1989, foi o primeiro ano em que me envolvi com as eleições , tirei meu título e pela primeira vez , e não só pra mim que estava completando 16 anos, mas para muitos adultos e velhos , que não tinham tido essa oportunidade antes negada por causa de anos de ditadura militar que o Brasil atravessou por praticamente 20 longos anos, porém para um garoto punk da periferia sul de São Paulo, anarquista daqueles insurgentes, era a minha chance de cravar um (A) na cédula e radicalmente mostrar minha vertente anti-tudo ( vale lembrar crianças que nessa época o voto era manual , escrito em uma cédula oficial ).
Era simpático aquele barbudo desleixado, operário do ABC que falava em romper com o FMI, com as relações com os EUA, fazer a reforma agrária entre outras coisas que se conciliavam com a maneira que eu pensava, da maneira que eu achava que deveria ser, porém nem tudo … ele ainda queria um Estado Forte, ele ainda queria um Partido entre outras coisas , porém , seus adversários para presidência eram ratos políticos como Fernando Collor ( que justamente foi eleito ) , Brizola , Paulo Maluf , Mario Covas … era uma escolha fácil , me abster deles e anular e me manter puro a minha ideologia. E segui assim nos últimos 33 anos , anarquista convicto , de que a luta era entre eles , pois o próprio operário que me era simpático a mais de três décadas , anos depois traiu até o mais ao centro da esquerda ( mais isso é uma outra história … ) me fazendo crer que a luta no campo representativo proporcional ou qualquer um que seja dentro do mundo neoliberal/capitalismo é fadado à troca de poderes entre eles,algumas vezes pendendo mais pra direita outras mais para a esquerda , porém sem se esparramar da bacia e se mantendo dentro do mesmo sistema.
Ok … porém eu ou milhares estarmos fora disso é válido e fez sentido até os anos de 2018, quando chega ao poder de maneira democrática , dentro do sistema representativo proporcional e utilizando da máquina , chegou , se manteve e alterou “coisas” para conseguir navegar , mesmo que muitas vezes em mares bravios , até o último ano de seu mandato, se valendo de comprar presidentes da câmara , do senado , e ajudado por um exército de políticos que inundaram a câmara e serviram de tripé do seu Bolsonarismo.
Assim como o povo alemão que teve sim ligação direta na ascensão e manutenção do Partido Nazista e seu líder como Chanceler e depois ditador soberano , a ascensão ao poder e permanência do atual presidente , que é o pior da nossa história democrática e não apenas no conceito político – administrativo, mas no campo humanista , social e no todo , pra ser sincero.
Beleza … mas agora o destino é foda e coloca o ex-operário em que eu nutro divergências ideológicas e políticas , desde anos atrás e que me recusei votar nele por anos , contra o mais fascista dos anti – povo – pobre – preto – mulher – nativo –lgbtqia+ – religiões diversas , que já esteve no poder , tenho que escolher um deles , ai fica fácil , como há trina e três anos atrás , pois dessa vez por mais que ele não tenha satisfeito a minha maneira de entender o mundo político/social , ele diminuiu a pobreza e a fome , equilibrou e conseguiu respeito internacional , fez o pobre , preto chegar à universidade , conseguiu minimamente dar condições humanas para uma parcela do povo que nenhum outro se importou muito , e entre migalhas matando a fome física e mental , e nada caindo a não ser ódio , separatismo , fanatismo e rapinagem do povo … ficou fácil de novo.
Mas que fique claro , após o ex – operário voltar do poder , seremos sim oposição do Estado , porém precisamos ser inteligentes e unidos , para não proporcionarmos novamente a volta da direita ou da extrema direita ao poder , e isso é um risco eminente , já para os próximos anos …
… a Itália é um exemplo fresquinho.
Pela primeira vez usarei o tal do voto útil , mas não fico feliz com isso.
Autor : Panda Reis