A IV edição do HAMMER SMASHED FEST aconteceu, pela mão da Misophonia Produções, no Motoclube do Oriente, em São João da Talha, e a promessa foi cumprida: uma larga bandeja de bandas underground, com uma variedade de estilos para um público que os soube apreciar.
O festival começou à hora marcada. Pelas 17h, os DISHUMAN abriam as hostilidades. Esta banda de malta nova – os 3 elementos têm 19 anos… cada – veio dos arrabaldes de Fafe para mostrar que o hardcore vem de qualquer lado e entranha-se em qualquer idade. Após a sua prestação para uma sala ainda a meio gás, ficou a vontade de os seguir para observar e escutar o caminho que pretendem percorrer. Porque a coisa promete.
Dishuman setlist:
- End of Pollution
- Battlefield of Destruction
- Nuclear Tragedy
- Victims of War
- Nightmare or Reality
- Ashes of Death
- Fear of the Nuclear Age
- Chaos and Disorder
- Hate for this System
- Punk’s No Fairytale
Apenas com tempo para ir buscar uma cerveja ao balcão, rapidamente os KONAD subiram ao palco. A banda nascida em 1996, batizada de KONAD MOSKA e criada em Vila Franca de Xira, bem perto de São João da Talha, estava a jogar em casa. E o seu à-vontade demonstrou-o.
Sempre sorridente, o poderoso vocalista Kampino dos agora KONAD (enxotaram a Moska para longe) deu as boas-vindas aos presentes e os temas foram rugindo, um atrás do outro:
- I’m the enemy
- Alien punks
- Crimes de guerra
- Broken promisses
- Hell’s door
- Mákina de guerra
- Kombóio fantasma
- Devotees of idolatry
- Ultimate aggression
- The last day
- Born to die
- Porcos malabaristas
- Kaos total
Seguiram-se os necrófagos DERRAME que trouxeram o melhor do Death Metal português. A banda lisboeta, constituída por Tormentor na bateria, Nigel e Nelson nas guitarras, Fred no baixo e Sousa na voz, têm um novo albúm, lançado em 2023, pelo que o setlist passou essencialmente por aí:
- Necro-Messiah
- Corroded
- Bloodcurse
- Pro Dolor
- War inception
- Requiem
- Chaos in Earth
- Crawl to die
- Holocausto atómico
Foi o momento de os THRASHWALL se apresentarem. Com origem em 2015 em Évora, (na altura com Márcio Gonçalves no baixo e não tinham segundo guitarrista), os THRASHWALL contam desde 2020 com Luís Rodrigues na voz, Gonçalo Branco e Nelson Coelho nas guitarras, João Martins no baixo e Garras na bateria.
Foram os primeiros a puxar verdadeiramente pelo público, com quem Luis Rodrigues foi dialogando e incentivando ao circle mosh que ele próprio iniciou!
Setlist:
- Intro
- War Outside de Wall
- Old Jail
- Warehouse Rampage
- World Domination
- Mental Destruction
- Insanity Alert
- Mosh in the Hall
Os RELTIH CRUST GRINDCORE nasceu em 1993 com membros que tinham diversas influências. Oriundos da Bobadela, o nome RELTIH é o inverso de palavras que representam ideologias contra as quais se manifestam. A banda começou com Pepe na voz, Paulo (gordo) no baixo, Daniel na guitarra e Fanã na bateria.
Depois de algumas mudanças na formação, a banda lançou várias demos com influências que vão do Punk, Death Metal e o Crust, com letras que abordam temas como Anarquia, Vegetarianismo e Anti-fascismo. Gravaram algumas covers e depois terminaram em 1998, mas retornaram em 2007 com novos membros para gravar um segundo álbum intitulado “13 years in misery”.
Em 2020 voltaram a reunir-se para atuarem no Hammer Smashed Fest, numa edição em live streaming por razões pandémicas. Agora, na IV edição, marcaram presença com uma poderosa atuação. Infelizmente, não conseguimos obter a sua setlist.
Os LÔV DA XIT começam em 1990 no Carquistão (Carcavelos) com algumas alterações de membros na banda. Atualmente são compostos pelas vozes do Ico e Jonny (também Simbiose) pelo baixo do Fips, pela bateria do Pedro e as guitarras são do David N.O. e do Barrigas.
Com alguns soluços ao longo da carreira, foram-se proporcionado muitas gravações em k7 (split com os Simbiose em 1997) e outros tantos vídeos com maior ou menor acerto mas… nunca foram devidamente editados. Contudo, há uma jura feita no seio da banda: o atual objetivo da reunião da banda é “gravar e editar tudo de uma forma decente”, como nos revelou Ico em conversa.
Quanto ao concerto que deram no Motoclube… o que dizer? Tanto o Ico como o Johnnie são duas forças brutais do Crust, que se sentem como peixes na água quando atuam ao vivo. Especialmente quando a plateia parecia saber os refrões de cor!
Ao segundo tema, o palco já era demasiado pequeno para tanta energia conjunta, e Ico tomou a iniciativa de invadir o público de microfone em riste. Daí ao croud surfing foi um piscar de olhos. Primeiro as senhoras, como manda a etiqueta, e depois os cavalheiros. As hostes só acalmaram quando a banda fez um pequeno intervalo para curtos discursos e boas saudações ao sabor de umas cervejas.
Naquela altura, o dia estava ganho! Mais uns temas para o carrossel não parar e a festa continuou pela noite dentro, até à despedida no “Vou fugir”.
Setlist:
- O mundo não é só uma cor
- 1 pergunta
- Vais voltar
- Tourada
- Gente
- Em África eras um rei
- Anarchy on TV
- Não deixes ser o teu deus a mandar
- Reclusão
- Guerra
- SMO
- XIT Power
- Ação direta
- Vou fugir
HIATUS in grind we crust!
É assim que os belgas de Liège se assumem. E portanto, é assim que vivem em palco. Tudo o que fazem, tudo o que dizem é… crust!
Foram os cabeças de cartaz. Mesmo depois dos LOVDAXIT e o cúmplice JHONNIE SIMBIOSE terem colocado a fasquia bem alto, os HIATUS, com a sua calma e naturalidade, instalaram o mais corporativo caos sonoro.
Foi incrível ver como, com toda a sabedoria da experiência dos elementos – incluindo o jovem baixista – eles sabem captar o entusiasmo da plateia com refrões de protesto, riffs de puro hardcore e muito growling. Até os elementos das bandas anteriores marcaram presenta na linha da frente. Para curtir e aprender a fazer. E que excelente lição foi!
Setlist: