Na ultima quarta , São Paulo respirou o espírito do rock alternativo, do metal e do hardcore no bairro de Pinheiros. O Carioca Club foi o palco de uma verdadeira celebração da música pesada, recebendo três bandas pela produtora Power line  que deixaram sua marca com apresentações que vão ecoar por muito tempo na memória de quem esteve presente. Com casa cheia e uma plateia empolgada, o evento foi mais do que um show foi uma vivência coletiva de intensidade, técnica, suor e afeto.

As portas abriram pontualmente às 18h, e o público, que já se concentrava na entrada com ansiedade visível, foi recepcionado com uma estrutura impecável e clima perfeito para uma noite de moshpits e celebração. A energia era palpável: fãs de longa data, novos ouvintes, músicos e entusiastas da cena underground reunidos em um ambiente de respeito, paixão e comunhão musical.

A Treva foi a primeira banda a subir ao palco, e desde os primeiros acordes deixou claro que não estava ali apenas para aquecer o público  estava para impactar. Com uma sonoridade densa, bem construída e extremamente bem executada, o grupo apresentou uma performance visceral. O destaque vai para a química visível entre os integrantes, que se conectam no palco como se compartilhassem a mesma respiração. Cada virada, cada riff, cada dinâmica foi entregue com precisão e emoção.

 

O vocalista Felipe Ribeiro parou o show por alguns minutos para compartilhar com o público a trajetória da banda, que surgiu em meio ao caos da pandemia. O depoimento foi sincero e emocionante, relembrando as perdas vividas por tantos e celebrando, ao mesmo tempo, o simples fato de estarmos vivos, juntos e resistindo. A homenagem feita a quem partiu naquele período foi sentida por todos muitos visivelmente tocados  e transformou a apresentação em um momento catártico de celebração da vida.

Na sequência, o palco foi tomado pela Debrix, que já é conhecida por sua entrega ao vivo, e mais uma vez não decepcionou. A banda apresentou um set firme, coeso e absolutamente energético. O carisma dos integrantes, em especial o vocalista Felippo, se destacou desde o início. Sua presença de palco é magnética, e seus vocais agressivos e bem encaixados  arrancaram gritos e aplausos do público em diversos momentos.

A sinergia entre os membros é um dos pontos altos da banda, com destaque para os grooves precisos, os riffs bem estruturados e a intensidade constante do começo ao fim. A Debrix não apenas mostrou domínio técnico, como também provou que tem tudo para se consolidar como um dos grandes nomes da cena underground latino-americana. Não por acaso, eles seguem acompanhando o Helmet em sua turnê pela América Latina uma conquista mais do que merecida.

Quando as luzes se apagaram pela terceira vez, todos sabiam o que estava por vir. E foi então que a lendária Helmet, ícone absoluto do rock alternativo dos anos 90, finalmente subiu ao palco. Com quase quatro décadas de carreira, a banda provou que ainda tem muito a dizer  e a tocar. A apresentação começou com a potente “Wilma’s Rainbow”, e a casa simplesmente explodiu em gritos, aplausos e agitação.

O setlist, com nada menos que 21 músicas, foi um deleite para os fãs mais antigos e também para os que conheceram a banda recentemente. O destaque ficou por conta da execução do clássico álbum Betty na íntegra, tocado com uma precisão e uma energia impressionantes. Os integrantes mostraram vigor, domínio de palco e um entrosamento que só o tempo proporciona uma verdadeira aula de como se faz um show inesquecível.

Durante toda a apresentação, o público se entregou completamente: mosh pits, crowd surfing, gritos, cantorias. Quando os acordes de “Unsung” começaram, a casa veio abaixo. Pessoas subindo no palco e se jogando na plateia viraram parte do espetáculo. Se existe um critério para definir um show histórico, esse certamente foi cumprido ali. Era como se os anos 90 estivessem vivos, pulsando novamente no coração de São Paulo.

Um dos aspectos mais bonitos da noite veio após os shows. Todas as bandas fizeram questão de conversar com os fãs, tirar fotos, agradecer pessoalmente o apoio e o carinho de quem esteve presente. Em tempos em que muitos artistas se distanciam de seu público, ver essa postura de humildade, gratidão e proximidade é algo inspirador.

E um agradecimento mais do que especial vai para a Debrix, que possibilitou a realização desta cobertura e demonstrou, além de talento musical, generosidade e respeito com a cena e com quem a acompanha de perto.

No fim das contas, não foi apenas uma noite de música pesada  foi uma celebração da cultura alternativa, da resistência artística e da força que existe na coletividade. Para quem esteve no Carioca Club naquela noite, ficou claro que o underground segue vivo, pulsante e mais relevante do que nunca.

Setlist Helmet:

Wilmas

I Know

Bisquits

Milquetoast

Tic

Rollo

Street Crab

Clean

Vaccination

Beautiful love 

Speechless

Silver Hawaiian

Overrated

Sam Hell

Swallowing

BlackTop

Driving

Bad Mood

Dislocated

Unsung

Turned Out

Obrigada @helmet_music @debrixband @oficialtreva @agenciapowerline @cariocaclub

revisão e edição por @primelophoto

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