– Muito obrigado pelo tempo cedido para a equipe da Cultura em Peso. Vocês podem nos contar como se deu o início do projeto?
Nós que agradecemos o espaço! A Pressure Gain nasceu da necessidade de expressar algo mais profundo do que apenas música. Sempre buscamos criar algo que pudesse conectar com as pessoas de uma forma mais emocional e até espiritual. Cada um de nós veio de experiências musicais diferentes, mas compartilhamos essa vontade de fazer algo que tivesse um significado além do entretenimento. Aos poucos, fomos moldando nossa identidade, até chegarmos ao que somos hoje.
– Gostaria de saber como vocês se definem. Eu particularmente achei o trabalho de vocês voltado para o Heavy Metal com pitadas de Gothic e Hard Rock. Vocês concordam comigo?
Somos uma fusão de influências, emoções e experimentações, e nossa intenção nunca foi nos prender a um único rótulo. Atualmente nos classificamos como um Haux Metal, preferimos pensar no nosso som como uma expressão de liberdade artística dentro do universo do rock alternativo, mas com nuances que passeiam por outros gêneros.
Haux no xamanismo remete a conexão e cura espiritual. Nosso som é uma experiência que busca transformar emoções e trazer uma mensagem de força e renovação para quem nos ouve. É a nossa forma de nos posicionarmos na cena de maneira única, conectando nossa sonoridade com algo mais profundo. Netão unimos esses termos Haux Metal com o objetivo de criar algo que seja autêntico e que toque as pessoas de uma forma única.
– “Ancestral” é o primeiro álbum de vocês. Como se deu o processo de composição deste material?
A composição de Ancestral começou com ideias individuais que surgiram no dia a dia. Depois, nos reunimos para experimentar e estruturar as músicas juntos, sempre deixando a criatividade fluir sem nos prender a estilos específicos. Algumas faixas foram desenvolvidas em um sítio, dentro de uma oca, o que trouxe uma atmosfera única ao álbum.
Cada faixa tem uma carga emocional grande e, de certa forma, reflete momentos importantes que passamos. Algumas músicas surgiram de experiências pessoais, enquanto outras foram inspiradas por sentimentos e reflexões mais universais. Foi um processo muito autêntico, sem amarras, e acho que isso reflete na sonoridade do álbum.
– Gostamos muito da qualidade sonora alcançada por vocês. Suponho que o trabalho em estúdio tenha sido muito tranquilo. O que vocês podem nos falar sobre esta etapa, até chegarmos no lançamento propriamente dito?
A produção foi conduzida por Tiago Della Vega, da Shokran Studios, e dividida em duas etapas: a gravação instrumental e, depois, dos vocais. Onde ficamos totalmente focados em média 8 dias em cada etapa, só parando pra comer e dormir, foi uma verdadeira imersão criativa. Foi um processo muito intenso, desafiador, divertido e muito tranquilo pois o Tiago é um pessoa e profissional incrível, nos tornamos muito amigos inclusive.
Foi nosso primeiro trabalho com um produtor, e a experiência nos amadureceu muito. O Tiago extraiu o melhor de cada um de nós, transformando nossas ideias em um álbum que nos enche de orgulho. Saímos desse processo cheios de gratidão, sabendo que essas músicas têm o potencial de tocar profundamente quem as ouvir.
– Gi, eu adorei as linhas de vozes compostas por você. Como funciona o seu processo de composição, neste sentido?
Fico muito feliz em saber disso! Tanto eu quando a Moni buscamos sempre deixar a voz como uma extensão da emoção da música. Eu particularmente, começo experimentando melodias espontaneamente, começo a cantarolar qualquer coisa ou até de ouvir algum música alguma nota me leva uma inspiração totalmente diferente, e outras vezes já tenho um conceito ou uma sensação específica que quero transmitir.
No Álbum essas camadas e cores diferentes de vocês foram desenvolvidas pelo nosso produtor. O Tiago soube explorar muito bem as nuances e camadas vocais de cada uma de nós, dando mais profundidade ao som.
– A arte da capa é bem diferente, fugindo do padrão que estamos acostumados. Qual a mensagem que vocês quiseram transmitir com ela?
A arte visual do álbum “Ancestral” representa a conexão entre o presente e o passado, evocando a sabedoria dos antepassados e a energia espiritual que nos guia.
O crânio central simboliza a transcendência da vida, lembrando que a essência humana vai além do tempo. Os elementos tribais e naturais, como penas, ossos e amuletos, remetem às culturas ancestrais, que compreendiam o poder da natureza e da espiritualidade. O símbolo sagrado posicionado na testa remete à transformação e ao renascimento, reforçando a ideia de que somos parte de um ciclo eterno de aprendizado e evolução.
O fundo sombrio e a atmosfera enigmática trazem um senso de mistério e respeito às forças invisíveis que moldam nossa jornada. A iluminação sutil destaca os detalhes da arte, criando um equilíbrio entre o oculto e o revelado – um convite para explorar o desconhecido e mergulhar na essência do álbum.
Abraçando a essência do Haux Metal, “Ancestral” carrega essa energia de cura interior e transformação, traduzindo-a tanto na arte quanto nas composições. A capa reflete essa jornada profunda, onde a música se torna um portal para reconectar-se com a ancestralidade e encontrar força nas raízes espirituais.
“Ancestral” é mais do que um álbum; é um chamado para despertar nossa memória espiritual, honrar nossas raízes e evoluir por meio da música.
– Imagino que vocês já devam estar trabalhando em novas músicas. Poderiam nos adiantar como elas estão soando?
Estamos sempre criando e explorando novas ideias, então um novo álbum está, sim, nos nossos planos. “Ancestral” foi um marco importante para nós, mas sentimos que ainda temos muito a dizer e a compartilhar. Estamos trabalhando em músicas novas e experimentando caminhos diferentes, sempre buscando evoluir. Ainda é cedo para falar sobre sonoridade, mas podemos garantir que há muito mais por vir. Ficamos felizes em saber que vocês estão ansiosos, isso nos motiva ainda mais!
– A banda já está pronta para excursionar? Falo isso, pois depois de escutar o seu material, fiquei curioso para vê-los ao vivo.
Isso nos deixa animados! Estamos nos preparando para levar nossa música para o palco da melhor forma possível. A energia ao vivo é algo muito importante para nós, e queremos proporcionar ao público uma experiência intensa e marcante.
– Como vocês analisam o mercado fonográfico atualmente? Vocês acreditam que o nicho que vocês fazem parte, permite espaço para novos nomes promissores, como é o caso aqui?
O cenário musical mudou muito nos últimos anos. Hoje, há mais possibilidades para artistas independentes, mas, ao mesmo tempo, a concorrência e a quantidade de conteúdo disponível tornam tudo mais desafiador. Acreditamos que ainda há espaço para quem tem algo autêntico a dizer, e vemos cada vez mais pessoas buscando bandas que tragam uma experiência única.
– Mais uma vez obrigado pelo tempo cedido ao site Cultura em Peso. Agora o espaço é de vocês para as considerações finais
Nós que agradecemos pelo espaço e pelo interesse no nosso trabalho! É sempre gratificante poder falar sobre nossa música e compartilhar um pouco do que estamos construindo. Para quem ainda não conhece a Pressure Gain, convidamos a ouvir Ancestral e nos acompanhar nas redes sociais. Esperamos encontrar todos vocês em breve, seja online ou em algum show. Muito obrigada!