Há alguns anos, Epica declarou que com Omega alcançaram uma sinergia como banda que nunca haviam tido antes. Parece que em Aspiral tentaram replicar esse resultado, empregando neste novo álbum alguns recursos usados no anterior. Por exemplo, Aspiral começa com Cross the Divide, que tem uma energia similar à sua equivalente, Abyss of Time — embora a nova se diferencie por não ter introdução e ser mais do tipo synth-pop (a base foi composta por Rob, o baixista). Já Arcana, o primeiro single, traz um início misterioso, muita emoção, arranjos corais espetaculares e os característicos arranjos vocais e instrumentais da banda. No entanto… os recursos utilizados não garantem a mesma sinergia.
Em geral, gostamos do álbum — é um trabalho monumental, com muita presença e que soa “muito Epica“. Explora um pouco de novos sons, e a mixagem é de altíssima qualidade. A fotografia dos vídeos e materiais visuais é excelente, assim como o trabalho de design em geral. Por outro lado, a banda alcançou uma maturidade lírica, dando mais complexidade e estrutura à sua escrita, além de aprofundar os temas abordados. Ainda que os arranjos musicais sempre tenham sido de alta qualidade, não há uma conexão plena com essa maturidade, perceptível nos recursos composicionais utilizados. Também acreditamos que poderiam experimentar mais, embora isso seja arriscado — poderiam comprometer seu som característico.
No mesmo dia do lançamento do álbum, saiu o último single com seu vídeo correspondente: Fight to Survive. Um ótimo vídeo que conta uma história, lembrando trabalhos como Unleashed ou The Phantom of Agony, mas com um toque sci-fi, resultando num curta-metragem de ficção científica espacial. Aqui, os personagens são os mesmos vistos ao longo do álbum, confirmando que as diferentes faixas fazem parte de um mesmo conceito. Essa música é também uma das mais bem realizadas do disco.
Apparition é uma das faixas que, embora não seja single, teve ótima recepção — tanto musical quanto lírica. Também foi uma das preferidas de Afrika (um dos dois redatores desta crítica). Outras como Metanoia e A New Age Dawns Part VIII e IX ganharam nosso apreço após várias audições (para Josshua, o outro redator). No geral, as faixas que não são singles não nos encantaram, mas são relevantes por mostrarem a banda explorando mudanças sonoras.
Aspiral, a faixa que encerra o álbum, é uma peça emotiva e notadamente final, diminuindo gradualmente a intensidade (será que fecharão os shows da turnê com ela? Ou com A New Age Dawns Part IX, já que Coen mencionou que seria divertido terminar um concerto assim?).
Honestamente, gostaríamos que o álbum tivesse mais da vibe de The Ghost in Me, o single lançado no ano passado — mas isso é gosto pessoal. No geral, há boas músicas, e é sempre bom ter material novo. Mas é inevitável comparar com Omega, um disco muito sólido e com proposta mais firme. Também entendemos que alguns álbuns se destacam mais que outros, e tudo bem.
De qualquer forma, Epica tem uma das melhores performances ao vivo que já vimos — com ótima equalização e iluminação, mantêm a energia do início ao fim, interagindo com o público e transformando shows num verdadeiro performance, adaptado a cada turnê. Então, mesmo que este álbum talvez precise de um pouco mais de “cozimento”, queremos ver Arcana e Fight to Survive ao vivo, músicas que certamente tocarão em sua turnê pelo México, junto com clássicos de todos os discos.
Desta vez, não se apresentarão na Cidade do México (já que há poucos meses tiveram duas datas esgotadas na capital). Nós estaremos no show de León, Guanajuato, em um local perfeito para a banda:
o Foro del Lago, um palco literalmente no meio de um lago. Segue o link para compra de ingressos: https://cantodeaproducciones.com/conciertos/899112512-epica-leon-gto