Entrevista com Os Brutus, surfpunk instrumental 🏄🏽🏄🏼‍♀️

1. Tudo certo, Juliano? Um prazer falar contigo. Para começar, conta como foi que você chegou na ideia de tocar surf music, sobretudo instrumental? Você já tocou no underground anteriormente, inclusive como vocalista, conta como foi essa virada de chave.

Dale, Igor e equipe do Cultura em Peso, valeu pelo convite. Sempre gostei de surf music. Meu projeto anterior à banda estava na área de produção audiovisual, onde produzi documentários e vídeos clipes. A banda começou no meio desse processo de vídeos em 2010. Nos anos 1990, me aventurei como vocalista, fiquei um tempão desencanado de ter banda e em 2010, com amigos e vizinhos, voltei a tocar e surgiu Os Brutus neste processo.

2. 

   Übersurf, álbum de estreia, é um baita de um clássico, conta como foi o processo de produção deste álbum, que moldou o que seria o tal do surfpunk.

“Foi uma produção simples. Entramos no estúdio com muita vontade de gravar e deu certo mais uma vez. Gravamos com o Rafael Crespo novamente, que também gravou o EP ‘Cidade Suja Desastrada’ e entendeu o som da banda. Essas músicas foram compostas nos primeiros anos de formação da banda. Nos dois primeiros anos, éramos um duo. Em 2013, gravamos 8 músicas. Duas estão disponíveis nos Arquivos de 2013, são elas: ‘Chutando Lixo’ e ‘Billy the Ghost’, que entrou na BR Tsunami. No final de 2013, nos tornamos um power trio. Refiz as outras que sobraram e gravamos o ‘Übersurf’. Como o punk sempre foi influência de todos que tocaram comigo na banda, acabou tendo esse timbre surf punk que gostamos muito.

3. Após Übersurf, o segundo material, Samoa, vem como um soco, deixando a banda mais ainda agressiva, mas os últimos materiais voltaram a focar mais nas melodias do que na agressividade das músicas, conta pra gente esse processo de transição.

Samoa tem essa carga agressiva por conta da formação da época, que influenciou nas composições. “Primitivo & Civilizado” também tem seu peso, como no tema “Homem Gigante”, e mantém a identidade do nosso som. Tem músicas mais melódicas, sim. Essa transição aconteceu quando estava compondo, mantendo a nossa influência surfera e permanecendo dentro do que já fazíamos. Esse álbum é o que mais gosto, justamente pela parte mais melódica.

4. Nos últimos meses tem sido bem agitado para Os Brutus, lançamento de split com Los Protones do Peru, e tour por lá, como tem sido?

Sim, lançamos o CD “Double Feature”, onde apresentamos seis músicas instrumentais inéditas de cada banda. Los Protones mostra criatividade transitando entre surf, psicodelia e garage, enquanto a nossa banda traz nosso surf punk Hi-Fi fritante. O show de lançamento foi em Lima (Peru), nossa primeira turnê lá, e foi

oi incrível. O CD saiu em edição limitada; metade da tiragem ficou em Lima. Os rolês em Lima foram demais, esperamos voltar em breve. Nossa parte, intitulada “Abaixo de 7 Palmos Não Há Reverb” do CD “Double Feature”, possui uma capa exclusiva produzida por Lucas Santana para a edição especial em compacto que será lançada em janeiro pelo selo Rock and Roll Radio da Argentina. São os 4 temas que mais gosto deste trabalho. Na verdade, gosto do álbum todo, hahaha, mas no compacto só cabem 4 temas. A tiragem é de 50 unidades e teremos apenas 20 disponíveis por aqui. O álbum, por enquanto, está disponível para audição no Bandcamp, sem previsão para as grandes plataformas digitais.

5. Recentemente vocês lançaram um material, Arquivos: 2013-2023, com uma espécie de balanço do que foi feito com banda, rolou show na Argentina, sul, nordeste, como tem sido a experiência na estrada, ao longo desses anos?

“Arquivos: 2013-2023” são temas que saíram em coletâneas e outros que não saíram lugar nenhum, um backup do que tínhamos e estava no HD em casa, a estrada e a gana por ela que mantem a banda na ativa, todo rolê fora de nossa cidade sempre é bom, novos amigos e novas aventuras, no dia que não puder pegar estrada a banda acaba. Alguns destes rolês estão registrados em vídeo, disponíveis no nosso canal do YouTube. Boa parte do que pude capturar de imagem da banda está no canal. Acredito que isso que move todos que tocam em uma banda, pegar estrada para divulgar seu som. Duas turnês na Argentina que tem vídeos e foram muito boas são de 2017 quando tocamos no aniversário de 20 anos do Salón Pueyrredón o CBGB Argentino, única banda de fora era Os Brutus, 2018 tocamos muitos dias e fora de Buenos Aires, Tandil e Olavarria e Zarate, a tour do Primitivo & Civilizado de 2022 foi logo quando houve a reabertura dos países por conta da Covid, foi doida porque tínhamos que ter toda a preocupação de não nos contaminar pra poder voltar, mas chegou um momento eu e o Batera desapegamos dos cuidados enquanto o baixista dormia de máscara com medo, pode ver todas as fotos e vídeos, não tem uma dele sem máscara e justo ele foi contaminado e ficou uma semana sozinho em Buenos Aires,  até dar negativo o exame de Covid para voltar ao Brasil. Hahahahaha!

6. Quais as bandas que moldaram o som dos Brutus? Aproveitando, quais as bandas nacionais que influenciam vocês?

Muitas bandas nos influenciaram, cada membro da banda traz sua bagagem e fica até impossível enquadrar todas bandas nisso, das bandas nacionais as de punk rock dos anos 80, tem grande participação na nossa adolescência, é bagagem natural da nossa cultura e citar algumas é pouco para analisar essa cena.

7. Pra fechar, quais são os planos para banda? O que vem de novidade por aí?

O Obrigado, Igor e equipe do Cultura em Peso, por nos proporcionar um espaço para falarmos um pouco sobre nossos álbuns e nossa trajetória. Estamos compondo um novo álbum e planejando uma nova turnê para 2024. Esses são os nossos planos: gravar, tocar e sair em turnê. Estamos estudando tudo isso, aguardando o compacto ficar pronto e chegar até nós. Um abraço surfista e até a próxima movida!

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Os Brutus é:

Pererê (guitarra)
Tubarão (bateria)
Fantasma (baixo)

@osbrutus_surf