Um dia histórico onde o inverno resolveu mostrar sua cara, tarde fria e chuvosa em São Paulo, o trânsito ajudou bastante, e chegamos na porta do Carioca Club bem antes do combinado, que bom, porque achei uma vaga boa para estacionar no escasso espaço que temos em Pinheiros. Pelas redondezas da casa tem vários barzinhos e já se percebia um tímido movimento, a galera já estava no esquenta para a destruição que estava por vir. A expectativa era enorme, afinal o Brujeria prometeu tocar o seu maior clássico “Matando Gueros” na íntegra e para quem é fã da banda, esse show é imperdível!!!
O Carioca Club é uma casa muito bem localizada, tem um espaço que parece pequeno, mas é muito amplo e conforta bem um pouco mais de 1000 pessoas, de qualquer lugar que você estiver na casa você consegue assistir bem ao show, além de tudo tem um amplo espaço para fumantes e um Mezanino excelente que tem uma visão privilegiada do show. O Credenciamento deu um pequeno rolo rapidamente resolvido pela produção (aliás muito bem estruturado pela Dark Dimensions e a assessoria da JZ Press) e não perdemos mais que 5 minutos para entrar na casa, que ainda estava completamente vazia a pouco menos de 1 hora para o começo do evento, por um momento pensei que o frio e a chuva afastassem o público desse show…ledo engano, logo a casa começou a encher e se eu não fosse ligeiro para carregar meu cartão de cervejas, pegaria uma indigesta fila depois.
Atualmente no Brasil, os shows tem seguido à risca o cumprimento dos horários, isso é sensacional, quem é Headbanger velho como eu sabe bem o que eu quero dizer, antigamente os shows demoravam uma eternidade para começar e não obstante perdíamos a condução para voltarmos para casa e passávamos por perrengues que dariam
para escrever um livro por aqui, mas enfim, hoje essa mentalidade mudou e às 19:30 pontualmente começa a introdução, cortinas fechadas e um agradável prenuncio do apocalipse que viria a seguir, “Walk on (Satanás)”, uma rumbia bem latina e agradável, as cortinas vão se abrindo, a banda vai entrando, Juan Brujo e El Sangron pegam seus microfones, todos virados de costas para o público, segue-se a introdução com com “Pura de venta” e aí por diante só ladeira abaixo, a primeira música já chega com os dois pés no peito, “Leyes Narcos” já é um soco no pâncreas, abertura de roda instantânea, mas a primeira vista já vimos que o Hongo (Shane Embury/ Napalm Death) não estava empunhando sua guitarra e o carismático Pinche Peach também não estava no palco, mas o Brujeria sempre foi uma banda que troca muito sua formação a cada Tour, então, nenhuma novidade, a novidade foi que Pinche estava lá e chega cantando “Sacrifício” na sequência. O show do Brujeria é um absurdo, a pancadaria come solta do começo ao fim sem refresco, nessa altura a casa já estava completamente lotada, foi difícil a movimentação pelo local, eu gosto de sentir o som em todos lugares do show, quero sempre procurar onde está melhor para os ouvidos, lá na frente do palco e no fundo a massa sonora estava impecável, o som do Carioca Club
sempre surpreende, difícil ver um show lá em que o som não esteja foda, mas o lado direito estava melhor que o esquerdo, então voltei lá para frente e perto do palco a direita e fui até o fim por lá. “Cruza la frontera” foi um dos picos do show, a galera toda cantava junto, além da dancinha no palco de Juan Brujo sincronizado com El Sangron, sensacional, no show, várias surpresas, como Pinche perguntando quem fumava maconha, e pedindo maconha para banda…foi muito engraçado, logo o pedido foi realizado e toca o barco, toda pausa eles interagiam muito com a galera, Bando de Loucos Cabrones!!! Que siga la fiesta!!! O moshpit era constante e os Stage Diver também, a banda deixou rolar solto e a galera respeitou a banda nesse quesito, subindo e pulando logo, claro, sempre tem um que quer ficar fazendo graça, mas aí foram poucos e em nenhum momento chegou a prejudicar o show, depois de “Castigo del Brujo” a banda deixa o palco, mas todo mundo sabia que voltariam, vários clássicos ainda não tinham sido executados, e após 2 minutos já voltam para o palco e lançam “La Migra”, meu amigo, a
casa caiu!!! Aí ninguém mais ficou parado, essa segunda parte do show foram só clássicos, “Colas de Rata”, “Marcha de Ódio”, “Consejos Narcos”, “Brujerismo” e fecham o show com seu maior trunfo “Matando Gueros”, onde Pinche pega uma máscara que estava sobre a bateria, juntamente com uma bandeira do México, e a empunhava como a cabeça da capa do disco homonimo, Juan Brujo e El Sangron batiam seus enormes Machetes no retorno no ritmo da música dando uns estalos altos, foi demais isso, aí a galera já não saía mais do palco, fiquei preocupado de alguém tomar uma Machetada sem querer, porque foi muita gente pra cima do palco (inclusive nossa fotógrafa Ellen Artie) e a festa terminou com a versão de Macarena deles que é a “Marijuana”!!!
Foi um show muito aguardado, ver Brujeria tocando na íntegra um disco que a 30 anos mudou uma chavinha minha para a pancadaria extrema foi excelente, encontrei vários camaradas, foi uma noite bem agradável e o show terminou cedo, por volta das 21:00 já estávamos saindo do Carioca Club, com um sorriso enorme na cara e com uma satisfação imensa e ter visto um show tão bom, em uma casa que confortou bem o público que foi, com um respeito enorme por parte da produção para todos da imprensa que ali estavam e com a certeza que o Brasil pode sim, ter shows com a qualidade que em qualquer País de primeiro mundo tem.
Setlist do show:
Walk on (Satanás)
Intro (Pura de venta)
Leyes Narcos
Sacrifio
Santa Lucia
Seis seis seis
Cruza la frontera
Greñudos Locos
Chingo de Mecos
Marcos Satanicos
Desperados
Machetados
Culeros
Misas Negras
Chinga tu Madre
Verga del Brujo
Cisto de la Roca
Castigo del Brujo
(Chingados)
La Migra
Colas de Rata
Hechando Chingasos
La lei del plomo
Marcha de Odio
Revolución
Consejos Narcos
Brujerismo
Matando Gueros
Marijuana