Entre ‘Mechanical Healing’ e ‘Blasphemus’ quais são as principais mudanças propostas pela banda?
R: Podemos dizer que na época do ‘Mechenical Healing’ ainda estávamos procurando nossa própria identidade, por isso quisemos nos ater ao mais básico no que diz respeito a death metal. Continuamos gostando muito do trabalho, mas ele agora tem um ar mais “primitivo” quando escutamos, é uma pegada mais crua e com menos experimentações.
Já no ‘Blasphemus’ quisemos sair um pouco da zona de conforto na composição, tanto que ali temos uma música bem longa, que usa muitos efeitos sonoros e tem um refrão que é misto de doom com death, além de passagens que são puro black metal. Foi uma evolução bem natural, podemos dizer, e nada deixa isso mais claro do que o terceiro trabalho, o recém-lançado ‘The Visiting’.
O que se propõem nas letras de ‘Blasphemus’?
R: Como responsável pelas letras da banda, eu (Gabriel) sempre tento fazer com que sejam relevantes, sejam para expressar minha visão de mundo particular ou para externar um sentimento da banda enquanto grupo. A música “Blasphemus” é uma alegoria que criamos para criticar a ganância, a sede de poder e a irresponsabilidade de quem já tem tal poder.
Traçamos um paralelo com um personagem histórico do Império Bizantino que, por volta do ano 400 D.C, passou a pregar a favor de uma vida desprovida de luxos e pregava contra os abusos cometidos por líderes políticos e religiosos. Esse personagem, João Crisóstomo, é quem está na capa do EP ‘Blasphemus’, e nem precisamos dizer que ele acabou acusado de crimes contra o Império, deposto do seu cargo e banido.
Como o grupo ve a repercussão do seu material que alcançou a marca dps 14 mil streams somente no Spotify, atingindo 18 países até o momento?
R: Nós estamos muito felizes com a boa aceitação dos trabalhos, tanto no que diz respeito a streaming quando a vendas físicas. Tanto o ‘Mechanical Healing’ quando o novo disco, ‘The Visiting’, atingiram a prateleira de mais vendidos da Die Hard Records, loja da nossa gravadora. Esses números são um bom indicativo de que estamos no caminho certo, mas temos toda a humildade em reconhecer que ainda temos muito a percorrer, é claro.
“The Lighthouse” teve um lyric vídeo lançado recentemente, este é o caminho mais indicado para as bandas se manterem ativas durante a pandemia?
R: Claro que só podemos falar por nós mesmos nesse caso, mas achamos que é um dos caminhos possíveis. Nós do Darchitect, particularmente, quisemos ocupar esse tempo difícil de pandemia com o lançamento de novos materiais, estejam eles em quais formatos forem. Como o show não é uma possibilidade, avaliamos que a melhor estratégia era trabalhar com várias mídias diferentes: apresentações no estilo “quarantine sessions”, com cada músico em sua casa/estúdio, e também lançamento de lyric videos, videoclipe e singles, além do disco em si.
O que a loja Die Hard representa para a banda, pois sempre estão entre os mais vendidos da loja.
R: A Die Hard foi muito importante para nós desde o primeiro momento, porque eles acreditaram na gente desde antes de o primeiro disco estar pronto. Quando levamos o trabalho, ainda sem masterizar, para o Fausto Mucin escutar, ele embarcou no projeto na hora, e nós nunca poderemos expressar nossa gratidão o suficiente.
Qual o conceito do disco “The Visiting” ?
R: ‘The Visiting’ é um disco conceitual sobre a fragilidade da vida, em termos simples. Usamos metáforas como os barcos, o vento e o mar para tentar ilustrar nosso entedimento artístico sobre a viagem aparentemente sem destino ou razão que é a existência.
Cada música do álbum é um pequeno passo dessa viagem: a chegada do mar (que representa o desconhecido) à terra, que é um lugar hostil, a constante fragilidade da existência, os questionamentos de porque estamos aqui e, por fim, o inevitável retorno ao mesmo desconhecido do qual viemos. Claro que seria muita arrogância impor essa visão em particular, mas é nossa interpretação, e convidamos a todos que escutarem ‘The Visiting’ a interpretarem como bem quiserem também – faz parte da graça de criar música.
São 12 faixas de muito death metal, hora old school hora mais pegado, com boas pitadas de cadência ate mesmo visitando o doom, qual o impacto que a banda espera do público ?
R: Nós já estamos muito contentes de termos lido críticas positivas e elogios tanto da imprensa quanto dos fãs, e é isso que nos motiva sempre a continuar trabalhando, estudando e evoluindo enquanto músicos.
Nós realmente quisemos ir além em ‘The Visiting’, tanto que inserimos coisas inéditas: vocais limpos, voz feminina, participações especiais de músicos convidados, teclado, harmonização de vozes, etc. Só podemos esperar que o público entenda essa tentativa de ampliação de horizontes e embarque com a gente na nova fase – tanto que entre o primeiro e o segundo CDs deixamos de ser um trio e viramos um quarteto, vale dizer também.
Jogo rápido:
4 bandas nacionais: Sepultura, Viper, Angra e Raul Seixas
4 bandas internacionais: Rush, AC/DC, Ghost e Black Sabbath
1 cd: ‘The Wall’ – Pink Floyd
1 livro: ‘O Nome da Rosa’ – Umberto Eco
Uma frase: “São apenas sombras de coisas que existiram” – Charles Dickens em ‘Um Conto de Natal’, sobre nossa relação com o passado.
Onde conhecer a banda? – Estamos em todas as plataformas de streaming (Deezer, Spotify, Apple Music, YouTube) e redes sociais (Facebook, Instagram, Twitter). Temos também nosso site oficial, www.darchitect.com.br. Quem quiser adquirir os produtos da banda pode falar diretamente conosco ou comprar pela Die Hard Records. Além disso, nossa assessoria de imprensa, a Roadie Metal, tem sempre informações atualizadas e novidades sobre o Darchitect.
Mensagem final: Um imenso obrigado a quem nos acompanha seja desde 2014, seja desde ontem. Quem tem banda no Brasil, especialmente de heavy metal, seja lá qual a vertente, sabe que a missão é difícil, mas tudo vale a pena quando sentimos que nossa música tocou o sentimento de alguém, representou algo a alguém ou simplesmente melhorou o dia de alguém. É isso que nos dá o ânimo de seguir em frente e querer sempre nos melhorar.