A banda finlandesa de Melodic Death Metal Hagalas, formada em 2016 e consolidada em 2021, acaba de lançar seu mais novo álbum intitulado Mentes Reae.

Conhecida pela intensidade de suas composições e profundidade nas letras, a banda de Jyväskylä, terra fértil para o black e death metal melódico, apresenta um trabalho marcante, lançado oficialmente no dia 25 de setembro pela Inverse Records. Para os fãs de formatos físicos, o álbum esteve disponível desde 31 de maio.

Após dois anos de dedicação intensa em estúdio, os integrantes do Hagalas, juntamente com o engenheiro de som Samuli Raappana e o renomado Tony Lindgren (Fascination Street Studios), entregaram uma obra que vai além das expectativas.

Mentes Reae é composto por nove faixas que somam 39 minutos e 11 segundos, abordando temas profundos e contemporâneos relacionados à saúde mental, hedonismo das redes sociais, violência e a busca por sentido em meio ao caos.

O que diz a banda

“Acreditamos que os álbuns são mais agradáveis de ouvir — e tradicionalmente têm sido ouvidos — como obras completas. Nestes tempos de playlists e a era de ouro de músicas individuais, entender a composição de um álbum na forma de canções lançadas esporadicamente é praticamente impossível. Por isso, queremos oferecer aos fãs e entusiastas a oportunidade de mergulhar em um álbum completo à moda antiga, enquanto o lançamento digital seguirá de maneira mais moderna, com singles no outono.”

Análise faixa a faixa

  1. Mens Rea (2:52): O álbum começa com uma faixa instrumental que é ao mesmo tempo introspectiva e envolvente. Suas melodias imersivas levam o ouvinte a uma viagem introspectiva, preparando o terreno para a intensidade que está por vir. Uma abertura que cativa e convida ao mergulho no universo da banda.
  2. Meta Self (4:26): Intensa desde os primeiros segundos, esta faixa logo contrasta com um refrão melódico que revela as qualidades marcantes das guitarras. Esse equilíbrio entre agressividade e melodia é irresistível e perfeito para “bater cabeça”. A música aborda o hedonismo e a obsessão pela validação nas redes sociais, criticando o egocentrismo da era digital.
  3. Hope Is A Lie (4:37): Combinando peso e melodia, esta faixa apresenta começa a apresentar muitos elementos de metal moderno, indo para o core, mantendo também uma base forte de death melódico. As estrofes são intensas, enquanto o refrão traz uma melancolia inversamente cativante, se assim posso dizer. Liricamente, a música reflete sobre a miséria da existência, o destino imutável e a luta fútil contra as adversidades.
  4. Succession (4:30): Abrindo de forma agressiva e veloz, a faixa alterna entre momentos pesados e refrões melódicos. Na metade, a música adota uma abordagem mais sentimental, desacelerando antes de retomar sua intensidade. Essa variação é uma das forças da música, que narra até onde alguém é capaz de ir para alcançar seus objetivos.
  5. Remembrance Fades (4:13): Misturando e intensificando ainda mais elementos de core, esta faixa oferece um dinamismo contagiante. Mantendo a energia do álbum, a música aborda a reflexão sobre a vida no momento final de uma pessoa, revelando o significado profundo em meio ao caos aparente.
  6. Insanity Hubris (4:29): Mais contida que as faixas anteriores, mas ainda impactante, combina peso e melodia de forma equilibrada. O refrão é forte e memorável, talvez o mais melódico do álbum. A música explora a linha tênue entre a insanidade e a violência, trazendo uma carga emocional profunda.
  7. Domesticated Violence (4:16): Abordando a violência doméstica e seus traumas, esta faixa impressiona com seu peso instrumental. A música é uma montanha-russa de emoções, alternando entre momentos pesados e cadenciados. O refrão é cativante e reforça o impacto do tema abordado.
  8. Derelict (3:57): Com guitarras ferozes e vocais intensos, esta faixa evoca uma vibe muito moderna, talvez indo ao deathcore. A mistura entre o peso do black metal e nuances mais contemporâneas cria uma experiência surpreendente. Liricamente, trata do confronto com a realidade e a tentação de negá-la.
  9. Reprisal Scars (5:47): Encerrando o álbum de forma magistral, esta música aborda temas de dor emocional, solidão e vingança. A narrativa profunda e sombria, inspirada em lutas mentais e traumas, é traduzida em instrumentais intensos que amplificam o impacto emocional. Ela te leva perfeitamente ao sentimento que se propõe, e o álbum fecha com chave de ouro!

Considerações finais:

Mentes Reae apresenta um death metal melódico que rompe com o convencional, incorporando pegadas mais atuais a cada faixa, fazendo até um pouco você se esquecer que se trata somente do Black Metal, indo para outras vertentes, como o Death Core e Metal Moderno. Essa mistura traz frescor e evita qualquer sensação de repetição ao longo do álbum, e torna o álbum acessível a diferentes públicos, incluindo aqueles que não são fãs declarados de black metal, mas apreciam variações contemporâneas e criativas do estilo.

Além disso, as composições são cuidadosamente elaboradas, com arranjos que prendem a atenção do ouvinte do início ao fim. A obra é sólida e oferece uma experiência de alta qualidade. Os vocais se destacam por sua versatilidade, garantindo fluidez às músicas e transmitindo uma ampla gama de emoções. É possível sentir intensamente as mensagens propostas pelo álbum, o que se torna um de seus pontos mais fortes.

A capa do álbum também merece destaque, pois eu simplesmente adorei o conceito, a composição dos elementos. Com um fundo vermelho vibrante, apresenta um corvo, uma mulher representada em um estilo que mescla colagem e pintura, a tinta escorrendo talvez como sangue… visualmente é instigante e enigmática, e quanto mais você olha para ela, mais detalhes vocês consegue enxergar.

Mentes Reae é, sem dúvida, uma obra fora da caixa que leva o estilo a novos patamares, equilibrando peso, melodia e modernidade.

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