Como bom garoto dos anos 2000, minha introdução a AFI não foi graças a um irmão mais velho rebelde nem a uma velha caixa de CDs encontrada em algum mercado de pulgas, mas sim através da tela de um Xbox 360. Guitar Hero III: Legends of Rock, para ser exato. Nos primeiros níveis, estava “Miss Murder”, uma música que destilava todo o drama e a teatralidade que um aspirante a emo poderia sonhar. Eu “murmu-rava” a letra com meu inglês pobre do ensino médio enquanto tentava alcançar a pontuação perfeita no nível expert. Não era apenas uma música; era uma porta de entrada para um mundo mais sombrio e barulhento, onde reinavam o delineador e a angústia existencial.
AFI (A Fire Inside, para os não iniciados) sempre teve o talento de se reinventar. Surgiram no início dos anos 90 como uma banda punk irreverente, evoluíram para a realeza goth-punk e depois flertaram com a grandeza do rock de estádios. Quando nos presentearam com o icônico “Miss Murder” em Decemberunderground (2006), já haviam cimentado seu status como camaleões do gênero. Para muitos, incluindo eu, sua música tornou-se um rito de passagem: uma porta para os hinos emo de My Chemical Romance, as reflexões existenciais de The Cure e a intensidade crua de Bad Religion.
Agora, depois do que pareceu uma eternidade, AFI está prestes a pisar solo mexicano mais uma vez, desta vez como parte de uma grande turnê junto com Linkin Park. Ah, a ironia: uma banda considerada um favorito obscuro de culto ocupando um lugar de destaque ao lado de um dos seis grandes do nu-metal.
Para os fãs no México, este é um retorno esperado. A última vez que a banda veio ao país foi em 2014, no extinto Plaza Condesa na CDMX, durante a era Burials, e um ano antes de eu começar a ir a shows. Foi uma longa espera, e a antecipação é palpável. Ficam muitas perguntas: resgatarão músicas profundas de Sing the Sorrow? Davey Havok continuará parecendo como se tivesse feito um pacto com um coven de vampiros para não envelhecer? E, o mais importante, haverá espaço no setlist para o inegável sucesso que é “Miss Murder”?
A trajetória da banda sempre foi de evolução — sonora, estética e emocional. Desde a fúria crua de Answer That and Stay Fashionable até a atmosfera sombria de The Art of Drowning e o drama polido de Decemberunderground, cada álbum parece um instantâneo de uma banda que não teme mudar de pele. No entanto, apesar de suas transformações, algo permanece constante: AFI sabe como se conectar ao pulso de seu público, entregando músicas que são uma mistura de catarse e caos.
Refletindo sobre sua próxima apresentação, é impossível não se maravilhar com sua capacidade de permanência. Em uma era onde as tendências do TikTok ditam a longevidade musical, a carreira de AFI parece um testemunho de autenticidade e adaptabilidade. Sobreviveram a mudanças na indústria, alterações na formação e à lealdade volúvel dos fãs, emergindo cada vez com um som que se sente fresco, mas inconfundivelmente deles.
As datas em que a banda estará acompanhando Linkin Park no México são:
- 31 de janeiro – CDMX
- 3 de fevereiro – Guadalajara – Estadio 3 de Marzo
- 5 de fevereiro – Monterrey
Que surpresas terão preparadas para seus fãs mexicanos? Irão se inclinar para a nostalgia ou avançar com temas de Bodies (2021)? Seja como for, para aqueles de nós que os descobrimos através de uma guitarra de plástico e uma tela cheia de notas coloridas descendentes, este é um momento de fechamento de ciclo — uma oportunidade de trocar o palco virtual pela emoção visceral da música ao vivo.
No final, AFI é mais que uma banda; são uma era e um estado de espírito. E se “Miss Murder” nos ensinou algo, é que algumas músicas — e algumas bandas — estão destinadas a se tornarem lendas.
Os ingressos para sua turnê no México com Linkin Park podem ser comprados através de ticketmaster.