Laurus Nobilis 2022
Fotos e review por @cremo_iu
Por força maior (Trabalhando) não fomos ao primeiro dia de Festival e vamos nos concentrar nas bandas que vimos e o que vimos.
O festival acontece em Vila Nova de Famalicão, 42 km de Porto, praticamente ao lado de Braga.
Durante os dias 21, 22 e 23 de julho tocaram um total de 22 bandas sendo duas delas Tributo.
No segundo dia começamos por Counteractt, banda madrilenha de Deathcore, trouxe ao Laurus uma versão do deathcore em alguns momentos muito pesada, em outros melódica.
De Madrid, mas com vocalista português, Luis apresenta vocais rasgados e uma estrutura musical brutal que flerta em vários momentos com o Death Técnico, agitaram o inicio de noite.
Na sequência foi momento de apreciar uma mutação feroz e impiedosa chamada Decapitaded que teve um dia antecipado na sua apresentação. Os poloneses que são referência no death metal extremo, e que estão em tour apresentando seu novo álbum, “Cancer Culture”, disco que muda um pouco os caminhos da banda, sem abandonar a carnificina do brutal death metal que os fizeram triunfar no meio do metal, agora há fortes influências do groove entre outros forças elementares.
Automaticamente se tornando a banda principal do festival ao lado do Lacuna Coil nestes últimos dois dias, devido ao cancelamento de ultimo momento das bandas At The Gates e Hate, os poloneses entregaram tudo e mais um pouco.
Com a entrada brutal de “Cancer Culture”, o chão tremeu, circle pit abriu, blast beats ecoaram , cérebros chacoalharam e muita gente não ficou parada.
A fúria de muita gente foi saciada com os riffs vindos da Polônia.
Quando passa um furacão no palco sempre fica uma pressão para a próxima banda, no caso a R.A.M.P não sentiu nenhum peso em dar sequência. O grupo formado em 1988 carrega experiência de sobra para qualquer situação, e um poderoso metal de vocais firmes, e uma linha de baixo ténue muito bem executada, apesar da mudança drástica de estilos, fizeram poeira subir e mantiveram todos os presentes até o fim do show.
Para fechar a nossa noite, Orphaned Land de Israel que é daquelas bandas que trás muito mais que apenas “metal”, trás em sua bagagem e melodias a sua cultura enraizada.
De heavy metal, a death melódico com riffs muito criativos trazendo a cultura do oriente médio em suas letras e melodias o grupo cativou e conquistou todo o recinto.
Tal vez das melhores escolhas do Laurus foi trazer os israelenses que fizeram um show inesquecível.
Day 3
A primeira banda foi a Basalto, Doom/Stoner Metal oriunda dos lados de Viseu entre centro e norte de Portugal.
A banda trouxe uma versão um pouco mais acelerada de suas músicas, muito peso e graves ligados. Claramente a intenção do grupo era incendiar o fim de tarde para a sequência que viria no último dia de festival.
Apesar das tradicionais músicas longas tradicionais do estilo, o grupo pratica um peso que soa suave aos ouvidos ao mesmo tempo em que despeja caos.
Sempre que tenho de definir uma banda como “Metal alternativo” fica um certo vazio na descrição, ao menos para mim. Depois de ouvir as primeiras músicas de Blame Zeus, vou dizer “Obra de arte”!
Com uma voz sensacional de Sandra, o grupo flerta com vários elementos, que dizer apenas metal alternativo seria injusto, rock, até mesmo uma dose muito suave de grunge a linhas melódicas de heavy metal rondam suas músicas. Playlist pra colocar no carro e entrar na estrada com vento no rosto, a Blame Zeus fez o público entrar numa viagem no fim de semana.
Convocada de última hora para diminuir os impactos das ausências já citadas anteriormente, a banda Nihility tinha uma missão difícil, que foi resolvida com facilidade.
O nome foi muito bem escolhido, trouxeram uma grande dose de um suntuoso Death Metal, arrasador, devastador!
Implacáveis numa sequência explosiva de riffs e bombas lancinantes minimizaram ao máximo a ausência dos grandes nomes cancelados.
Chegaram a dizer que era a sua primeira vez a frente de tamanho público, posso dizer que foi imaculado!
Esteve entre os melhores shows!
O espanhóis da Eternal Psycho (Que já estiveram no nosso festival online , link aqui) fizeram o que melhor sabem, uma apresentação de peso liderada pelas vozes de Beka e os riffs de Jorge.
De metal Industrial que flerta algumas vezes ao metalcore, presença de palco e boas rodas, o grupo mostrou porque é uma das sensações do metal espanhol na atualidade.
O brutal death/Grind francês, a Benighted chegando “metendo o pé na porta” literalmente. Com Julien Truchan descalço, destilaram todo seu veneno mais intenso e visceral, sem dar tempo para respirar, eles emplacaram tiro a após tiro, tornando o campo do circle pit um verdadeiro caos insano!
Com as mudanças de horário que o festival se viu obrigado a fazer, a Downfall of Mankind ficou para as 22:00. O grupo que é das sensações do Underground português, muito pela sua qualidade e postura.
O grupo trás um deathcore inovador, trouxe músicas do seu novo disco “Vile Birth“, mostrando que não era apenas um “boom” passageiro, o disco reafirma a qualidade da banda e marca terreno como uma das bandas mais promissoras do país.
Já esperado, seu show foi repleto de rodas, moshs e até mesmo surfing.
Para encerrar o festival, os aclamados italianos da Lacuna Coil fizeram uma apresentação obscura, pesada e sombria premiando todos os esforços da produção em manter um bom festival do inicio ao fim.
A sequência “Blood, Tears, Dust, “, “Reckless“, “Trip the Darkness” , os vocais sempre opostos e ao mesmo tempo que se auto completam de Andrea e Cristina levaram ao delírio todos ávidos de saciar seu lado mais exigente das profundezas.
“Apocalypse” levou literalmente há uma hecatombe seguido por “Layers of Time” e “Heaven’s a Lie“.
Lacuna Coil assumiu a responsabilidade de principal headliner no Festival, satisfez e excedeu todos os gostos e pedidos.
Set List Completo:
Blood, Tears, Dust
Reckless
Trip the Darkness
Apocalypse
Layers of Time
Heaven’s a Lie
Tight Rope XX
Kill the Light
Sword of Anger
Downfall
End of Time
Now or Never
My Demons
Delirium
Enjoy the Silence
(Depeche Mode cover)
Veneficium
Our Truth
The House of Shame
Nothing Stands in Our Way
Laurus Nobilis é um festival em ascensão que já subiu vários degraus e esta edição pós pandemia com certeza serviu de grande aprendizado e elevou o nível do evento a um outro grau.
Pese as dificuldades que a pandemia trouxe, modificações no cartaz, e o cancelamento em cima da hora de dois headliners em que o Festival não teve tempo hábil para substituir a altura e trabalhou com material de casa (muito bem escolhido) o saldo foi positivo. Desde a presença de Manowar ao público fiel que esteve presente nos 3 dias.
É notório que o recinto comportava muito mais do que se havia de público, e de forma geral teve uma boa assistência .
A crítica fica para o camping em que provavelmente se esperava menos tendas do que houve, e um dos lados do do espaço não tinha a grama cortada, nem sistema de iluminação.
Boas opções de bebida e alimentação serviram bem o público, além de parceria com os comboios (Trens) de Portugal para facilitar o ir e vir daqueles que não queriam acampar, tendo em conta que apesar da proximidade com Porto e Braga o acesso não era tão fácil caso não fossem pelos comboios.
A certeza é que em 2023 espera-se um Festival num novo degrau que ele próprio galgou merecidamente.
Dar créditos a @culturaempeso Fotos @cremo_iu
Fotos bandas:
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Fotos público:
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