A coluna mulheres em cena entrevistou Letícia Lopes vocalista da banda emergente de rock alternativo Trash no Star.  Um artista contornou tudo para gente sobre a banda que foi formada em 2010 na baixada fluminense no Rio de Janeiro contornou para gente os desafios de ser uma mulher de frente ao comando da banda, com a rotina caótica que envolve ser pai e mãe de três crianças e ainda administrar um centro cultural, um Motim que se manteve na ativa de 2016 até abril desse ano. A banda que é conhecida pelo seu som cru e com uma sonoridade única e underground, vem ganhando espaço no cenário musical underground. Durante esses anos de história, intercalaram seus dois lançamentos – Single Ladies (2013) e Stay Creepy: (no)Summer Hits (2014, os Singles ‘Single Ladies’ (2023) e Bobagem (2024)

Cultura em Peso: Como vocês lidam com o estereótipo de gênero no mundo da música?

R: A gente lida selecionando os lugares e parcerias que vamos firmar. Depois de mais de 10 anos de banda, foi importante criar espaços de fortalecimento para enfrentar o mundo e resistir para ganhar espaço e contar histórias que vão além de falar sobre a nossa dor. 
 
 Quais foram os momentos mais desafiadores que vocês enfrentaram e como superaram os desafios?
R: Para pessoas como nós, que fazem parte da classe trabalhadora, é muito difícil conseguir momentos de ócio para produzir ou vivenciar arte. Portanto, viver em si é muito exigente. Embora não haja o mínimo de patrimônio no acesso à educação e às condições de vida, não tem como dizer que superamos algo. Vivemos constantemente em luta, no processo.
Como vocês escolhem os locais para se apresentar e quais os critérios mais importantes a serem considerados?
R: É importante considerar que a produção do evento faz sentido pra gente. O que significa garantir segurança e acesso ao público, com preços acessíveis, equipe homologada contra possíveis episódios de assédio e demais violências de gênero
Quais são os maiores mitos sobre mulheres na música que vocês gostariam de desmascarar? 
R: O de que banda com mulher é estilo musical. Infelizmente, junto com a luta pelo espaço para as mulheres na música, nos colocamos nesse “sub-gênero” da música, e tem sido difícil desvencilhar.
Como abordar a diversidade sobre e inclusão, considerando origens étnicas, culturais e experiências?
R: Nossa abordagem é nossa própria existência. E por isso o novo disco vai se chamar “Existir é resistir!”
Pra gente, existir significa resistir e lutar o tempo todo, e nossa presença no palco reforça a mensagem de que esse local também pertence às mulheres, mães, pessoas pretas e LGBT .
Como equilibrar a criatividade individual com a coesão da banda, especialmente considerando diferentes visões?
R: Nosso processo de composição é coletivo, e nossos gostos e referências são muito parecidos, o que torna o processo bastante fluido.
Como vocês lidam com críticas ou comentários sexistas e racistas em relação ao trabalho de vocês?
R: Ainda não recebemos haters nesse nível, mas caso isso aconteça algum dia, nada que um soco na cara não resolva .
Você tem alguma experiência ou colaboração que gostaria de compartilhar?
R: Nosso próximo disco, Existir é Resistir, tem recebido a colaboração de muita gente querida, e que representa grande importância em nossa trajetória. Estamos muito animados e emocionados com o lançamento desse trabalho
Como vocês acreditam que a música pode ser uma ferramenta para promover a igualdade de gênero e raça e amplificar as vozes das mulheres no mundo?
R: Como falamos anteriormente, é através da nossa existência que vamos reforçar nosso lugar na cena musical. Local esse que sempre foi nosso, e que, apesar das forças bastantes provocadas por uma suposta elite musical que insiste em dominar o cenário em todas as esferas, continuamos por teimosia & ódio mesmo.
Fale um pouco sobre próximos projetos e agenda da banda
R: Nosso próximo single, Bobagem, tem previsão de ser lançado no dia 19 de agosto de 2024, e conta com a participação de Reynaldo da banda Plastic Fire. Bobagem e todas as músicas do disco ‘Existir é Resistir’, foram gravadas no Motim, espaço cultural situado em Vila Isabel e que a Lety (Guitarra e voz), administrada desde 2016. Portanto, o lançamento deste disco tem uma importância muito grande na nossa trajetória enquanto banda, pois tivemos participação total em todo o processo, desde o pré até a finalização do projeto, contando com várias mãos de amigas e profissionais muito queridos. Vita Parente gravou todas as baterias, Lety ficou com a captação dos demais instrumentos e voz, a mix e master virão assinadas por Leo Moreira, o “Shogun”, arte visual de Hanna Halm, fotos de Marcela Valverde e assessoria de comunicação de Lívia da Notas de viagem de ônibus.
Como vocês enxergam o papel das redes sociais e internet na promoção da música feita por mulheres
R: As pessoas enxergam as redes sociais como uma ferramenta facilitadora, mas nunca como a única fonte de comunicação. Gostamos mesmo é do cara a cara, frequentar os lugares, trocar idéias com pessoas, conhecer gente nova, nos organizar para nossos shows.
Quais regras ou ritos vocês usam para se comunicar com os fãs?
R: Ainda não consideramos que tenhamos fãs. Conhecemos as pessoas que colam nos shows, ou que dão play nos vídeos e demais publicações das redes sociais. Mesmo que esse contato não seja direto, ainda temos essa facilidade em nos comunicar pessoalmente ou online com todo o mundo. Então não tem muita regra, e diz muito sobre estar junto e construir redes.
https://www.youtube.com/watch?v=Jh_X9-LmsUU
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