ando começou seu contato com a música?
Essa pergunta é sempre difícil. Não lembro exatamente como comecei a ouvir música, pois me lembro a ouvir desde sempre. Mas lembro de viajar com meus pais e minha irmã a sons que meu pai curtia, em suas playlists sempre teve muito de Rock clássico, como Dire Straits, Creedence, Guns ‘N Roses e algo mais atual naquela época, como Charlie Brown Jr e Raimundos. Quando era bem moleque, meu pai me deu uma fita do mamonas e aquilo era algo muito valioso para mim, andava para cima e para baixo como se fosse um prêmio, era tão moleque que quando me explicaram sobre o acidente do avião deles, fiquei meio em choque, rs. Mais para frente, meu pai me apresentou Scorpions, foi de imediato, achava a banda irada e de certa forma me conquistou muito forte, de uma maneira que nunca mais saiu da minha cabeça. Seguindo um pouco, acompanhei a fase adolescente da minha irmã, que era bem diferente do seu gosto musical atual. Naquela época minha irmã ouvia muito Linkin Park e Blink 182, foi fatal, no começo me assustada com a forma como Linkin Park era pesado, caramba, eu morava numa cidade de interior com pouco mais de vinte mil habitantes, com trilha sonora no sertanejo, então Linkin park para mim foi uma salvação daquele mundo musical caipira. Hoje, o gosto é bem eclético dentro do Rock/Metal.
Quando você decidiu que hora a fazer parte do mundo da música?
Acho que não foi eu que decidi, brinco com amigos próximos que foi a música que me escolheu. Quando pequeno tinha algumas limitações, por conta da deficiência física, ou seja, era isolado do restante da molecada. Foi com sete anos que minha madrinha (in memoriam) me levou para a fanfarra de outra escola, ou seja, eu estudava em uma e tocava na fanfarra de outra, e tive uma história de mais de dez anos lá, pois entrei com 7 e sai com quase 19 anos de lá, passando por quase todos os instrumentos, nos últimos quatro anos, comandei as linhas de repiques e caixas. Foi quando surgiu um convite para aprender a tocar bateria e entrar numa banda, no começo foi difícil, não consegui aula por inúmeros motivos, então a maneira foi aprender em casa e nos shows que eu ia. Foi assim que aprendi a tocar os primeiros grooves e de lá pra cá, a música foi ficando mais intensa e presente na minha vida!
Você e um símbolo de vitória e exemplo a seguir, rompeu barreiras e mostrou que é possível. Quais foram as principais dificuldades no início para aprender bateria?
Símbolo de vitória somos todos, muitos estão tomados por doenças e nos deixando precocemente. As dificuldades foi aprender mesmo, sou canhoto de perna e tive que me adaptar a usar a perna direita, foi bem complicado a reaprender essa coordenação motora. Depois disoe vem que como citei, era de uma cidade pequena, nossa única oportunidade de shows era na festa da cidade, ou seja 1x por ano, e tínhamos que estar preparados para isso, rs.
Como foi seu primeiro show? Se lembra?
Lembro perfeitamente, nosso show foi de 80% autoral, três músicas minhas, uma do guitarra e um cover. Tinha um festival de dança na escola que eu tocava fanfarra e nos chamaram a tocar, tipo, dar início ao evento e foi muito bacana, pessoal não acreditava que eram músicas nossas, e ver meus pais na plateia quase tirou meu coração de dentro do corpo, parecia que ia voar pela boca, passei muito mal aquele dia por conta do nervosismo, mas deu tudo certo, até no fim do show uma moça me pediu minhas baquetas, me senti um Mike Portnoy, porém no outro dia descobri que ela queria para bater em outras garotas após o evento, hahahahaha que decepção. 😫
Qual o aprendizado que você tirou desse primeiro show ?
Aprendi muitas coisas, entre elas, não entregue baquetas a pessoas entranhas KKK. Falando sério, aprendi que a música toca as pessoas, com mais facilidade se for autoral, é a tua arte sendo demonstrada ao vivo e a cores. O primeiro passo estava dado, era hora de se preparar e correr atrás de novas oportunidades. Uma coisa que tinha que não tem mais, era a união das poucas bandas da cidade, coisa que não se vê muito hoje, nós sabíamos que já existia por causa da outra, e foi assim que todas encerraram, foi só a primeira encerrar as atividades que as outras se despediram logo em seguida. O lado bom é que tudo fica na memória, o lado ruim que hoje quando se fala em união ou dou soco em ponta de faca ou sou taxado como modinha ou sem noção. Triste ver que a galera não pensa em fortalecer juntos, é isso é necessário, foi o que aprendi com a primeira apresentação, e desde lá, ainda carrego comigo pequenos aprendizados!
– Esse assunto de união sempre é polêmico.
Quando você entrou no ramo das produções?
Eu sempre fui metido a fazer acontecer, minha família e alguns camaradas, dizem que tenho espírito de liderança em alguns assuntos. Meus primeiros eventos foram em conjunto com a Doctor Jimmy, quando fomos nos inscrever a tocar no encontro de motos em Imbituba e o pessoal nos convidou a conseguir as outras bandas e assim, fomos responsáveis a fazer um festival de dois dias no centro da cidade. A partir daí fizemos outros três tipos de eventos, em destaque os dois “Portinho Rock”, que era em um ponto turístico em Imbituba mesmo, e recentemente fiz meu primeiro evento fora de Imbituba (minha cidade atual) e investi na cidade de Tubarão, que sinceramente tivemos um retorno fantástico. E ainda virá mais!
Qual foi o maior desafio em produzir eventos?
O maior desafio acaba sendo a luta pra tirar o público de casa, pessoal gosta de ir para as redes sociais reclamar que não tem evento, mas quando tem, sempre bota defeito em algo e acaba não comparecendo, e isso é o que vem diminuindo os eventos no Brasil todo, essa incerteza dos produtores se vão poder investir ou não. No meu caso, estou longe de ser um produtor, me rótulo como um teimoso que ainda acredita no cenário musical, por isso, me cobro e não consigo ficar de braços cruzados vendo o que pode acontecer, esperando a primeira oportunidade bater na minha porta, eu me recuso a ser assim, corro atrás do que eu quero, mesmo que não consiga, fico feliz por ter tentado. Mas falando da parte boa de produzir eventos e trabalhar com o portal O SubSolo, é que conhecemos muita gente boa, literalmente boa mesmo, tanto sonoramente falando como pessoas. Pessoas que procuram fazer acontecer, deixam o quesito financeiro de lado e vem em busca junto para fazer acontecer, esses são os que merecem serem citados, são tão responsáveis quanto quem organiza, ainda mais em uma fase desta que é muito olho por olho, dente por dente.
Falando em subsolo, quando veio a vontade de criar o portal? Você já era colaborador em outros meios?
Quando aprendi a mexer com blogs, sites, alguma coisa de html e etc, eu fazia muitas coisas para downloads e até blogs de humor, até chegar um dia que pensei que poderia fazer algo para cooperar ainda mais com o cenário musical. O projeto d’O SubSolo ficou no papel por um ano e foi lançado em setembro de 2015, engraçado que o projeto vinha desde 2013 no papel e finalmente tomou forma dois anos após. Sempre lia alguns sites como Whiplash, principalmente o textos do Renato Sanson (da Heavy and Hell) e sempre acompanhei de perto da batalha do Daniel Russo d’A Hora Hard e foi em um evento que minha banda tocou que foi tão intenso, que fiquei chateado por ninguém ter registrado aquilo com alguma resenha, então tomei coragem de começar a aprender a escrever sobre. Nunca fui colaborador em nenhum outro meio e isso dificultou um pouco o inicio d’O SubSolo, mas com o auxilio do redator Vinicius Albini-Saints que é meu braço direito desde o inicio, tudo começou a ficar mais claro depois de alguns meses e assim fomos nos aperfeiçoando ainda mais, buscando novos conhecimentos e sempre fazendo novos contatos para sugar ideias, dicas, opiniões e tudo o que poderia vir a agregar ao trabalho d’O SubSolo, hoje acredito que estejamos satisfeitos com o que se tornou.
Você esperava a boa recepção que o blog tomou?
Esperava boa recepção de amigos próximos, mas nunca imaginária que conheceria novas bandas, novas pessoas e pessoas que abraçaram o projeto, isso deu muito gás para continuar, sempre tem algo que desanima, mas a gente deixa de lado. O que eu fazia sozinho, tive o auxílio do já citado Vinícius Albini-Saints, depois surgiu o Marcel Caldeira de São Paulo, por fim, fomos agraciados com a entrada das meninas, Thabata Solazzo, Jordana Aguiar e Karine Nunes, e para fechar o time, o músico André Bortolai e o radialista Wendell Pivetta completam essa família, fora os colaboradores externos como a Ingrid Gerlach, Daniel Russo, Hermes Gregório e Ananda Silveira, que estão sempre presentes ajudando como podem, cada um tem sua importância nesse trabalho.
Quais são as principais frentes do subsolo?
Nossas frentes são simples e objetivas, tentamos manter os bons acessos do portal com boas entrevistas, estamos praticamente todos os finais de semana em eventos cobrindo e os materiais físicos para resenhas nunca param de chegar. Com algumas metas estabelecidas pela equipe, tentamos ao máximo postar todo dia e levamos esse trabalho muito a sério. O objetivo principal é dar espaço a quem não tem, e ao mesmo tempo damos espaço a quem também já tem, não separamos bandas por fama, vertentes ou qualquer outra coisa, nossa única exigência é que tenha um material que nos ajude a montar uma matéria, bandas que não dispõem de release, fotos e vídeos, sempre acaba sendo complicado criar algo, mas tentamos ao máximo dar espaço a todos. Infelizmente a falta de tempo as vezes atrapalha!
E como você seleciona seus colaboradores?
Hoje estamos com o quadro fechado, mas quando fui em busca, sabia quem queria abraçar e fazer acontecer e quem só queria status, foi assim que algumas pessoas foram descartadas e outras foram integradas. Sabemos que uma mídia hoje para funcionar exige investimento financeiro e também de tempo, muitas vezes me vi sacrificando compromissos pois teria um lançamento exclusivo pelo blog em horário marcado e não poderia furar. Então busquei pessoas com o mesmo sangue nos olhos para abraçar a causa, tudo é voluntário e eu sou feliz com a equipe que montei, todos cuidam do portal como se fossem seus, e na verdade, são. Todos os colaboradores que citei são especiais, os considero da minha família, temos uma amizade muito bacana e somos muito próximos.
Quais momentos você pode destacar no Blog?
O principal foi o lançamento do último disco do Sepultura, além de compartilharem em sua fanpage oficial ainda agradeceram um monte, foi um marco para nós, isso foi quase meia noite, alguns de nós já estavam dormindo, me ligaram e me falaram, nem acreditei, nossos acessos foram lá no alto. Tivemos a entrevista com o Violator que é uma banda bem audaciosa e as vezes polêmica, nos deu um ótimo retorno. Também fica na memória as primeiras coberturas grandes que fomos convidados, Otacílio Rock 2017, Agosto Negro 2016, Inferno Metal Fest e até cobrimos o primeiro Metal Maníacs. São tantos momentos bons, difícil citar sem esquecer de algo.
E os projetos a curto e longo prazo? Quais são?
A curto prazo queremos fazer mais alguns eventos esse ano e estamos de olho no “melhores do ano O SubSolo”. A longo prazo queremos virar um selo e dar ainda mais oportunidade as bandas, fora outros muitos projetos que temos engavetados.
Quais suas inspirações?
Pergunta complicada, como mídia minha maior inspiração é o Daniel Russo, minha inspiração musical tem um leque gigante de opções, como Scorpions, Deep Purple, Audioslave, Nirvana, Foo Fighters e muitos outros. Como pessoa me inspiro em meus pais, acreditaram muito em mim desde o começo. Fora isso que já é ocasional, me inspiro em boas conversas e nas histórias novas que conheço dia a dia com novas bandas.
Quais sonhos te movem atualmente?
Meu sonho é ver todo evento lotado, como era antigamente, hoje vimos muito acervo bacana, mas não vemos nada parecido dos dias atuais, vamos guardar o que? Lembranças de bandas acabando por falta de oportunidade? Eventos encerrando as atividades por causa de prejuízo? Complicado, meu sonho é tentar ao máximo fazer com que essas bandas tenham mais união é uma ajude a outra. Também tenho o sonho do já mencionado de virar um selo, o que viria a ajudar muitos que não tem oportunidade, mesmo tendo uma boa mão para composição. São tantos sonhos, difícil mencionar alguns, mas no meio musical/mídia, são esses os principais.
Hoje o foco do portal é somente nos grupos e a na música autoral?
A gente tem esse foco autoral sim, mas quando cobrimos eventos não deixamos de falar das bandas covers, por respeito e para vir a incentivar essas a comporem, já tivemos algumas bandas que estão compondo por nosso incentivo, pois não os ignoramos quando eram apenas covers e fazer o músico se sentir importante é um trabalho que precisa ser feito, mas ainda ergo a bandeira da música autoral, porém infelizmente ainda tenho que tocar cover para “sobreviver.”
A atual crise (que já vem crescendo a tanto tempo) está atrapalhando os eventos?
Claro cara, tem evento com 10 bandas e os caras acham caro o ingresso de 20$, isso por conta que a gasolina tá um absurdo e os valores dentro dos eventos não são lá essas coisas, mas não por culpa dos produtores/casas, é porque está tudo muito caro, se sobe a gasolina sobe tudo, até o cachê da banda, mesmo que essa banda toque pelos custos. Porra, esses merdas do governo que ficam perdendo tempo aumentando seus salários ou brigando se vão tirar esse presidente cusão do comando, e não vêem que o Brasil tá de acabando aos poucos, e isso aflinge todos os estilos musicais, e na verdade, tudo que envolve dinheiro. Os eventos estão morrendo por conta da crise e por causa de quem não consegue controlar seu próprio dinheiro.
Com a DR. Jimmy como você avalia a fase atual e quais são os projetos?
Mudamos muito de formação até consolidar nessa que atualmente forma o time. Para bom é a melhor até o momento, estamos focados juntos e já trabalhamos em novas composições, que virão após nosso primeiro EP que será lançado ainda esse ano. A cada semana temos novas ideias e trabalhamos agora em conjunto, pessoal sabe onde quer chegar e agora juntos descobrimos algumas coisas como fazer, tudo fica mais fácil quando todos pensam juntos. Os projetos futuros são fazer videoclipes, webclipes e fortalecer ainda melhor nosso material e nossas redes sociais. Como dito antes, estamos trabalhando em novas músicas, podemos vir a surpreender e mudar a roupagem da banda em breve, mas isso era meio que segredo hahaha.
Jogo rápido:
4 bandas nacionais: Dust Commando, Alkanza, Don Capone e Doctor Jimmy (kkk)
4 bandas internacionais: Scorpions, Nirvana, Rise Against e Audioslave
4 mídias: A Hora Hard, Cultura em Peso, LineRockers, Urussanga Rock,
1 cd: Between Chaos And Grace – Dust Commando
1 livro: This is a Call (Dave Grohl)
Família: base
Subsolo: família, sonho realizado
Rock: essencial
Underground: luta, persistência
Uma frase: “Antes tentar e não conseguir, do que não consegui por não tentar”
Contatos :
Considerações finais:
Agradeço primeiramente meus pais (nem sei se vão ler a entrevista kk), mas nunca posso deixar de cita-los, foram peças fundamentais na minha formação como ser humano e me deram a oportunidade de me tornar músico. Quando resolvi fazer o blog outras mídias viraram a cara e depois de alguns projetos, até acusados de plágio fomos, como se fazer coletânea e montar um blog/site fosse exclusividade de alguém, mas enfim, se estamos incomodando alguém deve ser porque estamos no caminho certo. Obrigado ao Daniel Russo que apoiou desde o início e ainda esta junto da gente no dia a dia, dando pitacos e dicas para matérias, é um cara sensacional, o considero um irmão. Obrigado ao espaço do Cultura em Peso, pois além de fazer essa entrevista também já deu espaço para escrever no site e aprendi muito com isso. Aos amigos que fiz nessa jornada como músico/mídia, as pessoas que tiram um tempo e sempre estão lendo nossas matérias, ao pessoal que incentiva, apoia e sempre quer o melhor do nosso portal. Mas não poderia deixar de citar minha namorada, Ingrid Gerlach, pela paciência de ter que me ver as vezes entocado no computador escrevendo matérias e a deixando de lado as vezes, mas no fundo, ela sabe que eu a amo. E claro, toda a equipe d’O SubSolo que eu amo como meus irmãos, o piadista da turma, Marcel Caldeira, o nerd do Vinicius Albini-Saints, a nossa advogata Thabata Solazzo, nossa menininha do extremo, Jordana Aguiar, o colorado sofredor do Wendell Pivetta, o sensacional André Bortolai (responsável pelas prensagens das coletâneas e coberturas em sp), e minha irmã de outra mãe e amiga desde a infância, Karine Nunes. E aos colaboradores externos, Ananda Silveira com fotografias e Hermes Gregório que sempre nos contempla com suas escritas. Obrigado a todos de coração. Vida longa ao O SubSolo!
Valeu cremo, é um prazer ser entrevistado novamente pelo CEP.