Os movimentos sociais existentes no mundo que fazem frente e resistência á sistemas ditatoriais, não democráticos, repressores e injustos (como aqui no Brasil) tem como características básicas na sua forma de atuar, o uso de protestos e contestações, sendo eles verbais, escritos, audiovisuais, musicais, teatrais e artísticos em geral, por vezes há o emprego da violência (como forma de defesa ou ataque) e também boicotes, greves e sabotagens.
O termo “ação direta” que é bem familiar aos que freqüentam e conhecem o underground, configura-se numa forma contracultural de se mobilizar em prol de idéias e objetivos que surtam efeito á curto prazo utilizando-se meios imediatos e disponíveis, sejam eles boicotes, intervenções, sabotagens ou qualquer ação que venha alterar o que está estabelecido, como leis, regras, normas, condições e situações injustas e desfavoráveis, sendo que o interessado nesse ato é o agente principal da movimentação, não havendo a necessidade de um mediador ou representante (como partidos, grupos etc.) para que o objetivo seja alcançado. Um bom exemplo de ação direta é o boicote de marcas, produtos e serviços de multinacionais (ou qualquer empresa, instituição etc.) com históricos de condutas desumanas, corruptas, poluidoras entre outras questões abusivas, não sendo necessária a espera de atitudes ou posições alheias (ex: governantes) para a resolução do problema. Outro exemplo seria a ocupação de um ambiente trabalhista ou escolar, para fazer valer direitos e pendências dos patrões ou diretores. Ações de desobediência civil também podem ser classificadas dessa maneira, como na postagem anterior, pois lá eu aconselho os jovens das cidades onde o “toque de recolher” foi imposto a se rebelarem e invadirem as praças públicas nos horários proibidos como forma de protesto e intervenção no autoritarismo.
É de grande valia todas essas formas de agir como ser social para se conseguir alcançar o melhor possível, e partilho dessa idéia! Mas eu também sou praticante e a favor de se usar o sistema contra o próprio sistema, ou seja, jogando com suas próprias regras para destruí-lo (sem que haja a violação de seus princípios e ideais). Quando falo destruir, não me refiro ao uso da violência para chegar a tal fim, e sim injetar de forma sutil idéias libertárias nos órgãos públicos, sindicatos, empresas privadas, instituições e demais estabelecimentos que geralmente costumamos não nos envolver ou ter vínculo de forma direta, com isso podemos junto com as ações diretas dar mais corpo a reconstrução social, fomentando um mundo mais justo.
A princípio essa forma de pensar pode parecer contraditória e gerar grandes conflitos internos, crises de consciência, contra-sensos ideológicos e outras questões. Mas esses problemas só ocorrerão a partir do momento em que haja realmente o desprendimento as suas bases de pensamento e princípios. Podemos agir à surdina sem que eles (os dominantes) percebam nossa ação, pois apesar do sistema vigente ser exclusivo, não facilitador da ascensão social dos mais pobres e desestimulador do desenvolvimento intelectual da população, ele contém falhas ou brechas! Elas são inúmeras, desde o fato de um sujeito qualquer da sociedade ter a oportunidade de assumir um cargo público de pequeno, médio e grande porte através de concursos; as empresas privadas que contratam pessoas pela aparência e currículos “enfeitados”; as bolsas de estudo e cotas federais, estaduais e municipais para a educação etc. essas aberturas devem ser preenchidas por pessoas de boa índole e que visão um mundo com mais humanização, paz, cooperação, amor a natureza, igualdade para todos dentre outros pontos que eu poderia citar o dia inteiro. Não podemos deixar essas “vagas” nas mãos de pessoas que são possessas pelo consumismo alienado, corrupção, competição capitalista, negligenciamento no cuidado com o ecossistema, status social, superficialismo de vida e conceitos retrógrados, pois os danos produzidos por gente desse naipe são irreparáveis!
Eles podem censurar nosso visual, nosso linguaja, nossos costumes, nosso jeito de viver, no entanto as idéias não podem ser vistas ou controladas. A “máscara social” é uma arma forte e pode ser posta para burlarmos o crivo do sistema, já que é feita uma seleção de rostos, posturas e certificados que não revelam quem você é de verdade. Quantos de nós já não fomos vítimas dessa engrenagem que nos impele a ser o que eles querem e pensam? Todos ou quase todos! Com isso a combinação de duas forças arrebatadoras como a ação direta e a “ação direta/indireta” se é que vocês me entendem, pode causar uma lesão grave nos “órgãos” desse gigante. Basta sabedoria e sagacidade para lidar com as situações propostas pelo cotidiano.
A música O sistema me engoliu do álbum Onisciente Coletivo da banda Ratos de Porão (que por sinal curto muito) que foi, é e será injustamente acusada de traidora do movimento, expressa próximo ao meu pensamento. Ela é curta e grossa, leia a letra e entenda o porque:

“O sistema me engoliu (4x)
Eu so mó filhadaputa
O sistema me engoliu

Vou cagar na sua boca
Já que você me engoliu
Indigesto pra cacete,
Traidor,covarde e vil

Agressivo ao extremo
Vá para putaqueopariu
Vou pegar todo o dinheiro
Que o sistema me engoliu”

Eu vejo dessa forma. Estamos entre eles, mas não estamos com eles. Água e óleo não se misturam, mas cabem no mesmo recipiente.
Muito dinheiro é usado para fins consumistas e esse consumismo está enraizado e concentrado em maior parte na população mais carente, que segue com olhos vendados as tendências elitistas a passo de leopardo. Os salários das classes dominadas por mais miseráveis que sejam, ainda assim sustentam o corpo capitalista mundial, dessa forma, encontramos mais um meio de ativismo indireto. Digamos que uma empresa privada tem duzentos funcionários e todos eles são o estereótipo de civis comentado acima, o que acontece com a renda no final do mês do pessoal dessa empresa? É injetado na máquina do consumismo alienado, fornecendo mais força a ela! Imagine se cem dessas vagas da tal empresa fossem ocupadas por sujeitos de condutas não consumistas, não poluidoras e que usam seu dinheiro com mais consciência? A realidade seria outra ou ao menos reduziríamos o percentual dos números capitalistas, pois o dinheiro seria direcionado a fins bons e proveitosos, assim até os valores e vícios sociais seriam afetados e alterados gradativamente geração após geração.
Como falei anteriormente, parece contraditório você combater o capitalismo e o sistema em si usando-se deles mesmos, mas não é. É comum vermos nas grandes cidades grupos sociais alternativos que produzem materiais artesanais de decoração, penduricalhos, pinturas e diversos outros itens para conseguir arrecadar dinheiro, porém estes mesmos grupos às vezes condenam pessoas que trabalham em empregos formais, alegando que isso é alimentar o capitalismo, e de certa forma é, no entanto os objetos que são oferecidos a venda por estes grupos são em troca do mesmo dinheiro que advêm desses trabalhadores formais, ou seja, “é o sujo falando do mal lavado”. Se alguém quiser ficar isento de culpa, viva como os índios primitivos como poucos fazem (e admiro muito por isso). Não estou argumentando a favor do capitalismo, longe de mim essa opção, contudo não podemos fechar os olhos para esse fato contraditório.
Quero dizer que, se o sistema nos engoliu, então vamos acertar o estômago dele. Um ataque visceral que balance suas fundações, que seja uma conspiração sem nome, sem endereço, sem um líder. Não podem parar o que não conseguem detectar, com isso formaríamos um “exército” forte e magnífico de gladiadores libertários enterrados como uma faca contorcida nas vísceras do poder elitista. Se eles querem mentiras, daremos a eles a dose de seu próprio remédio. A falta de pensamento crítico é o fator que produz seres humanos condicionados a aceitarem e concordarem com o que estabelecem como certo e verdadeiro, contudo existem aqueles que obtiveram a oportunidade de se libertar ao menos do vácuo intelectual que nos é imposto, por este motivo é quase que uma obrigação daquele que goza do poder do conhecimento repassá-lo e ser mais um guerreiro na batalha entre opressores e oprimidos, ou acovardar-se e juntar-se a eles (de forma plena e literal). Vale mais viver de migalhas capitalistas ou de grandes fatias dele? Se for pra estar dentro dessa bosta, vamos pegar a maior parte e converte em força contrária, uma vez que não se combate sem força.
Existem vários setores na sociedade em que para se usar dessa tática de “ataque” visceralista é preciso haver muito cuidado, cautela, firmeza nas suas condutas e principalmente inteligência, pois é necessário lidar com situações que colocarão em cheque seu comprometimento e verdade para com os ideais ao qual você segue e está vinculado. Posso citar as polícias militar, civil e federal como exemplo de campos de difícil ação, mas que não são impossíveis de se atuar. As forças armadas também compõem a lista dos mais complicados locais de se efetuar tais idéias. Porém um dos ambientes mais podres e de enorme dificuldade de se executar as ações de “destruição interna” é a política, uma vez que ela é dominada por porcos do clã capitalista de maior força e poder. Sim, falo dessa mesma política que vocês já estão saturados de escutar sobre algum escândalo, roubo, corrupção, peculato e o caralho! Mas se formos aplicar essa idéia de “infiltração” no meio deles para destruir-los de dentro para fora, é bem mais complicado, já que por mais que você tenha boa índole e ótimos projetos para produzir bons frutos na política, esta tem um mecanismo especial de defesa que te deixa quase que sem forças para por em prática tais atitudes, uma vez que não dependem só de uma pessoa o acionamento de leis, MP’s etc. O funcionamento da famigerada se dá através de influências, conchavos, processos que quase inviabilizam a injeção de idéias libertárias e alianças que se feitas fragmentam sua questão ideológica, pois os caciques dos partidos e suas cúpulas, independente da sigla partidária são os donos da situação, usam um argumento falso de que o partido é formado e feito por todos, mas que no final das contas a realidade é outra.
Jello Biafra (Eric Reed Boucher, seu nome de batismo) é um personagem conhecidíssimo no cenário underground, pois foi um importante integrante da banda Dead Kennedys, esta de grande expressão na cena punk. Por ser oriundo de um movimento social extremamente radical, fechado e por vezes até dogmático, não se esperava que Biafra um dia fosse se envolver com a política burocrática, formalista e tradicional partidária. No entanto isso aconteceu com sua filiação ao partido verde. Sua postura como ativista político surtiu grande efeito. O engajamento político de Biafra foi tão forte que ele chegou a se candidatar a prefeito de São Francisco e ficou em quarto lugar entre dez candidatos, tem que ser muito punk pra tomar uma atitude dessas. Esse é um exemplo de infiltração no sistema de personagens com posições ideológicas construtivas. Antes um Jello Biafra como presidente do que um Bush!!! (não que sejamos a favor do menos ruim). A seguir veja um trecho de uma entrevista da Rockpress feita com o Biafra:

Rockpress – Mas surte efeito jogar o jogo político com as regras de quem manda?
Jello Biafra – Eu acho que é melhor do que não fazer nada. A ação nas ruas é uma
parte disso, mas a outra é tirar estes imbecis dos escritórios deles, que é uma
coisa que ainda podemos fazer. A maioria das pessoas não sabe que estes outros
candidatos existem, porque sua liberdade foi tirada pela censura da mídia. A
notícia é que o Ralph Nader, do Partido Verde, existe. Mas outra razão para
participar mesmo sendo pelas regras deles, é o princípio das artes marciais que
fala para usarmos a força de alguém contra eles. Talvez não vamos ter um bom
presidente, mas se as pessoas se fizerem ouvir, vão ter pessoas melhores nos
escritórios governando cidades, escolas, estados… Não é só o presidente.
A maior parte do dinheiro que é mandado do governo federal vai à instância local
para ser decidido como ele será gasto, se será gasto em casas para os necessitados
ou em um outro campo de golfe. Também é muito importante ver quem está mandando…

Entrevista completa e bem interessante com Jello Biafra: http://www.portalrockpress.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=381

Após a introdução do “ataque oculto” juntamente com as ações diretas, aos poucos destruiríamos essas metodologias de sistemas competitivos e injustos chamados capitalismo e política, abolindo-os e os extinguindo definitivamente. Obviamente que isso não é tão simples assim, se leva muito tempo até que as pessoas obtenham o conhecimento suficiente para não cair nas armadilhas do sistema, pois durante o percurso muitos “guerreiros” poderão cair e sucumbir diante da ganância, poder, status social e do bem material. Mesmo assim é necessário que iniciemos uma movimentação articulada, seja individual ou coletiva para cavarmos a cova do monstro da contemporaneidade.
Com isso amigos leitores, deixo minha forma de pensar e atuar exposta a vocês como ser social, porém é sempre bom existir pensamentos contrários e divergentes para estarmos em constante debate, construção e evolução de idéias que busquem o melhor possível para nós seres humanos e toda vida existente na terra. Ativismo é luta e resistência. Agimos rápido ou será tarde demais. A máscara social é uma das ferramentas a se explorar com mais força, dessa forma podemos destruir currais eleitorais, forças políticas oligárquicas, valores elitistas e qualquer muro que colocarem em nossa frente, sejamos um “cavalo de tria” para eles.

 

 

Esboçado por: Márcio “Pigmeu”

Quem é Jello Biafra? >>> http://pt.wikipedia.org/wiki/Jello_Biafra

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Cremo
Sejam bem-vindos ao meu mundo onde a música é pesada, a arte visual é uma paixão e a tecnologia é uma busca incessante pela excelência. Sou um aficionado por Death, Thrash, Grind, Hardcore e Punk Rock, trilhando os ritmos intensos enquanto mergulho no universo da fotografia. Mas minha jornada não para por aí; como programador e analista de segurança cibernética, navego pelas correntes digitais, sempre sedento por conhecimento e habilidades aprimoradas em um campo em constante mutação. Fora do reino virtual, vibro intensamente com as cores do Boca Juniors, e meu tempo livre é uma mistura de leitura voraz, exploração de novos lugares e uma pitada de humor. Seja nas areias da praia, nas trilhas das montanhas, acampando sob as estrelas ou viajando para terras desconhecidas, estou sempre pronto para a próxima aventura. E claro, não há nada que eu ame mais do que arrancar um sorriso do rosto das pessoas com minhas piadas e brincadeiras. Junte-se a mim nesta jornada onde a música, a tecnologia, o esporte e o entretenimento se entrelaçam em uma sinfonia de diversão e descobertas. E lembrem-se: Hail Odin e um firme 'foda-se' ao fascismo e ao nazismo!