Sobre a COFFIN TRIP:

Trazendo uma breve citação sobre a banda, de acordo com o seu release, começamos assim:
De Pelotas no Rio Grande do Sul, a banda realiza um som na pegada Doom Metal.
Formada em 2023, a banda possui influencias em Stoner, Sludge, Death e Black Metal.
Amigos de longa data, possuem um álbum e uma versão extrema de um clássico do The Cure.
Ironicamente, todos os membros estavam mais habituados a sonoridades velozes como do Thrash e Death Metal, Rock e Metal Progressivo e Punk; então o primeiro desafio foi compor em ritmos mais lentos.

Pelotas possui uma forte tradição do Doom e do Gótico em bandas icônicas como M-26 e Vetitum, e em conjunto com a atmosfera opressora de umidade, desigualdade e abandono de uma cidade outrora industrial, não foi difícil suscitar músicas com temáticas afins.

A expressão desesperadora de viver neste grande banhado soterrado pelo lamaçal do elitismo se transmite nos guturais e tons sombrios da voz, nos timbres distorcidos e melodias atonais e dissonantes das guitarras e do baixo.
O peso e lentidão são principalmente marcados por este último, que em conjunto com a percussão cadencia asfixiadamente a sonoridade pesada do conjunto.”

Sua temática aborda depressão, ultra romantismo e existência.
Agora que você conhece um pouco mais do trabalho da COFFIN TRIP, bora de resenha.
Onde vou esmiuçar o disco confome impressões e trazendo um pouco da experiência de ouvir este trabalho. “Pathless Endeavor” é com certeza um disco marcante para o trabalho. A banda possuia 6 músicas e por fim, se tornaram 8 canções autorais e este belíssimo disco que iremos falar sobre:

1 – Crushing Haze – 07:35 – Começa com um som da bateria, e em seguida vem a guitarra bem marcante acompanhado do baixo, até a entrada da voz – Um gutural visceral. Som bem puxado para o Doom Death Metal. Apos uma mudança de tempo na música, a faixa vai desacelerando, ficando ainda mais densa e um solo de bateria é apresentado,
enquanto a guitarra finaliza o ato final. Já na primeira faixa ja vem a vontade de bangear e um belo solo. Olhando a letra dá a entender, que se trata da esmagadora
névoa da existência talvez.
Edit: Ao conversar com a banda, visto que tem relação com a paralisia do sono.*

2 – In This Forest – 11:46 – A mais longa do disco – inicia com ar de misterio e esta faixa tem por característica, um som mais arrastado em seu começo. Os vocais dão o tom da angustia. A letra é um grito de alguém que se sente sufocado, que tenta avançar
na floresta dos pensamentos, na floresta da própria existencia.
Gerando até um questionamento a si proprio se vai conseguir superar, os outros passam, por quê, não consegue fazer o mesmo.
Mas que as coisas não parecem fluir, mas em um impeto de fúria, o personagem é resiliente e mesmo que tudo tente o esmagar, ele irá resistir, mesmo que tenha que ser na fúria.
No meio da faixa há um soturno dedilhado, que é interrompido com um grito monstruoso e a cadencia toma conta. Uma faixa intensa, que toma outra forma e traz uma pegada Black Metal já mais próximo ao seu final, trazendo um rompante de fúria – Intenso e insano, que por fim, volta ao dedilhado.

3 – Gravebound – 06:52 – Já inicia com um baixo bem destacado, com bastante contratempo da bateria. (Influência do som progressivo).
E ao decorrer da música, vai tomando forma e desagua em um som bem intenso e com os vocal ainda mais potente, apresentando variações.
Nesta faixa, há um belíssimo solo de guitarra, que dá a atmosfera sombria da faixa.
Este som parece uma trilha para um pesadelo infernal e transmite bem a sensação de estar preso em um tumulo de agonia.
Ao final escutam-se vozes sombrias, como se estivesse em uma morbida procissão ou em purgatorio / no limbo.
Sobre a letra parece até de certa forma, uma continuação da “In This Forest”.
A letra fala sobre alguém que não quer aceitar o seu fim, em sua cama de terra, tenta resistir, mas é inevitável o fim. A cama de terra é o seu túmulo, o jazigo do eterno descanso, a morte.

4 – Desiccated Husk – 08:53 – Outra faixa que dá continuação a anterior, as guitarras chamam a faixa, que vem bem arrastada e os vocais vem ainda mais cavernoso, som sinistro – Ja bangeando nesta parte – Faixa pesada e que transmite o sentimento da letra.
Em determinada parte, podemos ouvir uma voz limpa, marcante e soturna, a sua risada maligna causa arrepios.
Voltam os guturais e um solo puxa em determinado momento, um som um pouco mais rápido, dando uma quebrada na cadencia. Percebe-se uma nitida influencia de My Dying Bride, som com pegada e os vocais mesclando gutural e voz limpa trazem uma excelente combinação. Esta letra, dá a entender que a personagem já partiu e so ficou a casca, meio que ainda em processo de negação da morte.

5 – Die Low – 05:40 – Talvez a faixa menos arrastada, mais puxada ao Death Metal.
Ha o acrescimo de um cowbell, que fica bem marcante em um determinado periodo na faixa.
Em determinado momento as guitarras brilham juntas, em uma intensa sincronia.
Esta letra é furia total, uma bela descascada de alguém que parece estar de saco cheio, apos anos aguentando alguém que se recusa a crescer.
Talvez esta letra fale sobre assassinato. Faixa pesada, porém não traz aquela
nevoa soturna das faixas anteriores, acredito que algo mais pensado em trazer uma certa revolta e/ou furia.
Edit: 2 (Trocando ideia com a banda, a música tem cunho pessoal e é um desabafo sobre questões relacionadas ao som extremo e deixa um recado sobre movimentos de extrema- direita (fãs do bigodinho e afins) e funcionou demasiadamente bem pois a fúria explode no som e reflete na letra).

6 – The Carrion of our Failures – 01:53 – A mais curta do disco, não possui letra e traz um belo dedilhado de violão,
acompanhado de um trompete, como em uma marcha funebre, que meio que já da o tom de despedida do album.
Uma bela e triste melodia.

7 – Selenic Sun – 07:39 – Com certeza uma das faixas com un dos começos mais pesados. O grito de “I REEK OF HER AMBER FLESH”, o primeiro refrão já dá o tom que esta é com certeza uma faixa ainda mais visceral, com certeza uma das mais pesadas do disco.
Guitarras soam altas e dilacerantes, acompanhada pelos vocais berrados.
Bateria em um compasso de carnificina, amarrado com linhas de baixo e guitarra que conduzem o seu caos. Um belo encerramento do disco. Um som cru e potente.
Esta sonoridade pode agradar em muito, até o fã mais fraco do Cannibal Corpse.
Essa faixa destroi, que sonzeira caótica. Com certeza uma das minhas preferidas.
A letra é uma elegia, mistura paixão e uma certa devoção, não amor.
Mas algo que parece que foi bom enquanto durou, mas a morte separou, como se fosse o seu sol e sua lua, uma guia.
A personagem parece se envolver em momentos de conjunção carnal enquanto devora os restos, para suprir todos os seus sentimentos.

8 – Bonus TrackSelenic Sun (Romantic Version) – 07:40 – Romantica apenas no nome, pois é uma faixa pesadíssima. O destaque é novamente os vocais limpos e sinistros em contraste com os guturais potentes e assombrosos.
Uma faixa com a sua personalidade própria. Riffs sinistros e com constancia, a bateria tem o seu destaque especial. Faixa esta que foi um belíssimo bônus, encerrando de forma belíssima, a saga de “Pathless Endeavor”. Dando a oportunidade mais
uma vez de se despedir do disco – O que chamo de despedida com dignidade (risos).
Sobre a letra, nao percebi alterações, então o que foi dito sobre na faixa anterior se mantem também nesta. O refrão “Selenic Sun” em combinação com as palhetadas rapidas da guitarra trouxeram o teor ainda mais sinistro da faixa.

De forma geral, é um disco incrível! A COFFIN TRIP traz muito peso, personalidade e este seu álbum de estreia é sem duvidas, uma estréia com força total e chega com os dois pés no ouvido. Demonstrando que além de músicos profissionais, tem em sua música
a sua assinatura e autenticidade. Um disco que todo e qualquer fã de Doom e de música extrema precisa ouvir ao menos uma vez e tirar suas conclusões.
Os músicos possuem jornada em outros estilos, e se reuniram para fazer algo desafiador.
Acredito que isto, de forma geral só agregou a sua música e trouxe ainda mais verdade no som.
“Desacelerar” e fazer um som tão minucioso e cheio de detalhes, não é tarefa simples para quem quer se arriscar, é tarefa para quem sabe e a COFFIN TRIP sabe o que está fazendo. Uma baita banda e um baita disco, os ares gelidos de Pelotas ajudaram a conceber um belo
trabalho – Soturno e pesado, obscuro pela própria natureza.
É um disco que recomendo a audição inteira e sem pular nenhuma faixa.
Quanto mais voce ouve, melhor fica! Espero que em breve a banda possa lançar este disco na versão fisica.

Recomendação: Ouça mesmo, preste atenção nos detalhes. É um disco para apreciar e degustar sem distrações!

Observação: Ao ouvir pelo Bandcamp, ao clicar em cada uma das faixas é possível durante a audição realizar a leitura das letras. Para ver uma por uma, clique no nome do álbum, que ele volta para o tracklist. No Youtube, o álbum esta completo e a cada faixa consta o nome do autor/autores de cada música.

Na formação:
Douglas Bierhalz – @dbierhalz Bateria
Luca Igansi – @lucaigansi Vocal/Guitarra
Mou Machado @moumachado Guitarra
Marcelo Rubira – @rubira_gordao – Baixo

No disco há participação de Aroldo Garcia nos backing vocals (Dissonanz Metal Shop).

Para audição, o disco está disponivel no Bandcamp e Youtube, conforme links abaixo:
https://coffintrip.bandcamp.com/album/pathless-endeavor
https://youtu.be/nYMuBvejxPc?si=GAFhN53cGwTQ3v51

Plataformas/redes que a banda esta presente:
https://www.instagram.com/coffin.trip/
https://www.metal-archives.com/bands/Coffin_Trip/3540562182
https://music.apple.com/br/artist/coffin-trip/1808069184
https://www.metal-archives.com/albums/Coffin_Trip/Pathless_Endeavor/1329493
https://coffintrip.bandcamp.com/album/pathless-endeavor
linktr.ee/coffintrip
https://open.spotify.com/intl-pt/artist/5QahJnCYX3UDKa2EDrJtXA
https://music.apple.com/br/album/pathless-endeavor/1808980316

NOTA: 10/10.

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