1 – CEP (Cultura em Peso) – A Haze está na ativa há um bom tempo já, algo surpreendente e admirável, visto as adversidades que se enfrenta para manter uma banda num estilo nada popular em nosso país. O que mantém a ânsia por tocar metal?
HAZE: O metal é para nós uma forma de nos expressarmos e extravasar os sentimentos. Fazer um som com as amigas e nos divertir, falar sobre as coisas do mundo a nossa volta, essa é a maior motivação desde sempre.
2 – CEP – Já houve várias mudanças na formação, mas um fato bem peculiar é que sempre conseguiram manter a banda na maioria das vezes, 100% feminina. É algo proposital?
HAZE: Já tivemos homens na formação da banda. A ideia é sim poder manter a formação feminina, mais como forma de incentivo a mulherada mesmo, mostrar que o metal é para quem gosta de música e se dedica. Mas nem sempre temos mulheres tocando no meio do metal, aí acabamos chamando algum amigo nos momentos em que precisamos completar a formação da banda.
3 – CEP – Como vocês enxergam o cenário atual em relação à atuação das mulheres no meio do metal?
HAZE: Atualmente já há várias mulheres tocando metal, tem cada vez mais mulheres na música underground de modo geral. Uma banda que nos inspirou muito foi o Volkana, uma de nossas primeiras referencias de banda de metal com mulheres no Brasil que repercutiu. Hoje o Nervosa é também um grande exemplo de que as mulheres ganham espaço neste meio musical. Como muitos outros estilos, o metal e suas vertentes são norteados por criações basicamente feitas por homens, como na própria música clássica por exemplo. Essa é uma realidade em várias áreas da sociedade e na música não é diferente. Insistir numa formação feminina para este estilo agressivo de música é também uma forma desafiarmos as diferenças.
4 – CEP –As três integrantes da Haze, tanto Lívia, Bruna e Aline são multi instrumentistas! Gostaríamos que contassem um pouco sobre a história de cada uma na iniciação musical.
HAZE: Eu (Lívia) e a Bruna tivemos a sorte de ter música em casa desde sempre. Nosso pai estudava 6 horas por dia de flauta para recitais de música clássica, sempre foi apaixonado por música e até hoje aprecia rock progressivo. Sem falar que ele passou também a ver e ouvir bandas de metal como Slayer, Sepultura, Angra e outros de tanto levar nossa banda para shows e ensaios. A Bruna chegou a ter aulas de bateria e violão clássico, até chegar no baixo mais recentemente. Eu comecei com o violino bem cedo e assumi o vocal da banda com 15 anos, depois fui aprendendo violão, baixo, até que assumi a guitarra. Além disso, no caso da Dutchi, sempre muito persistente, ela tinha a guitarra como seu primeiro instrumento, mas assumiu o baixo por um tempo na banda e depois na bateria é onde ela tem se dedicado, em grande parte por ter poucas bateristas mulheres também. Enfim, depois dessa longa empreitada, chegamos nessa formação atual, sem data para mudar!
5 – CEP – O som da Haze foge do “thrash metal” convencional, pois misturam peso e melodia, principalmente nos vocais, o que torna o som com muita identidade própria! Quais são suas principais influências?
HAZE: Tivemos influências de muitas bandas de diferentes estilos de metal, nacionais e internacionais. Sem falar, ainda, que ao longo do tempo também tivemos fases diferentes. A maioria das pessoas falam que nossa música se aproxima do thrash metal, mas na verdade entendemos que a banda acabou criando um estilo próprio. Não nos preocupamos em delinear limites, fazemos a música e se gostamos, tá valendo!
6 – CEP – A discografia da Haze conta com três CDs demo (1999, 2001 e 2004). E no ano de 2019 lançaram um EP chamado “Praga Urbana”. Como está sendo a recepção deste trabalho?
HAZE: O EP Praga Urbana tem sido muito bem recebido pelo público. Nos últimos shows foi emocionante ouvir a galera cantando as músicas e ver a casa cheia. O Haze sempre despertou uma certa curiosidade por ser uma banda autoral só de mulheres, percebemos que o tempo e a persistência são esse EP “Praga Urbana”nciais para a banda conquistar seu espaço no underground.
7 – CEP – Vocês estão em processo de gravação do debut, que inclusive já tem nome: “Origins”. Por que a escolha deste nome e há previsão de lançamento?
HAZE: Esse CD é composto por músicas antigas da banda, na verdade as músicas são novas para os ouvintes. A proposta do “Origins” é fechar um ciclo da nossa história em 2020, deixando registradas todas as composições que fizeram parte do nosso principal repertório. Depois, temos a intenções mais gravar outros álbuns, só agora estamos tendo a oportunidade de registrar essas músicas com qualidade.
8 – CEP –Quais são os planos futuros da Haze?
HAZE: Seguimos em frente, devagar e sempre. Gravar todas as nossas músicas, produzir novos trabalhos, tocar pelo Brasil e assim que possível fazer uma turnê internacional são nossos planos para os próximos anos.
09 – CEP – Desejo muito sucesso e insanidade metálica! Deixem um recado para os leitores.
HAZE: Aos leitores e amantes do metal, desejamos que o underground brasileiro se fortaleça cada vez mais. Nossos planos nos próximos anos é tocar nossa música conhecendo lugares e pessoas, o metal é um estilo de vida musical universalizado e o Haze vive o propósito de fazer parte desta história!