San Luis Potosí, localizada no coração do México e a apenas seis horas da capital por estrada, é uma cidade que encanta com sua história e charme colonial. Ao percorrer seu Centro Histórico, declarado Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO, é inevitável se maravilhar com seus edifícios históricos que combinam estilos arquitetônicos como o barroco e o neoclássico. As fachadas de cantaria rosa, as varandas de ferro forjado e as igrejas transportam a outra época, evocando imagens de carruagens, damas vestidas com trajes suntuosos a caminho do teatro, e lampiões que iluminam tenuemente as ruas, convidando a sentar e contemplar o ambiente.
Entre as joias desse centro está a Cineteca Alameda, situada em frente à Alameda Juan Sarabia . Este icônico edifício, inaugurado em 27 de fevereiro de 1941 como Cine Teatro Alameda, foi projetado pelo arquiteto Carlos Crombé em um estilo colonial californiano que se integra perfeitamente à estética da cidade, embora se destaque por sua singularidade.
Desde o momento em que você cruza sua entrada, o lugar te cativa. O vestíbulo, pequeno mas cheio de detalhes de estilo espanhol, conduz a um corredor que deixa entrever à distância o auditório: um espaço com poltronas vermelhas e uma atmosfera íntima, iluminado tenuemente, que convida a descobrir o que há além. Ao entrar, a vista é majestosa: um palco emoldurado por um grande arco, rodeado de decorações que evocam uma praça provinciana com dois níveis. É, sem dúvida, um dos recintos mais bonitos que já tive o prazer de visitar.
Após décadas de serviço como cinema e teatro, e depois de um processo de restauração, o edifício reabriu suas portas em 2009 como Cineteca Alameda. Desde então, consolidou-se como um espaço cultural, acolhendo concertos, peças teatrais e outros eventos que enriquecem a vida cultural da cidade.
Um desses eventos foi o recente concerto da banda ucraniana de groove-prog metal, Jinjer , organizado pela produtora potosina Cantodea Productions. A noite começou pontualmente com a banda mexicana The Unholy, conhecida por sua potente combinação de groove, stoner, thrash, death metal e punk. Representantes destacados da cena underground do México, ofereceram um espetáculo cheio de energia. Desde o primeiro acorde, sua intensidade foi inabalável, o que levou o público a abandonar as poltronas para se aproximar do palco. Suas redes estão disponíveis para quem desejar explorar sua música: hyperfollow.com/theunholyofficial.
Às 21h30 em ponto, Jinjer subiu ao palco com “Just Another”. Desde o primeiro momento, ficou claro que seria uma noite inesquecível. Tatiana Shmailyuk, sua carismática vocalista, dominou o palco com sua imponente presença e seu extraordinário alcance vocal. Seus guturais e vozes limpas soaram impecáveis, mostrando que estava em grande forma vocal. Cada nota foi vivida intensamente por Tatiana, que não apenas cantou, mas conectou-se profundamente com o público por meio de sua energia e movimentos enérgicos, desde passos de dança até incitar os pulos.
A banda como um todo ofereceu uma apresentação técnica impecável, percorrendo temas emblemáticos de sua discografia. Músicas como “Someone’s Daughter”, “I Speak Astronomy” e “Just Another” ressoaram com força, enquanto “Kafka” e “Pieces” encerraram a noite com chave de ouro. Um momento especialmente memorável foi quando Tatiana pegou o celular de um fã, subiu ao palco e gravou um vídeo selfie enquanto cantava, imortalizando a energia e paixão do público potosino.
A produção a cargo de Cantodea Productions foi excelente, demonstrando que San Luis Potosí tem o potencial para ser um ponto-chave no circuito de concertos de alto nível. Jinjer deixou claro por que é uma das bandas mais importantes da cena, oferecendo uma experiência que será lembrada como uma das melhores noites para os amantes do metal na cidade. Vou deixar o setlist da noite caso deseje ouvi-lo.
Skål para The Unholy, Jinjer, e para Cantodea! Sem dúvida, nos veremos em breve em outra experiência inesquecível.