Era terça- feira, em uma deliciosa tarde de Outono, o sol começava a dar lugar ao frio quando chegamos ao Fabrique Club, as bandas passavam o som ainda e já dava pra perceber que a coisa iria esquentar mais tarde, o som da casa estava bonito de ouvir e se a prévia já foi brutal, o que veio depois só confirmou…prenuncio de brutalidade a vista, com doses de crueldade com nossos ouvidos. o Fabrique Club é uma casa ampla e conforta bem a galera para um show desse porte, o som da casa é impressionantemente bom, a galera da casa é simpática, banheiros limpos e sem fila, o amplo bar comportou bem a demanda, só poderia ter um Wi-fi, facilitaria nossa vida aqui, mas não posso reclamar, a estrutura da casa é muito boa.
A minha teoria de que não existe dia para show em São Paulo foi confirmada, por volta das 19:00 já havia um grande movimento nos bares da região, as camisetas pretas começavam a despontar no horizonte, em meio a um papo aqui outro acolá, quando menos percebemos, uma introdução começava a rolar…sim … o Skin Culture estava no palco.
Superação!!! É o que define esse show. Primeiro pelo que a banda passou na Pandemia com a partida do empresário Silvio Palmeira e do seu baixista Gabriel Morata, a banda comemorando 19 anos de resistência e militância pelo Metal Nacional entrou socando tudo, pontualmente no horário, já começam o show com “Fall on Kness”, devo dizer que o som estava meio estranho mas com maestria o técnico da casa resolveu esse problema rápido e o que pudemos ver foi um espetáculo de técnica e brutalidade, as baquetas estavam a cargo do Chris Oliveira, já que o baterista da banda, Rafael Ferreira, mora em Los Angeles e não conseguiu vir para esse show, mas o Chris Oliveira carrega nas costas o peso de ser filho do baterista do Korzus, Rodrigo Oliveira, e esse peso se mostrou no show, esmurrava a bateria com raiva, aliás, o Skin Culture é uma banda de uma técnica incrível, na parte harmônica os caras destroem, o baixo e a guitarra passeam com uma habilidade incrível pelos braços de seus instrumentos, os vocais de Shucky Miranda são bem agressivos. No ponto alto do show fizeram uma linda homenagem aos membros que partiram e teve também a presença do Sérgio Ogrês do Punição cantando “Set me Free” com a banda, um ótimo show para o público que já começava a aparecer pelo Fabrique.
Setlist:
Intro/ Fall on Knees
Supernatural Catastrophic
Breathing Sulfur
Set me free
Bring me back to life
An Oceans of lamentations
Devil 19
Suicide love
Impecável!!! Essa palavra parecia uníssona entre os presentes, ouvi muita gente falando que o Fear Factory teria que tirar um coelho da cartola para superar esse show do Korzus, visto que a última passagem deles pelo Brasil a banda não fez um show tão expressivo assim. O set, baseado em músicas do Discipline of Hate, Ties of bloody e KZS, foi brutal, o som estava incrível, as guitarras de Antônio Araújo e Heros Trench estavam bem equalizadas, o som do baixo do Dick segurou o peso, dava uma sustentação para as bases incríveis, como ele sempre fez nesses 40 anos de banda, mas em matéria de som, a bateria do Rodrigo deu um show a parte, que pancadaria sonora, viradas perfeitas, violência explícita!!! Pompeu só faltou usar a batuta, regia com perfeição a galera, Pompeu é um grande frontman, administrou perfeitamente o publico, que já era grande a essa altura e que reagia positivamente fazendo desse show uma grande diversão, eu, na situação de fã velho, achei que eles podiam ter tocado mais músicas dos primeiros discos como Suicídio, Guerreiros do Metal, algumas (ou todas) do Mass Illusion, mas enfim, o show deles foi impecável e a massa sonora criada ali impressionou a todos, principalmente ao tocar “Correria” fechando esse grandioso show com chave de ouro.
Setlist:
Intro/ Guilty Silence
Raise your Soul
You can´t stop me
Never die
Beware
NameSake
What are you Loocking for
Discipline of Hate
Truth
Correria
Brutal!!! Assim eu defino o que foi esse show do Fear Factory. Nessa altura o Fabrique Club já estava tomado pelo público, tinha muita gente, o Fear Factory atrasou uma meia hora do combinado, mas você acha que alguém ligou pra isso? Pelo contrário, foi um pouco mais de uma hora de pura violência e brutalidade. Todas as pessoas saíram de lá atônitas, não sabiam falar que furacão foi aquele, no final de cada música a expressão que vinha era “Puta que o pariu” (desculpem o baixo calão, mas é para ilustrar o que foi esse show).
Queria ver muito o Milo Silvestro ao vivo, vi alguns vídeos dele e achei surreal e, as viúvas do Burton que me desculpem (e olha que tinha alguns lá), mas o Milo superou o antigo vocalista da banda e fez um espetáculo lindo de se ver e ouvir. Sem frescura, Pete Webber entrou no palco, sentou na sua bateria, apertou um botão e o resto foi ver o Fabrique Club ir abaixo, e de cara já entraram esmurrando com a “Shock”, a galera já abriu uma roda que nunca mais acabou, que aula de moshpit, circlepit e violência. Teve uma hora que até achei que ia dar briga, pois o encontrão foi feio, mas os dois se abraçaram e saíram pulando junto no meio da roda de novo, sensacional. Não tinha refresco, a cada música que tocava mais a roda abria, o Fabrique Club parecia um liquidificador ligado em alta potência. Dino Casares é o guitarrista mais preciso que eu já vi tocar, suas mãos parecem uma patada de elefante nos nossos ouvidos e rasgam cavalgadas atrás de cavalgadas com uma precisão cirúrgica, Tony Campos, um velho conhecido nosso, em um bate papo no camarim ele falou que já é a sexta vez que vem pro Brasil e que adora vir pra cá, percebemos isso com a dedicação dele no palco, o som do baixo estava impressionante, alto, sujo, mas audível. Dino Casares se empolgou, atuava muito com a galera, que estava ensandecida, dava para perceber no rosto dele o quanto estava curtindo estar tocando pra uma galera que interagia e muito, o tempo todo com a banda. Para mim o ponto alto do show foi quando tocaram algumas músicas do Demanufacture na sequencia, aí a casa caiu, um show perfeito, terminar com “Ressurection” também foi demais, todo mundo que estava lá saiu com a alma lavada, feliz, esse show foi literalmente uma sessão de descarrego e uma aula de como as coisas devem ser feitas. Que shows com esse nível sejam mais rotineiros por aqui, a gente agradece.
Setlist:
Intro/ Shock
Edgecrusher
Recharger
Dieletric
Soul Hacker
Powershifter
Disruptor
Linchpin
Descent
What Will Became?
Archetype
Demanufacture
Zero Signal
Replica
Martyr
Scapegoat
Resurrection