Antes de mais… que grande festival e que grande celebração!!! Parabéns à Hellxis Agency pela organização e por conseguir trazer cá um cartaz recheado de lendas do punk rock e hardcore.

Domingo de sol, seria de esperar que houvesse menos gente disponível para um concerto que ia começar às 17h, mas eram 16h e já havia gente à porta a fazer fila, 16h30 começaram a entrar ordeiramente e sem grande espera, o sistema de segurança estava bem oleado e foi bastante simpático. Quando os CRIM pisaram o palco a plateia não estava cheia, mas estava agradável para a primeira banda da noite. Os rapazes de Tarragona, que cantam em catalão começaram a aquecer bem o público, músicas rápidas bem gritadas pelo vocalista e guitarrista, Adri e bem acompanhadas na guitarra por Quim, baixo por Javi e na bateria por Marc. Para quem não os conhece a banda tem 6 álbuns de originais editados e uma coletânea a celebrar os 10 anos da banda que conta com colaboração com diversas bandas internacionais.

O concerto começou com “Carnets de Punk” uma malha rápida de punk rock que animou logo quem estava mais desconfiado. No meio do setlist as duas músicas mais conhecidas da banda, Una Cançó i una Promesa” e Patrimoni Mundial” no público havia fãs dos CRIM que as cantaram bem alto. A atuação terminou com “Pare Nostre que Esteu a l’Infern” outra grande malha da banda. Curiosidade que o catalão é em parte parecido com o português o que faz com as letras toquem também ao público cá da terra.

“Moltes gràcies CRIM, som fans”

CRIM | Photo @hasphotography – @culturaempeso

Setlist:

Carnets de Punk
Benvingut Enemic
Una Cançó i una Promesa
Patrimoni Mundial
Hivern Etern
Vaixells de Paper
Verí Caducat
Castells de Sorra
Pare Nostre que Esteu a l’Infern

 

 

Em estreia absoluta em solo nacional (não para o vocalista Steve Rawles que já andou por cá a passear), os Belvedere são a epítome daquilo que foi cunhado como skate punk! Rápido, melódico e agressivo q.b. o som dos canadianos não deixou ninguém indiferente, convidando mesmo à formação de alguns circle pits na Sala Tejo! A “cavalgada” inicial de “Two Minutes for Looking So Good” serviu de intro e de cartão de visita dos Belvedere, a partir daqui foi um crescendo de saltos em palco e agitação no pit, com muito sing along à mistura, ou a banda canadiana não tivesse também uma generosa legião de fãs por cá, desejosos de os ver pela primeira vez.

Os discos ´Twas Hell Said Former Child ; Fast Forward Eats The Tape e Hinsight Is the Sixt Sense tiveram particular destaque nesta noite uma vez que o set recaiu apenas sobre estes álbuns. A energia da banda em palco é sem par! É muito pouco o tempo de concerto em que os 3 músicos  das “cordas” mantém os pés assentes no chão, sendo um regalo para a vista e para quem fotografa! Apesar de rápida e curta, a prestação dos Belvedere deixou visivelmente satisfeitos os fãs e mesmo quem os via pela primeira vez. Agora que o contacto está estabelecido e também já viram do que somos capazes enquanto publico, é uma questão de aguardar que voltem em nome próprio.

Belvedere | Photo @aliveandclikin – @culturaempeso

Setlist:

Two Minutes for Looking So Good
Repetition Rejection
Happily Never After
Subhuman Nature
Closed Doors
Slaves to the Pavement
Quicksand
Excuse Me, Can i Use this Chair?
Bandy Wine

 

 

 

 

 

Os terceiros da lista desta tarde foram os TRINTA & UM , banda de Linda-a-velha e única banda portuguesa a fazer parte desta tour. O Sarrufo na guitarra, o Rações na bateria, o Lavagantes no baixo e o carismático Goblin na voz compõem a banda que faz este ano 30 anos de carreira. Notou-se nas suas caras a felicidade de tocar neste concerto. Não há regresso deu início à atuação que já tinham muitos fãs como é hábito nos concertos de Trinta & Um, seguiu-se “Arte Marginal” música do ultimo álbum Granada no Charco. Com o público sempre agarrado e a cantar as músicas, evocou-se o Sérgio “Bifes”, como é costume e justo nas atuações de bandas de LV, com a músicaSintra”.
O concerto terminou com o hino LVHC” que coroou uma performance fantástica, mostrando com estão vivos e de boa saúde os Trinta & Um.

“Trinta e um é do c#*lho!!!!!”

Trinta & Um | Photo @hasphotography – @culturaempeso

Setlist:

Não há regresso
Arte marginal
Devo odio ao mundo
Coma 85
Até ao fim
Acredito/vencer
Vozes sem cor
Sintra
LVHC

 

 

Provenientes das mesmas paragens que os headliners Bad Religion (e altamente influenciados por estes), os Strung Out eram também uma das bandas mais esperadas da noite, pelo menos por uma boa franja de fãs da banda que já não os viam por cá há uns bons anos. Em tour pela Europa juntamente com os Belvedere encaixaram como uma luva nesta celebração dos 45 anos dos Bad Religion. Contrariamente ao que têm feito nos concertos da tour em que são headliners, não estão a tocar na integra o álbum Exile In Oblivion que cumpriu 20 de existência em 2024. Nesse aspeto a decisão foi claramente acertada e tanto os fãs de longa data como os menos conhecedores do trabalho da banda foram presenteados com um line up bastante diversificado e que abrangeu grande parte da discografia dos Strung Out.

Foi com “Too Close to See”, uma malha de um dos álbuns mais aclamados pelos fãs (Twisted By Design) que deram inicio ao concerto. A energia debitada atingiu logo aqui o seu pico e foi uma constante durante toda a atuação! “Exhumation of Virginia Madison” também do mesmo disco entrou logo de seguida deixando o publico em êxtase!  O trio “Analog”, “Blueprint Of the Fall” e “No Voice Of Mine” representaram então Exile In Oblivion de forma a assinalar a tal celebração de 20 anos do disco de 2004. Dead Rebellion que saiu o ano passado foi apenas representado por “White Owls” imediatamente seguida de mais uma clássico da banda, “Velvet Alley” de An American Paradox é sem dúvida um tema muito acarinhado pelos fãs e não deixou de ser cantada em uníssono com a banda. A recta final desta atuação trouxe-nos “Bring Out Your Dead” do clássico álbum Suburban Teenage Wasteland Blues e a fechar em grande “Matchbook” do tal Twisted By Design que também gostaríamos muito de ver ser tocado na integra! Por mais cliché que possa parecer, o concerto de Strung Out soube mesmo a pouco, especialmente para quem passou quase duas décadas sem os ver ao vivo, é esperar que voltem em breve e em nome próprio.

 

Strung Out | Photo @aliveandclikin – @culturaempeso

Setlist:

Too Close to See
Exhumation of Virginia Madison
In Harm´s Way
Analog
Blueprint of the Fall
No Voice of Mine
Everyday
Daggers
White Owls
Velvet Alley
Bring  Out Your Dead
Matchbook

 

 

Os padrinhos da cena entraram em palco e notou-se a reverência do público… AGNOSTIC FRONT são os pioneiros do hardcore de NY e uma referência para dezenas de bandas neste tipo de música pesada. Roger Miret, Vinnie Stigma, Mike Gallo, Joseph James, e Danny Lamagna formam a banda, onde Roger e Stigma são as grandes referencias. Num concerto cheio de malhas conhecidas de todos, os AF começaram com My Life My Way” que pôs até os normalmente calmos e profissionais fotógrafos no pit a gritar bem alto. Seguiu-se outro hino do NYHC “For my family” que fez o público vibrar e acelerar no circle pit.

Agnostic Front | Photo @hasphotography – @culturaempeso

Numa Sala Tejo do Meo arena quase completamente cheia ouvimos Gotta Go”, “Old New York” e “Crucify”. Momento alto do concerto quando Roger Miret vê uma menina na primeira fila com o pai, e os chama ao palco, deste momento para a frente vimos o verdadeiro sentido do “…for my family” aqueles “monstros” tatuados e com má cara que só gritam, recebem no palco a Clarinha com uma gentileza impressionante, levando um sorriso de felicidade á cara da menina, e do pai.
É por momentos como este que cá andamos!

Agnostic Front | Photo @hasphotography – @culturaempeso
Setlist:
Victim in Pain
Blind Justice
The Eliminator
Your Mistake
Last Warning
With Time
For My Family
Friend or Foe
United & Strong
Peace
Power
Crucified (Iron Cross cover)
United Blood
Gotta Go
Police State
Addiction
Blitzkrieg Bop

 

E a seguir aos padrinhos do hardcore, entram em palco os padrinhos do hardcore melódico Bad Religion!! Embora esta termo seja discutível, na realidade no inicio da década de 80 o punk rock oriundo da Califórnia era assim cunhado. Já não nos é estranho ver os Bad Religion subir ao palco da Sala Tejo porque já vamos na 3ª vez e porque já começa a parecer que ali estão mesmo em casa. Mas este namoro com a banda só começou a dar frutos em 2019, até porque houve um hiato de 19 anos desde a sua estreia por cá no longiquo ano de 2000 no festival Paredes de Coura. Mas graças à Hellxis Agency e a tal vinda em 2019 que foi um sucesso, parece que podemos contar com eles mais vezes!

Bad Religion | Photo @hasphotography – @culturaempeso

Apesar da aparente “normalidade” de ver Bad Religion por cá, chegada a hora da entrada em palco o coração bate sempre um bocadinho mais forte, especialmente quando começam a soar os primeiros acordes de “Recipe For Hate” com aquele saborzinho a anos 90! Mesmo com uma generosa discografia de 19 álbuns, a banda sabe bem o que agrada aos fãs, e consegue extrair 25 temas de 12 álbuns diferente praticamente todos eles clássicos. Ainda sem álbum novo na calha, mas com rumores de já haver temas gravados, Age Of Unreason (2019) é o lançamento mais recente. Estávamos a meio da 1ª administração Trump e “Candidate” foi apropriadamente escrita nessa altura e voltou a fazer mais sentido que nunca ao ecoar pela Sala Tejo. Ao longo de cerca de uma hora e meia assistimos então a uma desfilar de clássicos com muita cantoria por parte do publico, é impressionante ver uma sala com uma dimensão generosa cheia de fãs que sabem as letras todas! Houve ainda tempo (e boa vontade por parte de Greg Graffin) para assinar um Lp a pedido por um dos fãs, Jay Bentley sempre bem disposto ainda gracejou que agora estava perfeito para colocar à venda no e-bay.

Bad Religion | Photo @hasphotography – @culturaempeso

No encore surge mais um tema que reflete os tempos em que vivemos e que de alguma forma fala de esperança: “Sorrow” do disco de 2002 The Process of Belief. A encerrar aquele que é provavelmente o tema que mais facilmente associamos à banda: “American Jesus” que de forma tão irónica ilustra bem a hipocrisia e a alegada “grandeza” do seu pais de origem. E assim ficou cumprida a 3ª vinda dos Bad Religion à Sala Tejo e pela mão da Hellxis Agency, resta-nos esperar que enquanto continuarem a fazer isto e enquanto andarem em tour, nos continuem a colocar no mapa.

Bad Religion | Photo @hasphotography – @culturaempeso
Setlist
Recipe for Hate
Supersonic
You Are (the Government)
Candidate
No Control
Struck a Nerve
New Dark Ages
Modern Man
My Sanity
Faith Alone
I Want to Conquer the World
Fuck Armageddon… This Is Hell
Fields of Mars
Do What You Want
We’re Only Gonna Die
True North
Atomic Garden
You
Generator
21st Century (Digital Boy)
Infected
Cease
Fuck You
Sorrow
American Jesus

 

 

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