Os Italianos ArseA lançaram o seu mais recente álbum “Order Of Mantis” em 2022 pela Revalve Records, e desde então, este trabalho de Power Metal Progressivo tem dado o que falar e conquistado novos fãs.
Os Italianos ArseA são uma banda com 17 anos de carreira de Power Metal Progressivo que é obrigatória conhecer para fãs de Kamelot, Evergrey, Stratovarius, Haken e Dream Theater. De facto, o próprio Tom S. Englund (Evergrey) contribui com os seus vocais para a última faixa deste álbum, demonstrando assim as claras influências e conexões entre os Italianos e os enormes Evergrey.
O grupo possuía na sua bagagem já dois álbuns, Dreaming a New World (2008) e A New Dawn (2015) quando foram interrompidos pela pandemia do Covid que todos nós bem conhecemos. Mas mesmo durante esta paragem mundial, eles apareceram com seu terceiro álbum “Order Of Mantis“, composto por 11 faixas contundentes.
O álbum começa com uma introdução Prologue, que mistura melodia, elementos industriais, crescendos e uma toda mistura de elementos, diria, imprevisíveis. Estamos a falar de sirenes, gritos de desespero, coros grandiosos, entre outros que resultam num arranque divinal e que desperta bastante curiosidade para a restante obra. Segue-se Eternal Embrace, e o que dizer desta faixa? Guitarras marcantes com som bastante potente, mas sempre com espaço para pausas onde o abrandamento permite focar nos teclados e na voz de Matt. O refrão, esse é grandioso bem ao estilo daquilo que Evergrey faz e que estará presente em toda esta obra.
O próximo tema a conquistar os ouvintes é How it Happened que arranca com um riff fortíssimo que se entranha em segundos, em conjunto com a bateria violenta. Esta faixa tem mais peso associado mas sempre com o fator grandiosidade presente. Os jogos de ritmo não são constantes: viajamos entre a franqueza do começo e os tempos mais lentos, sempre com alternância entre as guitarras e o teclado. Tudo isto cria um fator surpresa no tema, demonstrando uma enorme criatividade e a ausência de regras. Aqui Matt força ainda mais o seu timbre para nos deixar alguns bons acabamentos cortantes.
Nothing To Lose marca pela diferença logo na sua introdução. Embora com um ritmo ainda denso, diminuem a pressão no acelerador e focam-se mais na melodia. Aqui estamos mais perto da realidade de Stratovarius. Segue-se a música que partilha o nome do álbum- Order Of Mantis – e aqui a veia mais thrash de ArseA está bem presente, especialmente no arranque do tema. Mas esta rapidez vai suavizando, resultando numa parte melódica central onde ficamos apenas com a voz de Matt, o teclado de Fusco e o baixo de Piermattei por quase um minuto até recuperarmos o momento inicial. O refrão desta música é, mais uma vez, viciante.
Com Lullaby a emoção é novamente intensificada num tema com uma constante troca de registos sonoros e ritmos frenéticos. Em termos líricos, este tema pode ser visto como uma pausa na obra, um momento de partilha de dor mais claro como é tão bem refletivo em “People’s coming, People’s going (…) Life’s is Coming, But You’re Gone“. Possivelmente algo que todos nós já vivemos e aqui, certamente não nos sentiremos sozinhos. Até os teclados transmitem a sensação de solidão sem precisar de palavras.
In Loving Memory dá seguimento ao sentimento partilhado na faixa anterior, num tema totalmente instrumental, focado nos teclados e belas harmonias orquestrais. Com um crescendo acompanhado por um aumento de complexidade de piano, esta faixa é no mínimo bela, e uma boa forma de abrandar, antes de seguirmos para Call me Evil.
Call Me Evil tem uma vibe de Evergrey incrível na voz, nas passagens mais progressivas, e na qualidade geral do tema. Enquanto ArseA nos continuam a presentear com as suas constantes mudanças de ritmo e melodias intrincadas, a voz é um dos pontos focais desta faixa e o mesmo se pode dizer da faixa seguinte, Feel The Blade.
Já a chegar ao final do álbum, All That Remains merece destaque. Uma melodia característica de guitarras percorre toda a faixa e com um fundo vocal feminino que dá aqui uma ambiência especial à faixa. Esta música assume um ritmo frenético com mudanças de sonoridade que retornam com partes melódicas e lentas.
E não haveria melhor forma de terminar a obra, se não com a colaboração do icónico Tomas S. England, vocalista de Evergrey, na faixa Unfair que foi recuperada pois já tinha sido editada em setembro de 2021. A presença destes dois vocalistas com timbres tão belos e tão característicos torna este tema super apaixonante quando juntado à composição instrumental com bastantes variações de ritmo, receita da casa. Esta música é o que qualquer fã de Power Metal procura: épico, emocionante e sempre com peso.
Para concluir, começar por destacar os vocais desta obra. Simplesmente poderosos e cheios de talento e segurança. A composição junta elementos de vários mundos, que vão desde o progressivo, ao power e ainda alguns elementos thrash. A imprevisibilidade da mesma faz com nunca se torne maçuda, e com que seja sempre surpreendente.
A banda teve a sua vida dificultada ao gravar lançar esta obra durante a pandemia do Covid 19, tornando o seu trabalho de divulgação bem mais difícil. Mas não vamos deixar que esta pedra no caminho de ArseA deixe tirar o crédito a esta fantástica obra que merece ser divulgada ao vivo por toda a europa e mundo.
No geral, ArseA criou um disco que é simplesmente muito fácil de mergulhar. É um disco que acima de tudo parece refinado e equilibrado, e apesar da duração de quase uma hora, passa a voar. Exatamente aquilo que os amantes do estilo procuram ver criado. E portanto, fãs de progressivo power metal, ouçam esta obra e mantenham esta banda no radar.
Alinhamento:
1. Prologue;
2. Eternal Embrace;
3. How It Happened;
4. Nothing to Lose;
5. Order of Mantis;
6. Lullaby;
7. In Loving Memory;
8. Call me Evil;
9. Feel the Blade;
10. All that Remains;
11. Unfair (ft. Tom S. Englund)
Lineup:
Giorgio Piermattei, Baixo
Riccardo Curti, Bateria
Enrico Fucci, Guitarra
Alessio Di Clementi, Guitarra
Ivan Fusco, Teclados
Matteo Peluffo, Vocais
Tom S Englund (Evergrey) – Vocais na faixa 11
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