Nota: 10
Famosa, peculiar, conhecida no mundo inteiro como a capital das belas praias e belas mulheres, o Rio de Janeiro esconde uma face oculta, violenta, rebelde, impune, corrupta e ceifadora de inocentes.
Neste meio de ruas entre arco iris e caos, surgiu o Lacerated and Carbonized, representantes da nova geração do Death Metal, brutal impiedoso, técnico, pesado e claro, veloz!
Desmistificando que as terras cariocas são apenas “Futebol, carnaval, pagode e samba”, eles traze em suas letras realidades que vão na contra mão dos programas de TV, propagandas bem elaboradas que vendem falsas mensagens aos turistas.
Chainsaw Deflesher foi o primeiro lançamento dos quatro trabalhos da banda, e já indiciava o talento da banda com poucos recursos.
Num cenário que não basta ser bom, bem agenciado e disciplinado, eles se superaram a cada disco.
Posteriormente veio o “Homicidal Rapture” muito bem elogiado pela mídia.
O disco que consolidou a banda no cenário nacional e abriu portas no exterior chegou em 2013 “The Core of Disruption” (Confira entrevista com a banda na época).
Este disco trouxe enorme responsabilidade, manter o alto nível que colocou a banda na rota dos maiores gruposdo Death Metal Nacional.
3 anos depois eis que surge “Narcohell“, no final de 2016 a banda lançou este excelente CD, voltado ao cenário carioca de caos e violência, mesclando o português ao seu tradicional inglês das letras.
Os 10 anos da L.A.C demonstram a cada disco um simbolismo claro da maturidade da banda, Narcohell é claramente o ápice da carreira do grupo, um disco cheio de novos elementos muito bem estruturados.
Estúdio: HR
Mixagem e masterização: Andy Classen – Stage One Studio (Borgentreich – Alemanha)
Produção: Felipe Eregion e L.A.C.
Capa: Victor (Baterista)
Participações especiais:
Mike Hrubovcak (MONSTROSITY) – Faixa “Broken”
Marcus D’Angelo (CLAUSTOFOBIA) – Faixa “Bangu 3”
Formação:
Paulo Doc – Bass
Caio Mendonça – Guitars
Jonathan Cruz – Vocals
Victor Mendonça – Drumms
List songs:
01 – Spawned in Rage
02 – NarcoHell
03 – Bangu 3
04 – Severed Nation
05 – The Urge
06 – Broken
07 – Terminal Greed
08 – Condition Red
09 – Ruinous Breed
10 – Decree of Violence
11 – Parallel State
12 – Hell de Janeiro
13 – Mass Social Suicide
Prepare-se para 13 petardos!
A faixa inicia do disco (Spawned in Rage) abre uma sequência explicitamente pesada, como uma arma de guerra,vocais muito bem alinhados impulsionam o casamento perfeito de toda a cozinha, bases elevadas e um toque groove que encanta.
A segunda faixa (NarcoHell), a melhor do disco, tem uma introdução que mescla violência e velocidade.
A bateria se destaca com variações velozes, todo o entrosamento é notavelmente perceptivo, baixo e guitarra trabalham juntos em perfeita sincronia.
Bangu 3, faixa dedicada ao famoso presídio carioca, inicia com muito peso e cadência, se elevando rapidamente ao já identificado death metal da banda, Com a participação de Marcus (Claustrofobia) O refrão como é visto abaixo é cantado em português, os guturais se encaixam levemente coesos, e colam na mente, trazendo mensagens sociais de forte apelo:
“… Dura como eu te falei
A vida em Bangu 3
Mate pra sobreviver
A lei que eu te ensinei
Assassino, estuprador
Rancor da escassez
Mate pra sobreviver
O inferno em Bangu 3 …”
Severe Nation é quarta faixa, trazendo novas experiências, a faixa inicia muito chamativa, como um prenúncio a abertura de rodas, as viradas e decadências de tempo não são tão sentidas com impacto ruim, mas muito bem positivas, tornando o tema mais harmonioso, mesmo com o peso brutal do grupo. Durante a faixa nota-se a presença de teclados dando um toque especial.
The Urge, apresenta-se mais cadenciada, mais “tradicional”, onde bateria e baixo se casam novamente trabalhando em variações rítmicas alinhando-se aos solos bem trabalhados e harmoniosos, excelente.
Broken poderia facilmente ser o carro chefe deste disco, agressiva, violenta, foraz, uma verdadeira “Bomba mãe”, a faixa que contou com a participação de Mike Hrubovcak, provocação sensação de aventura (Não ouça em rodovias), explora um contexto de subidas de tom e baixas simultaneamente deixam a música extremamente suave e violenta ao mesmo tempo, mais uma grande demonstração de destreza na criação dos acordes.
Terminal Greed, sétima faixa mantém o gosto de nostalgia mesclado a inovação criado pelo grupo a longo do anos, porém cada vez mais evidenciado em “Narcohell”.
Condition Red, soa mais crua e intermitente, incansável, mantém um peso extremo bem cadenciado e desenvolvido, fugindo do mesmice.
Ruinous Breed nos traz para dentro de “The Core of Disruption”, poderia facilmente ser encaixada dentro do excelente disco anterior. Bem elaborada solos e bateria forma uma dupla regente desta canção, com guturais de ótima entonação.
Decree of Violence, a camisa 10 do disco, traz influências notórias de hardcore e thrash metal, esta faixa tem entrada fácil em qualquer rádio “Rock” que você possa conhecer. Pode ser a baladinha do disco, mas engana-se quem pensa que falta peso, excelente faixa.
Parallel State, é a amostra grátis, explicita, clara e gritante do experimentalismo do grupo com inovações.
Percussão e demais instrumentos não usuais no metal fazem parte da base desta faixa instrumental.
Hell de Janeiro, conforme trecho retirado da letra fica claro o porquê do nome escolhido da música:
“… Hell de Janeiro
Cartão postal do medo
Cidade pra ladrão …”
Traz a mensagem que traduz o que é viver na cidade, corrupção da polícia, crime organizado dominando a cidade, Onde “… Milícia, polícia e governo traficam …”.
A faixa harmoniosa em seu instrumental, com boas viradas de bateria casadas a base groove da guitarra, traz um apelo social, emocional e um grito de socorro para quem não tem literalmente onde se esconder ou correr.
Mass Social Suicide, encerra o excelente disco, com excelente visibilidade do baixo, guitarras trabalhadas de forma excelente, e o uso de elementos tribais dando um toque peculiar ao som.
A faixa que melhor se encaixou na busca da banda em fazer um som harmonioso, pesado, brutal e de mensagens sociais.
LACERATED AND CARBONIZED tem tudo para se tornar um dos maiores nomes do metal nacional, e cravar seu nome na cena mundial.
É possível notar que o L.A.C criou sua própria identidade, cheia de grooves, acordes reconhecidos nas
primeiras estrofes, e nunca se tornando enjoativos, um disco que pode ser ouvido 5 vezes ao dia e você terá a
sensação de ser a primeira.
Você pode ouvir o disco clicando no play abaixo (Canal oficial da banda):