A verdade é que a festa do satanismo não foi eclipsada por nenhum inconveniente, além do fato de continuarmos consumindo essa música sombria cheia de riffs potentes e, como diriam no meu povoado, “bateria trancada”.

Como sempre, a organização impecável e o ambiente adequado para tal recital no Teatro Flores, graças aos organizadores da Icarus Music.

Houve algumas mudanças de última hora no cartaz, e a ordem das bandas de abertura que se apresentaram foi a seguinte:

 

EXTERMINIO

 

DISLEPSIA

 

NUCLEAR SATHAN

 

Foi o momento de começar o show com os death metaleros e veteranos do Exterminio. Sua música era potente, e a voz cheia de ódio nos proporcionou um show excelente, sem antes o vocalista dizer ao se retirar: “Obrigado pelo apoio”. Aqui podemos ver o setlist que o Exterminio utilizou. Lembremos que seu último álbum foi lançado em 2024, sob o nome de Favsto, que contém nove faixas e está disponível em todas as plataformas.

 

Chegou o momento de baixar um pouco a adrenalina, descansar e nos prepararmos para a próxima banda, DISLEPSIA. Essa banda está ativa desde 1998, nos enchendo de death metal com temas suicidas, religiosos e sombrios, e não era de se esperar menos que isso fosse levado ao palco. Vale destacar que seus músicos tiveram total domínio do palco. A produção do show não foi tão elaborada quanto a da próxima banda que vamos mencionar, mas eles souberam se conectar com o público, tanto que este pediu “mais uma”. Lembremos que essa banda está desde 2018 sem lançar um novo single, mas se mantém ativa na cena do país.

 

Era o momento de ver a terceira e última banda de abertura, os black metaleros do Dark Funeral, em sua turnê do novo single Let The Devil In. Neste caso, a vez foi do NUCLEAR SATHAN, e devo dizer que fiquei impressionada. Sempre admirei como bandas lendárias que creem e professam o satanismo, como Gorgoroth, Mayhem ou Behemoth, fazem uso da produção do show e dos elementos artísticos, não apenas para parecer, mas para transmitir uma mensagem clara e precisa: aqui falamos de temas que são tabus.

 

E, neste caso, foi assim: Nuclear Sathan subiu ao palco com um chifre, símbolo do bode, que erguiam em forma de adoração. O show, mais do que um show, tornou-se um ritual. Fumaça no ambiente (o que dificultou um pouco o trabalho do nosso fotógrafo e de todos os outros) e luzes vermelhas que contrastavam com a produção do show. Mas chega de falar sobre isso e vamos à música.

O Nuclear Sathan tem apenas um demo e um álbum completo chamado Diabólico Holocausto, mas está ativo desde 2014 na cena do black metal do país. A voz de Ayalez Sathan soa desgarrada, mas afinada, transmitindo dor, desespero e escuridão. Vale destacar que a bateria de Nerhal é digna de admiração. Como bons amantes do black metal, sabemos que a bateria é um ponto crucial nesse gênero, não apenas por sua continuidade, mas por sua destreza, e essa não foi exceção. Destaque especial para os riffs de Black Graves e o baixo descomunal de Tarontte.

 

E com isso, nos despedimos do talento nacional para dar lugar aos suecos do Dark Funeral. O ambiente estava em suspense, as cortinas fechadas e os fotógrafos e fotógrafas preparados para capturar seus cliques no pit.

Como não é de se surpreender, as cortinas se abriram, e entre gritos e mais gritos, todos os integrantes, como dignos de uma performance, permaneceram imóveis, cada um em seu lugar, como se estivessem sugando toda a nossa energia para devolvê-la em pura agressividade e destruição.

 

E assim foi: tocaram 13 músicas, entre elas Nosferatu, To Carve Another Wound, The Arrival of Satan’s Empire, Open The Gates, Shadows over Transylvania, Let The Devil In, totalizando 14 músicas. O som estava perfeito, sem complicações, mas houve um momento em que havia muitos fotógrafos e fotógrafas no pit, alguns claramente não credenciados, o que fez o pit ficar superlotado. Alguns deles não respeitavam o espaço do palco, então Heljarmadr fez um apelo para que baixassem seus celulares, desligassem os flashes e aproveitassem o evento. Após isso, o Dark Funeral postou em suas redes sociais uma imagem de um celular com flash e comentou: “Imaginem ter milhares de flashes na cara e não poder fazer sua performance da melhor maneira”. E bem, isso foi um tanto amargo tanto para a banda quanto para Heljarmadr, porque realmente não o deixavam cantar com tranquilidade. Houve até um momento em que ele teve que tirar um celular de um indivíduo que não estava com a credencial de fotógrafo, já que o celular estava quase na cara do vocalista.

 

Mas, depois disso, a produção decidiu retirar todos os audiovisuais do pit, e o show realmente tomou seu rumo. Um ambiente descomunal, peças orquestradas de maneira magistral, sem erros no som ou na mesa de som, uma voz e uma bateria dignas de admiração. A verdade é que todos os espectadores e os argentinos levaram uma boa imagem do black metal e de quão especial pode ser ouvir bandas desse estilo ao vivo. Vale a pena assistir!

 

Eles se despediram com sua grande bandeira negra tremulando, não sem antes agradecer ao público tão atento, respeitoso e comprometido.

✍🏻 @andre.suegart
📸 @blackowl.ph

Facebook - Comente, participe. Lembre-se você é responsável pelo que diz.