Chakal é mais uma das bandas do cenário mineiro que ‘nasceu’ no início de 1985, com Wiz na bateria, Mark na bateria, Destroyer no baixo e Sgoto no vocal. Fizeram sua primeira apresentação no Festival Metal BH juntamente com as bandas Sarcófago, Sepultura, Sagrado Inferno, Armageddon e Minotauro (SP). Logo fecharam contrato com a Cogumelo Records e saíram em turnê, já com Korg nos vocais, dividindo o palco com Sodom, Nuclear Assault, Kreator e Slayer.
Hoje a banda é formada por Wiz na bateria, Mark e Andrevil nas guitarras, Giuliano no baixo e Korg nos vocais.
Pra saber um pouco mais sobre o Chakal, bati um papo com Guilherme (Wiz), baterista que está desde o início. Dany Lynn:
Bom você prefere que eu te chame de Guilherme ou Wiz?

Wiz:
Tanto faz. Pode me chamar de qualquer coisa não sendo ofensivo.

Dany Lynn:
Rs….Lógico que não serei ofensiva. Bom, eu queria que você primeiramente me contasse como surgiu a banda. De quem foi a idéia?

Wiz:
Eu e o Mark (guitarrista) somos os fundadores. A gente já era de uma banda, chamava seita metálica, mas que só ensaiava e não tinha nenhuma proposta, era só tocar mesmo.
Mas o nome e a banda era de um outro guitarrista e ele saiu e resolvemos montar outra banda. Aí chamamos o Sérgio pro baixo (ele participou da Warfare Noise) e o Sgoto para o vocal. Daí ficamos escolhendo um nome. Até que um colega deu o nome de Chakal, por causa das revistas do Conan.

Dany Lynn:
Legal, já ia perguntar se tinha algo relacionado…

Wiz:
Sim, era que tudo que o Conan falava era seus Chakais.

Dany Lynn:
A gravação da coletânea Warfare Noise, em 1986, já contava com o Korg nos vocais. E a saída do Sgoto foi algo pessoal, dele mesmo, ou foi por problemas entre integrantes?

Wiz:
Ele era muito inconstante, já foi hippie metal, punk etc. Ele saiu para ser punk.

Dany Lynn:
Desde o Warfare que vocês estão com a Cogumelo Records. Como rolou esse contrato?

Wiz:
A Cogumelo nos propôs gravar uma demo para eles conhecerem a banda e depois gostaram e nos chamaram pra gravar a Warfare Noise, junto com Sarcófago, Mutilator e Holocausto.

Dany Lynn:
Depois dessa coletânea veio em 87 o Abominable Anno Domini, chamado de ADD, considerado pelos fãs O ÁLBUM.

Wiz:
É, o Warfare Noise serviu para a Cogumelo sacar se as bandas tinham cacife para gravar um Lp cada uma. E cada banda lançou seu 1º Lp na mesma época. O Abominable na época foi considerado o melhor entre os 4. A gente acabou saindo na mesma época que Ratos de Porão, Sepultura, Schizoprenia. Mas na época estávamos tipo pau a pau.
Esse álbum tem umas curiosidades, primeiro porque tivemos que cortar uma música e a escolhida foi Cursed Cross. Quando resolvemos tira-la nós vimos pelo pessoal que conhecia quais eram as musicas que o pessoal mais curtia e ela foi escolhida. E isso gerou uma briga na banda, pois eu achava uma musica foda, eu não queria que ela saísse e fiquei um mês com raiva. Outra é à proporção que a música Jason Lives tomou e tem até hoje. Quando lançamos o AAD nunca imaginávamos que ela ia ser sucesso. Você não saca a dimensão que é isso. Às vezes estou no centro de BH e ouço um grito “Jason Lives” e vou procurar quem é o doido, e ai vejo um ônibus passando com um metal fazendo símbolo do capeta e gritando pela janela, ou quando a gente entra no palco a 1ª coisa que ouço é a galera gritando “Jason”. Inclusive quando saiu esse álbum apareceram varias pichações na cidade escrito Jason Lives. Isso em 88 imagina que loucura.

Dany Lynn:
Não leve a mal minha pergunta, por favor, mas o que você acha que faltou, ou até passou, pra que o Chakal ganhasse ares maiores nessa época? Como bandas que estavam nesse páreo ganharam?

Wiz:
Tipo, pouco tempo depois o Korg saiu e as outras bandas acabaram lançando o 2 Lps antes da gente. Nós gravamos o Abominable em 87 e o segundo Lp em 90 com outro vocalista e tal. Nessa época ficar 3 anos sem lançar era muito tempo. Nesse espaço de tempo ficamos tentando achar vocalista, ate mulher a gente testou, o que era raro na época, tanto foi difícil que nem encontramos, acabamos usando o laranja que era baixista nos vocais

Dany Lynn:
Essa saída do Korg em pleno auge do ADD foi algo que ele resolveu de um dia pro outro, ou foi algo que a banda já sentia?

Wiz:
Não, ele resolveu. Vixi já tem tanto tempo que é até difícil lembrar o porque.

Dany Lynn:
Rs..Boa!
Guilherme, agora me diz uma coisa, de quem foi a idéia da capa que foi considerada a melhor capa de Ep de metal nacional, a do Living With the Pigs?

Wiz:
Do Vladmir (Korg). Na época ele tinha as umas idéias de capa, de letras, do nome, etc.
Ainda teve um detalhe q na época não foi possível fazer. Esse compacto iria sair colorido, como os compactos de historinhas da época, mas por problemas na fabrica acabou saindo preto mesmo.

Dany Lynn:
Putz, sério?
Já não consegui achá-lo como ele foi lançado, imagina ele assim?

Wiz:
Este compacto esgotou muito rápido, mas na época decidimos que teria uma edição limitada então mesmo vendendo todos e tendo procura ele só saiu mil copias, ao contrário do Abominable e dos outros Lps que tiveram mais prensagens, por isso ele é tão difícil de achá-lo.
E o legal é que na época ninguém tava lançado compacto, porque isso estava em desuso. Então quando inventamos isso foi ate difícil de fazer. Por isso não saiu colorido, a fabrica não fazia mais compactos e muito menos coloridos.
Eu ganhei um tem mais ou menos uns 3 anos, pois eu não tinha.

Dany Lynn:
Ah, para, você faz parte da banda. Rs…..

Wiz:
Sério, mas eu não tinha e só ele que eu tenho.

Dany Lynn:
O Living With the Pigs saiu em 88 e vocês retornaram em 90, particularmente o que você pensava nesses 2 anos, você achava que a banda poderia acabar??

Wiz:
Nunca pensei nisso. Na época eu e o Mark ficávamos compondo ensaiando e testando vocalistas. Mas em 95 a banda se reuniu e decidimos acabar mesmo. Daí aconteceu o lance do Deadland e voltamos.

Dany Lynn:
O Cd Deadland marcou a volta do Korg nos vocais, como foi essa volta?

Wiz:
Na verdade voltou foi o Chakal e não somente o Korg.
O que aconteceu foi que eu tava em uma banda que se chamava Vultur, e estávamos com problemas nos vocais, porque era o guitarrista que cantava, mas ele tava de saco cheio. Aí o Korg um dia apareceu e falou: “acaba com o Vultur e vamos fazer um projeto falando sobre mortos vivos, uma homenagem a George Romero e a trilogia dos mortos”. Nós curtimos a idéia e fizemos isso. Depois de tudo pronto não tínhamos um nome para o projeto e ficamos mais de mês tentando achar um nome. Daí a galera que ia nos ensaios sempre falavam: “porra isto tem muita coisa que lembra Chakal, por que vocês não colocam o nome de Chakal?”
Então liguei para os outros integrantes e perguntei se poderia usar o nome Chakal, e convidei o Mark pra gravar um solo, aí acabou por falta de opção voltando como Chakal.
Nesse Cd, o Mark só participa em uma musica como convidado, mas logo depois ele começou a tocar de novo com a gente. Só o 1º show que ele não participa todos os outros já é com ele em uma das guitarras.

Dany Lynn:
Bom, depois no fim de 2004 veio o Cd Demon King, que tem o primeiro cover da banda que é a música Evil Dead da banda Death.

Wiz:
Isso mesmo. O Demon saiu no finzinho do ano, em dezembro de 2004.

Dany Lynn:
Wiz é lógico que desde os anos 80 ate os tempos atuais muitas coisa mudaram, desde a formação até a sonoridade da banda, mas eu queria que você falasse o que você vê em todos esses anos de Chakal.

Wiz:
O que eu vejo em todos os anos de Chakal?
No Chakal é lógico que evoluímos musicalmente, mas as idéias elas existem desde o Abominable, ou seja, o AAD é um Lp que eu acho foda, mas ele é mal executado não só tecnicamente pelos músicos como pela equipe que o gravou. Na época não tínhamos idéias de como conseguir o som ideal de guitarra, bateria e etc. Tínhamos a idéia de como seria a musica, mas não de como fazer isso soar bem em um estúdio. Hoje em dia se regravássemos o AAD teríamos a vantagem de poder demorar um tempo maior e ter um domínio melhor, tanto da técnica musical como da técnica de gravação. Inclusive quando íamos gravar o Cd Demon King nós gravamos 3 musicas do ADD, mas nunca divulgamos.
As musicas ficaram com um som melhor, mas soam iguais as do Abominable na essência.
Isso gera vários problemas, pois as pessoas acham o AAD um marco, mas não percebem que a gente ao sair do estúdio sabíamos que poderia ter sido melhor. Esta é a diferença básica daquela época para hoje. Então quem acha que o Chakal mudou o som do ADD para cá está enganado, pois sempre tivemos solos grandes, teminhas nas musicas, partes rápidas, partes pesadas etc etc.

Dany Lynn:
E o que o Chakal pretende pra 2009?

Wiz:
Gostaríamos que o dólar fosse para 10 reais e aí podermos fazer shows aqui no Brasil.

Dany Lynn:
Isso é uma verdade mesmo, porque a quantidade de shows de gringos que ta rolando, não que isso seja ruim, mas acaba que as bandas brasileiras perdem um pouco com isso.

Wiz:
Então, nós tivemos vários shows cancelados este ano porque o camarada falava que não ia fazer mais porque ia ter banda estrangeira no mesmo mês ou na mesma semana, isso inclusive em lugares distantes tipo Belém, Manaus, etc. É lógico que eu adoro ver estas bandas aqui, mas isso com certeza acaba com as bandas daqui. O que acaba é sobrando para você abrir show de banda gringa e geralmente em situação adversa, porque uma coisa é tocar com Slayer e você ouvir todo mundo gritando “Chakal Chakal”, outra coisa e tocar com uma banda tipo menos e você ter que tocar com equipamento pior, sem iluminação, etc Mas, agora sério, para 2009…

Dany Lynn:
Por que, não era sério? Rs…

Wiz:
Rs…era, tanto que foi só o dólar aumentar um pouco que já temos varias propostas de shows. E o que queremos é isso, fazer muitos shows e vamos lançar nosso novo cd, já estamos com as musicas prontas, mas estamos esperando o estúdio do Andrevil, nosso outro guitarrista ficar pronto.

Dany Lynn:
Pra fechar nosso bate papo. O que você diria pra galera que ta começando agora?

Wiz:
Primeiro que não fiquem julgando as outras bandas só porque resolveu montar uma banda, tenha sua banda e se preocupe com isso.
2º leve a sério, mas não a ponto de infernizar a vida das outras pessoas.
3º (e acho que o mais importante), não se envergonhe do que faz. Eu não tenho vergonha de nada que fiz no metal.
4º vá em shows e pague para entrar, pois um dia alguém vai pagar para entrar no seu show
5º não toque de graça, se você não se respeita quem vai te respeitar.
6º Mas não precisa cobrar muito caro, só não toque sem ganhar nada.

Dany Lynn:
Guilherme, conhecido como Wiz, muito obrigada pelo nosso bate papo.

Wiz:
Por nada!
Espero que ano que vem role da gente ir tocar aí.

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Cremo
Sejam bem-vindos ao meu mundo onde a música é pesada, a arte visual é uma paixão e a tecnologia é uma busca incessante pela excelência. Sou um aficionado por Death, Thrash, Grind, Hardcore e Punk Rock, trilhando os ritmos intensos enquanto mergulho no universo da fotografia. Mas minha jornada não para por aí; como programador e analista de segurança cibernética, navego pelas correntes digitais, sempre sedento por conhecimento e habilidades aprimoradas em um campo em constante mutação. Fora do reino virtual, vibro intensamente com as cores do Boca Juniors, e meu tempo livre é uma mistura de leitura voraz, exploração de novos lugares e uma pitada de humor. Seja nas areias da praia, nas trilhas das montanhas, acampando sob as estrelas ou viajando para terras desconhecidas, estou sempre pronto para a próxima aventura. E claro, não há nada que eu ame mais do que arrancar um sorriso do rosto das pessoas com minhas piadas e brincadeiras. Junte-se a mim nesta jornada onde a música, a tecnologia, o esporte e o entretenimento se entrelaçam em uma sinfonia de diversão e descobertas. E lembrem-se: Hail Odin e um firme 'foda-se' ao fascismo e ao nazismo!