Entrevista realizada por email.
Perguntas Cremogema
Respostas: Daniel Bonfogo
1-Pelo que a história conta o Claustrofobia começou a ser formado na quarta série em Leme-SP, explique esse inicio da banda, como o metal e o hardcore entraram tão cedo nas vidas de vocês?
Resposta: Sim, conheci o Marcus um pouco antes dessa época, mas foi quando começamos a estudar juntos,
é que surgiu essa “brincadeira”, tínhamos 12 anos de idade. Particularmente comecei a ter curiosidade de ouvir metal
porque via as capas do Iron Maiden de um irmão mais velho de outro amigo. Foi tudo natural, ninguém nos forçou a nada,
e com isso já foram aparecendo outras bandas como Sepultura, Slayer, Metallica, Ratos de Porão, etc.
Também ouvíamos muitas bandas punk na época. Com o passar do tempo surgiu a vontade de tocar, o Marcus comprou uma guitarra
e ficávamos inventando umas músicas além de uns covers mais fáceis de executar. Eu tocava só uma caixa e um chimbal haha!
Quando o negócio começou a ficar mais sério é que “pulei” para o baixo. A banda teve outras formações, mas essa atual é desde 1996.
O primeiro registro foi em uma coletânea chamada “Falange Rock 3” em 1994, em que não participei, pois estava tocando com outros caras.
Voltei em 1995, juntamente com o baterista Ivan, que gravou a primeira demotape da banda nesse mesmo ano, a “Saint War”, com 4 músicas.
2-Como foi decidida a entrada do Caio na banda?
Resposta: Em 1995, o baterista Ivan, por causa de alguns problemas particulares teve que deixar a banda. E no interior,
em Leme onde morávamos na época, era difícil arrumar um batera. O Caio tocava baixo em uma banda punk/rock, o Nuclear,
mas sempre estava nos nossos ensaios, sempre brincava na bateria, ele tinha noção e ritmo, só faltava praticar mesmo.
O Marcus então resolveu fazer uns ensaios com ele, e se saiu muito bem. Não pensamos duas vezes, ele já conhecia bem a banda
e as nossas músicas, foi muito fácil o entrosamento, além de que éramos irmãos e amigos. A primeira apresentação foi na cidade de Americana
em 1996, foi uma estréia digna e selando a sua entrada na banda! Nessa mesma mudança, o Alexandre entrou na banda, pois o Marcus já tinha se
mudado para São Paulo com a família. Mas eu continuei mesmo morando em Leme. Só me mudei definitivo em 2003.
3-Em 98 foi o ano que a banda engrenou? O show com a Soulfly abriu portas para o Claustrofobia?
Resposta: A banda sempre foi uma coisa séria para todos nós, desde que começou essa paixão pela música e pelo metal. Não vou dizer que
engrenou, mas essa abertura para o Soulfly em 98 foi muito importante para sentirmos de verdade como era estar um palco com uma banda grande e todo
profissionalismo envolvido, e um grande público aguardando. Até então os shows eram em lugares menores e menos público. Não tínhamos nada gravado oficialmente
nessa época, somente as duas demotapes (Saint War – 95 e Manifestações – 96). Nosso primeiro álbum foi gravado nesse mesmo ano, mas
só foi lançado no ano 2000. E foi a partir desse show que muita gente começou a ouvir falar da banda, essa curiodade de ver “os moleques”
tocando, a gente não tinha nem 18 anos!
4-De onde surgiu a expressão metal maloka na banda?
Resposta: Surgiu na época que estávamos gravando o álbum Thrasher (2002) e foi idéia do Ciêro (Da tribo Estúdio – que produziu e gravou o CD).
E está mais ligada ao estilo da banda, na pegada brasileira de tocar metal, na concepção das músicas, que se diferencia das bandas gringas por exemplo.
É essa energia e a “malokeiragem” do nosso som de que estou falando, e não porque somos bandidos ou algo do tipo haha! Louco todo mundo é!
5-Claustrofobia, Thrasher, Fulminant e I See Red , do primeiro ao último, se você parar para analisar, onde você vê pontos de melhora/evolução/experiência de album para album?
Resposta: Na minha opinião, cada álbum foi um passo a frente, em termos de musicalidade, profissionalismo e dedicação.
Cada um deles tem sua história, seus desafios e sentimentos. Todos são importantes, sem exceção. Então, pela ordem se você ouvir,
saber a respeito dos acontecimentos da época e do trabalho, verá a constante evolução, que certamente terá também em todos os
álbuns que virão. As idéias, a evolução nunca para, sempre há aprendizado isso é fato, é isso que buscamos, como pessoas e músicos.
6-Dos shows fora do país o que mais te impressionou no publico gringo ?
Resposta: Na primeira tour em 2007, foram os públicos da Suiça e Polônia. Na Suíça eu particularmente não esperava aquela energia,
e na Polônia, por ser uma pais mais “pobre”, o público é bem parecido com o do Brasil, mas não tão animal haha! Na Bélgica também foi bem legal, e o povo é muito acolhedor.
Na segunda, em 2009, um dos melhores foi na Lituânia, numa quarta-feira chuvosa, foi demais! Os shows na Letônia também foram bons, assim como na Bulgária.
Mas em geral, cada país tem sua característica e cada show é único. Se tem dez pessoas, ou mil, nosso show é o mesmo!
7- Quando surgiu o Claustrofobia você imaginava que a banda seria uma referência do metal nacional? A valorização das bandas está como deveria ser?
Resposta: Claro, quando você tem um objetivo, a sua meta é alcançá-lo. E se somos uma referência atualmente, é resultado da nossa luta diária
em prol da banda. Não estamos nessa por brincadeira, nem por dinheiro. Se fosse por isso eu já teria parado de tocar há muito tempo e feito uma faculdade para
garantir meu futuro haha! Claro que dinheiro é importante, seria um hipócrita se eu falasse que não, mas não vivemos só da banda ou de shows.
Temos que trabalhar fora isso para garantir nossa sobrevivência. Como o Metal não é tão valorizado no Brasil, fica difícil viver desse tipo de música.
A banda tem 16 anos, tudo isso não é a toa, ou mero hobbie. É história, é a nossa realidade.
8- Jogo rápido:
4 bandas nacionais:
Exitem várias e ótimas, mas citarei Sepultura, Ratos de Porão, Subtera e Torture Squad.
4 bandas internacionais:
Aí você me pega haha! Impossível dizer só 4 mas vamos lá: Iron Maiden, Slayer, Motorhead, Napalm Death.
1 cd:
Stormbringer – Deep Purple
Claustrofobia:
Minha vida.
Familia:
Sem ela, não teríamos chegado onde estamos.
Metal:
Estilo de vida.
Tempos livres:
Amigos.
1 show:
Iron Maiden – 2009.
Uma frase:
“It’s A Long Way To The Top (If You Wanna Rock ‘n’ Roll)” – AC/DC.
9- A banda sempre teve em suas composições letras sociais / politicas, transpirando revolta… assuntos que são muito discutidos no circutio metal / punk / hard core, porém como fazer isso chegar a massa controlada pela mídia?
Resposta: Sim, nossas letras geralmente abordam esses temas, ou sentimentos pessoais, coisas que não curtimos, injustiças, etc.
Mas não são somente letras negativas, sempre tentamos nos expressar de uma forma positiva, tentando abrir os olhos ou ” clarear” as idéias das pessoas.
Não podemos fazer com que o mundo inteiro ouça nossas idéias, mas saber que há muitas pessoas que se identificam, para nós isso basta.
O objetivo é sempre fazer com que nossa música chegue em todos os lugares possíveis.
10- Influências musicais/literarias?
Resposta: Cada integrante da banda tem influências diferentes dentro do metal e fora dele. Difícil citar todas. Vai desde o Rock´n´roll, passando pelo punk, hardcore, metal em geral,
até estilos como blues, rap, jazz, samba de verdade, etc, mas claro a música pesada corre nas veias. A banda é essa mistura e no final sai isso que vocês conhecem!
A maioria das músicas vêm dos riffs de guitarras do Marcus e do Alê, o Caio põe a batera na pegada e no estilo que só ele sabe,
não existe regras para compor, cada música tem sua identidade e sua influência.
11- A banda conta com parcerias no exterior para divulgação / revenda de material?
Resposta: Temos mais parcerias aqui do que fora do País. Lá fora somente o último álbum “I see Red” foi lançado pela Candlelight Records, uma gravadora inglesa.
Nossas parcerias aqui são: Consulado do Rock que faz todo nosso merchandise de camisetas, Importadora Pride Music (Jackson guitars), Salgueiro Instrumentos, Cast Guitars, Orion Cymbals,
Cases Capcase, Cabos Santo Ângelo, Baquetas Alba, Studio Kayowas, etc.
12- Tour europeia 2010, o que nos dizer sobre ela?
Resposta: Esse ano infelizmente não se concretizou outra tour, mas no ano que vem com certeza estatemos por lá. A expectativa é sempre boa,
sempre tentando crescer e cada uma ser melhor do que a outra.
13- Planos para o futuro?
Resposta: Ano que vem lançaremos um CD somente com letras em potuguês, especial para o Brasil. Já está quase finalizado e deve sair depois do carnaval se tudo
correr bem. Como todos sabem, todo álbum existe uma música na nossa língua, e a molecada curte demais! Aguardem porrada na orelha!
Mas o álbum em inglês também está em fase de composição, como sempre, isso não vai mudar. Essa idéia do Cd em português já existia há anos e só agora se concretizou.
14- Qual o ponto mais forte do “I See Red”? Onde a banda teve que suar mais a camisa pra que o cd fosse gravado o mais próximo do esperado?
Resposta: O ponto forte foi termos gravado com o Cristiano Schneider (Alemão) que é nosso técnico de som há uns 10 anos. Ele conhece a banda mais do que ninguém.
Foi muito fácil gravar com ele pela amizade também. Gravamos tudo em 13 dias e o resultado foi melhor do que o esperado. Saímos de uma gravação analógica (Fulminant – 2005)
para uma digital, deu outra cara e sonoridade para a banda, algo que precisávamos no momento.
15- A banda ja conta com 16 anos de estrada, a banda ja pensa em algum dvd pra contar sua hitoria?
Resposta: Cara, temos um acervo que dá pra fazer uns 10 DVD´s haha! Temos planos com certeza para o futuro, aguardem!
16- Onde encontrar/comprar material / do Claustrofobia? A banda tem canal proprio de venda?
Resposta: Temos nosso contato, que podem comprar diretamente conosco. O email é [email protected]
Temos cd´s, camisetas, adevisoc, patches, etc.
17- Mensagem para os fãs e contatos:
Gostaria de agradecê-lo pelo espaço e oportunidade! Agradecer à todos que nos seguem e nos inspiram a fazer um som cada vez melhor,
cada vez mais pesado e sem fronteiras. Sem os fãs, sem as pessoas que nos apoiam e nos ajudam, nada disso seria realidade.
Contato para shows:
[email protected]
Myspace: www.myspace.com/claustrofobia
Fotolog: www.fotolog.com/metalmaloka
Youtube: www.youtube.com/metalmaloka