O disforme define sua música como caótica, política e sem frescuras Quais influências sonoras, literárias , e etc … que a banda tem para realizar este tipo de som?
Bom, primeiramente valeu pela entrevista cara. A Disforme é uma banda de hardcore “reto” com diversas influências. Somos quatro pessoas totalmente diferentes e ouvimos muita coisa como thrash metal, crust, oi!, straight edge hardcore entre inúmeros gêneros musicais. Quanto as influências literárias, vai de Fernando pessoa a Friedrich Nietzsche passando por Franz Kafka eBhaktivedanta Swami Srila Prabhupada.
Quando se diz totalmente libertária, como se coloca isso em ação em mundo cercado pelo capitalismo?
Totalmente libertária para nós soa como algo bastante abrangente. Partindo dos próprios preconceitos e certas “regras” que muitas vezes nos deparamos dentro do cenário hardcore/punk. O termo é usado para nos classificar como uma banda “liberta” de rotulações. Com relação a estarmos cercados pelo capitalismo, bom, todos estamos no fim das contas, ninguém consegue viver como nômades pré-históricos. Buscamos passar em nossas músicas as conseqüências maléficas que esse sistema nos força a seguir.
A música underground geralmente chega a pessoas que já tem conhecimento de assuntos dos quais a maioria das bandas já expressam, como fazer para este som destruir barreiras e chegar ate a massa? Como fazer esta mensagem chegar as pessoas controladas pela mídia?
Bacana a pergunta. Uma vez estávamos discutindo sobre isso. É muito fácil falar de temas libertários para pessoas do meio, é muito simples falar sobre libertação animal e homofobia dentro do cenário hardcore/punk. Num país como o Brasil, infelizmente as pessoas não se interessam muito pelo que é diferente e marginal. Mas sempre que temos oportunidade tentamos divulgar nosso trabalho fora do meio, cada um de nós tem sua forma individual para isso, através de zines impressos (é o caso do Negrete), ou no boca a boca mesmo.
Qual a participação do (TBNTB) na gravação, produção , lançamento e divulgação do cd “Mais um número”? Dê-nos detalhes de todas estas fases, das dificuldades enfrentadas e claro do resultado final ….
Foi fundamental pro disco sair a ajuda do “Segundo” (TBNTB) de Goiânia, sem ele certamente não rolaria o disco “Mais Um Número”. O processo de gravação demorou bastante, quase 1 ano, o Segundo se interessou pelo som e nos lançou assim que terminamos a produção dos sons, dificuldades sempre tivemos, desde que o Negrete entrou pra banda e assim nos firmamos, temos os mesmo problemas que qualquer banda independente tem, falta de apoio, falta de espaço pra mostrar o trabalho etc.
A música “Minha filha” fala do preconceito contra roqueiros, de onde surgiu a inspiração para esta letra?
(risos…) Essa letra foi feita por uma mina da periferia de Brasília, alguns conhecidos já sofreram esse tipo de preconceito por ser “diferente” do padrão que todos os pais desejam que seus e suas filh@s namorem. Confessamos que essa música a gente nem curte muito tocar, mas é real a letra, verídica! hahaha
Como vem sendo recebidas as criticas sobre o cd? E como esta sendo o trabalho de venda e divulgação deste material?
Muita gente gostou, mas ouvimos algumas críticas bastante construtivas, com relação a cadência das músicas que ficaram bastante variadas, podemos encontrar pegadas crust em alguns momentos e em outros nítidas influências de thrash e fastcore, para alguns ficou meio “farofada” (risos). Esse CD pra nós foi marcante, o 1º prensado de nossa vidas, com selo de apoio e tudo mais. Saíram 2.000 cópias que foram divididas entre a banda e o selo, quem vende os CD’s em Brasília é o Negrete. As pessoas podem pedir o CD por e-mail que enviamos pelo correio.
Responda rápido:
4 bandas nacionais: Cólera, Nuclear Frost, Lobotomia, Warnoise
4 bandas internacionais: Puke, Defiance, Battery, Disrupt
1 cd: ”More Victims of War’’ do Besthöven
1 livro: “O Veredicto”, Franz Kafka
1 frase: Quando amamos, sempre, no início, enganamos a nós mesmos e, no fim, terminamos por enganar os outros. É isto que o mundo chama de romance.
Nos tempos livres: Trabalhamos, estudamos, namoramos, tocamos (em outras bandas), fazemos zines, freqüentamos gigs, participamos de coletivos (mais o Negrete)…
A banda é claramente respeita pelo movimento punk e straight edge, claro levando em conta pelo resultado de seu sério trabalho. Como vocês vêem estas vertentes hoje? O que elas significam para vocês?
Na verdade não sabemos muito bem como lidar com isso. O único straight edge na banda é o Negrete, e por isso não sabemos se a cena straight edge gosta ou não do nosso som. Sabemos que aqui em Brasília a maioria dos straight edges não se identificam muito com o lado punk do hardcore o qual a Disforme se encaixa. O Negrete é uma das únicas pessoas em Brasília que tenta buscar esse lance de união entre straight edges e punks, e muitas vezes, paga caro por isso com tretas e coisas desagradáveis. O Disforme é uma banda que não foca um público específico, o som da banda é pra todos, independente se bebem ou não, se fumam ou não, se são punks ou não.
Brasília já foi considerada um seleiro do rock, mas hoje , como anda a estrutura , a situação para as bandas underground / independentes? E para o Disforme esta boa?
Sem querer ser regionalista mas já sendo, Brasília sempre teve uma grande tradição em bandas no circuito underground. Hoje a cena é bastante forte, do metal ao punk há uma união jamais vista antes, não temos do que reclamar. Ano passado tocamos no evento underground mais tradicional da cidade chamado Caga Sangue Thrash, onde são reunidas geralmente bandas punks, hardcore e metal. Sem tretas, sem verdades absolutas e sem deuses!
Täinärä, a presença feminina no hardcore / punk / metal / vem crescendo bastante, e junto com este crescimento tem se notado de forma simplória o respeito por tal presença, em que por várias vezes é possível ver as mulheres serem tratadas como objetos ou simplesmente o devido respeito em suas palavras …. Qual a sua opinião e posição sobre este assunto?
Aqui na cidade as mulheres na cena não são simplesmente as “namoradinhas dos caras das bandas”, são mulheres de atitude e autonomia. Acho que a força feminina no hardcore é de extrema importância pra cena como um todo. Já se foi dito em tempos remotos que a agressividade do hardcore não tinha nada a ver com garotas, mas hoje os tempos são outros e compartilhamos na mesma agressividade que os garotos, estamos firmes na cena! Mulheres como a Valéria (The Insült), Adriana (Terror Revolucionário) e Amändix (Murro no Olho) além de serem grandes amigas são garotas que estão aí representando a força feminina.
Negrete, agora você esta em duas bandas, como conciliar o tempo entre as duas ?
A cara, eu sou um vagabundo desgraçado! Sempre se da um jeitinho.
Em que momento surgiu a idéia de criar o Disforme? E qual foi a inspiração para este nome?
Tainara foi a idealizadora e fundadora da banda em 2005, depois de convidar Petrônio, Marcelo e Danilo eles começaram a ensaiar e o nome foi baseado na idéia de fazer um hardcore sem forma, “tupá tunpã” sem classificação, daí veio o nome.
Alguma tour do cd em planos ?
Ano passado nós fomos pra SP e fizemos 2 shows que seria pra divulgar o CD, no momento não estamos com nada programado a não ser gravar algum material no fim de 2009.
Contatos da banda ?
MySpace: www.myspace.com/disformedf
Fotolog: www.fotolog.net/bandadisforme