O L7, uma das bandas mais inspiradoras dos anos 90, será vista em Porto Alegre nesta quarta-feira, junto com outra banda icônica de harcore, o Black Flag, numa noite que já nasceu noite histórica, e ainda nem aconteceu. A função ocorre no Opinião — José do Patrocínio, 834, às 19h, e ingressos ainda pode ser adquiridos aqui. Informações: www.abstratti.com.

Vai ter mulher fazendo som agressivo, sim

L7 num dos shows mais importantes da sua carreira, no RJ, em 1993

Fundada por Donita Sparks e Suzi Gardner, o sucesso mundial das minas inclusive se deve muito ao Brasil. Em 1993 ocorreu um dos maiores shows da sua carreira, mais precisamente no Hollywood Rock, festival sediado no Rio de Janeiro, junto a ícones como Nirvana, Alice in Chains e Red Hot Chili Peppers. Uma das primeiras bandas a desmistificar a ideia de que mulheres não sabem empunhar guitarras, as gurias do L7 deram início à carreira com o álbum Bricks are Heavy (1992), e tornaram-se referência para o movimento riot grrrl, surgido com o objetivo de rebelar e colocar garotas de igual para igual com homens na cena roqueira, provando que elas elas poderiam ser até melhores do que homens, imagine.

Donita Sparks era do sul de Chigago, mas foi morar em Los Angeles

Nesta época, Suzy e Donita logo se conheceram, e ambas ficaram amigas. Enquanto Donita era mais ligada à questões políticas, ao feminismo, Suzy estava mais preocupada em tocar e expressar suas emoções.

Suzi Gardner

No início, como sempre, não foi fácil, e ambas pensaram em desistir. A chegada de Jennifer Finch foi fundamental para a permanência da banda, insistindo muito para entrar na banda. Ela, que veio da Sugar Babydoll, banda de Coutney Love, não era uma exímia baixista, e, sabendo disso, tentava compensar essa ‘falta’ com muita, muita atitude.

Jennifer Finch mandava ver no palco

A entrada da baterista Dee Plakas após uma turnê com Bad Religion

A baterista Dee Plakas completou o quarteto e tudo pareceu perfeito

Classificada por Donita como uma banda punk, grunge e melódica, o L7 foi pra Seattle a partir de 1985, e lá gravaram um single pelo selo Sub Pop, Shove, em janeiro de 1990, quando tudo começou a acontecer. Com as bandas grunge em alta, e após uma turnê europeia, elas gravaram Smell The Magic. Nessa época, o grunge explodia com Nevermind, do Nirvana. Até que em 1992, veio o tão aguardado Brincks are Heavy. Em meio a crises com a gravadora pelas limitações impostas, um fato marcante ocorreu na gravação do clipe de Pretend We’re Dead: uma câmera caiu na cabeça de Suzy, cortando a parte da orelha e quebrou parte do osso do canal orbital.

Num dos atos mais rock and roll da história, Donita jogou na plateia seu absorvente interno na plateia, em meio a vaias

A fúria do Black Flag

Não menos importante nesta noite será a participação do Black Flag, nome de referência para o punk e pioneiro no hardcore no mundo inteiro. Criada em meio a muitas tretas, e com a passagem de muitos integrantes, em 1976, pelo guitarrista Greg Ginn (único integrante original ainda na formação), tornou-se extremamente influente dentro do rock, do metal ao indie, até os dias de hoje, instituindo uma estética som/imagem que propõe enfrentamento sempre dentro da filosofia mais punk que existe: Faça Você Mesmo.

Hardcore, praticamente inventado pelo Black Flag, era um estilo mais rápido, mais raivoso e mais jovem do que o punk rock tradicional. Era, também, dona de uma postura mais raivosa, agressiva, disfuncional, contra o sistema e, por que não, “inventora” de seu próprio. Após chamar a atenção no cenário underground com dois EPs — “Nervous Breakdown” (de 1979 — com Keith Morris, que depois formaria o Circle Jerks e OFF!, nos vocais) e “Jealous Again” (1980) — o grupo lançou o acelerado primeiro álbum “Damaged” (1980), que marcou a estreia do hoje lendário Henry Rollins como frontman.

O frontman Henry Rollins

Com o segundo disco “My War” (1984), o Black Flag tornou-se cultuado, estabelecendo caminhos que deram origem ao sludge, ao post-hardcore e ao grunge. Se o lado A do vinil mantinha velocidade e agressividade características da banda, o lado B trazia faixas mais lentas e experimentais, agregando referências que iam do noise ao Black Sabbath. Pares como Mudhoney, Melvins e Queens of the Stone Age citam a influência do Black Flag. Kurt Cobain, líder do Nirvana, também sempre exaltou sua predileção por “My War”, inclusive elencando o disco como um de seus preferidos da vida em lista que consta no livro “Diários de Kurt Cobain”.  Atualmente, o Black Flag é composto, além de Ginn, por Harley Duggan (baixo), Charles Wiley (bateria) e o skatista profissional Mike Vallely (voz).

 

 

 

 

 

 

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