sepulcro trouxe um death metal técnico e brutal, com uma pegada fortemente inspirada no death metal old school. A banda, que lançou recentemente o álbum Cut, Rip, Chop, Break, fez um show avassalador, com riffs complexos e vocais pesados. A performance foi digna de uma das maiores revelações da cena, demonstrando um enorme potencial de crescimento. O público vibrou com a energia visceral da banda, que conseguiu transportar todos para um ambiente de pura intensidade.

Silent Empire (@silent_empire_criciuma)
Silent Empire apresentou um death metal técnico com influências marcantes de nomes como Dismember e Death. Em setembro de 2023, a banda realizou uma turnê por Santa Catarina, passando por cidades como Florianópolis, Blumenau, Porto Belo, Criciúma, Rio Negrinho e Joinville. Apesar de um público mais reduzido, a banda não se intimidou e fez um show de peso, com faixas que abordam temas como guerra e antirreligião. Hail the Legions, faixa que marcou sua estreia, foi recebida com entusiasmo e já se tornou um clássico nos shows, destacando a qualidade da apresentação.

Deadnation (@deadnationdm)
Diretamente de Tubarão e na ativa desde 2016, a Deadnation trouxe um death metal brutal com forte influência do estilo sueco. Com uma performance insana, a banda despejou um som feroz, marcado por riffs pesados e vocais guturais intensos. O vocalista William construiu uma conexão genuína com o público, transmitindo cada sentimento presente nas músicas. Destaque também para o baixista André, que aprendeu todo o repertório em apenas 15 dias para essa apresentação. A faixa Burned Alive, escrita pelo vocalista, foi o ponto alto do show e será lançada como single no próximo mês.
Setlist: Sade’s Eyes, Sick and Sordid Mind, Redrum, Blood Spill, Returning From Hell, Burned Alive, Killing for Kill, Skin Father (Dismember), Pierced by Nails, Braindead.

Cujo (@cujodeathmetal)
Formada em Florianópolis em 2008, a Cujo é uma banda de death metal com forte influência dos anos 1990, inspirada por nomes como Morbid Angel, Krisiun e Six Feet Under, além de pitadas de thrash e metal progressivo. Suas letras abordam temas sociais, políticos e filosóficos, com críticas diretas à religião e à estrutura social.
Em 2023, lançaram os singles em português Manicômio e Paralelo 11, que reforçam o tom crítico do grupo. O novo single Parasitas deve ser lançado em breve, com clipe gravado no Boo Teko Underground.
No Bob Rock Festival, a Cujo entregou um show intenso, com o público agitado do início ao fim. O setlist mesclou clássicos da demo de 2009, faixas novas e covers da Hipnose Death, homenageando a antiga banda do atual baterista.
Setlist: Intro, Consumed, Parasitas, The Lying Art, Smell of Fear, A Morte (cover Hipnose Death), Morbid Pleasures, Paralelo 11, Manicômio, Morte Acidental (cover Hipnose Death).

Cemitério dos Vivos (@cemiterio.dos.vivos)
Encerrando a noite com chave de ouro, a Cemitério dos Vivos entregou um show explosivo, mesmo com uma plateia reduzida — quem ficou, curtiu cada segundo. Com uma mistura furiosa de death metal e punk, o grupo formado por três integrantes vai além do punk cru: o som cresce em peso e densidade a cada faixa, com letras afiadas e cada vez mais filosóficas.
O álbum mais recente, Realismo Capitalista (2024), é inspirado no livro homônimo do pensador britânico Mark Fisher e mergulha em temas como religião, ditadura, violência contra povos indígenas e especulação imobiliária. As letras, todas em português, são carregadas de ódio de classe, crítica social e revolta — com direito a “pitadas de pimenta, sal grosso e açafrão”, como define a própria banda.
Com berros de raiva e riffs que beiram o caos, a Cemitério dos Vivos mostrou que ainda é possível usar a música como grito político.
Setlist: DOI-CODI, Oremos, Especulação Imobiliária, Morte Lenta Yanomami, Em Nome da Lei, Correria, Conspiração, Democracia, Maiakovski, Família, Ódio (cover Acefalia), Acumulação Primitiva, Austeridade Fiscal.

O 12º Bob Rock Festival foi, sem dúvida, um sucesso absoluto, reafirmando sua importância dentro da cena metal de Santa Catarina. Com bandas de peso, clima de união e uma organização impecável, essa edição entrou para a história.
Que venha o próximo Bob Rock!