A banda que nasceu em 1990, originalmente conhecida como “Gangrena Gasosa” com o nome derivado de uma composição feita por um dos membros fundadores Cid Mesquitacom o estilo Saravá Metal que é uma fusão ousada do punk e do hardcore com uma atitude irreverente e crítica, o Welcome to tenda Espirita é uma banda deliciosamente rebelde contra as convenções musicais e sociais.
No entanto, o nome Gangrena Gasosa tornou-se alvo de disputas. Cid revela que, segundo o manual normativo do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), o nome não deveria ter sido registrado como marca.
Infelizmente, gente oportunista e sem escrúpulos usou e abusou da música e de uma obra pessoal minha, figurinos meus, etc. Somos a única banda que tem integrantes originais na formação,” desabafa.
Atualmente, a banda segue com o nome “Welcome to Tenda Espírita”, um título que consideram mais apropriado para seu trabalho atual.
A diversidade é uma marca registrada da banda, refletida em suas influências musicais. Essa mistura de estilos cria um som único, que é tanto um tributo quanto uma inovação. E com letras de tom satírico e controverso.
Welcome to Tenda Espírita não é apenas uma banda; é uma declaração de resistência e autenticidade. Em um cenário musical frequentemente dominado por convenções e normas, eles permanecem como um símbolo de rebeldia e criatividade intransigente.
“As letras da banda são conhecidas por seu tom satírico e controverso. A ideia é ser “ultrajante e ofensivo sem olhar a quem.” Essa abordagem não é apenas uma tática de choque; é uma declaração de independência e resistência. diz Cid.

Cultura em Peso: Como vocês descrevem o som da banda para alguém que nunca ouviu antes?

Welcome to tenda Espirita: Somos Arte Bruta, marginal. Criamos o Saravá Metal em 1990 com o nome Gangrena Gasosa, quando eu Tony Felipe compus a música Gangrena Gasosa. Entendo que o Saravá metal é uma música manifesto. Como seria o Manifesto antropofágico, só que com o “desfiltro” do punk e do Hardcore. Não somos emuladores da tropicália (que já tem quase 60 anos) embora haja menções a Heitor Villa-Lobos em Surf Iemanjá, por exemplo.

Gangrena Gasosa ou Welcome to tenda espírita?

Gangrena Gasosa é uma Música que compus. Pelo próprio manual normativo do INPI não deveria ser registrada como marca. Infelizmente, gente oportunista e sem escrúpulos usou e abusou da música que compus e de uma obra pessoal minha, figurinos meus, etc. Somos a única banda que tem integrantes originais na formação, ainda que não contemos com todos os integrantes. Mas gostamos de Welcome to Tenda Spírita. Ainda que nossa contestação ao registro do INPI siga em litígio e tenhamos interesse em relançar nosso material original com o nome da música que compus. Welcome é um nome mais adequado ao nosso trabalho no momento.

Quais as principais influências musicais da banda?

As mais variadas: um gosta de Sepultura e Slayer, Eu gosto de Blues, Rockabilly, Jazz, Música Latina, mas o grosso da banda é Punk Rock, Trash Metal, Hardcore.

Suas letras são conhecidas por serem satíricas e controversas, como vocês decidem sobre os temas e o tom das letras?

A Ideia é ser ultrajante e ofensivo sem olhar a quem. A gente adora hater. Foi assim que nossa carreira decolou em 1990, é assim que estamos voando. Ninguém que vive passando atestado de arrombado vão dizer o que nós, mestiços, negros, gays e trans, moradores do pior IDH da Cidade, devem fazer ou não. Não obedecemos ordens, não abaixamos a cabeça. Ainda mais para quem passa pano para assediador e ajudar a jogar o nome da banda no lixo.

A cena do underground brasileira é muito diversificada. Como vocês veem o papel da banda dentro da cena?

A gente superou o complexo de vira lata do rock brasileiro de fazer rock brasileiro.

Qual foi a reação do público no início da carreira de vocês? Conta um pouco da história da banda.

A primeira reação era chamar a gente de veado. Sabe como é o povo do metal, né? A gente sempre foi muito odiado por abraçar o absurdo. Mas f*da-se. Não existe pecado debaixo do trópico de capricórnio. Evangélicos podem chiar, gente “espiritualizada” pode chiar. A gente saiu na capa da folha universal acusando a gente de fazer sacrifícios humanos.

Como a banda evolui musicalmente e tematicamente desde a sua formação?

A gente não aponta uma direção. A gente não penda muito nisso. Até o terceiro disco tem músicas minhas. Mas não gravei. Gravei em Demos e gravei o primeiro álbum. Não sei se evoluiu. Realmente eu não entendi a Matrix da dupla Vlad/Chorão³ é o ponto alto da velha Gangrena. Esperamos fazer coisas legais, talvez até recomeçar.

Vocês têm alguma música que consideram especialmente significativa ou que represente significativamente a banda e por quê?

Sarava Metal e Centro do Pica Pau. Uma é a música manifesto que criou uma cena underground no Rio que era irrelevante antes e continua irrelevante salvo exceções nobres como o Katina Surf, Sex Noise, Tantão e os Fita, Zé Sem Nome, Setor Bronx, Seletores, Big Trep Ali Z, Sound System e qualquer banda que tenha os queridos Robson Riva na Batera e Sandra Nisseli no Baixo e Larry Antha nos Vocais ou qualquer coisa que o Vlad Rodriguez tenha produzido.

Quais as principais dificuldades mais comuns que vocês enfrentam ao serem uma banda de um gênero tão único?

Preconceito, discriminação, a gente arrombou a indústria, gravamos o primeiro disco em um selo que tinha distribuição da EMI (hoje os fonogramas pertencem à Sony) mas a própria gravadora não nos deu o tratamento adequado. Gravamos o primeiro disco com sobras de horários de estúdio, foi mixado por um técnico que fazia sertanejo. O Second Come gravou pelo mesmo selo e teve um tratamento bem melhor.

Como cada membro da banda contribui para o som e a identidade geral da banda?

É um coletivo. Nada é decidido por uma pessoa só. O que eu falo não é ouro, aqui cada um fala e tem peso igual.

Como lidar com as críticas e o preconceito quanto a música e a imagem da banda.

Pode xingar mais que a gente tá pouco se f***. Não chamam a melhor presidente que o Brasil teve no período da redemocratização de tudo? Me chamar de mentiroso, mercenário ou o c*** a quatro não vai me transformar no que não sou.

Qual é a mensagem ou objetivo que vocês querem transmitir que combate o preconceito e que mostre a identidade geral da banda.

A banda ao subir no palco com gente fora do “padrão rockstar” já é em si um ato político, compartilhar comida e bebida no show é um ato político, ter um preto e uma trans de frontpeople é um ato político, ter uma letra em Yorubá é um ato político. Nossas letras são agressivas e sarcásticas e a gente não deve nada a ninguém por isso. O mundo espanca a gente e a gente espanca de volta com uma barulheira infernal. É pós-moderno, é o abraço ao absurdo da vida na ZO e é pesado pra p**.

O próximo show da banda acontece no dia 28 de julho no Parayba Rock Fest Lona Hermeto Paschoal em Bangu no Rio de Janeiro e como sabemos o show da banda Welcome to tenda Espirita você sabe como começa, mas nunca como termina.

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