Conforme fonte “Blabbermouth.net“, em uma entrevista recente ao Metal Global, Marko Hietala, ex-baixista e vocalista do Nightwish, abriu o coração sobre sua decisão de deixar a banda em 2021, além de refletir sobre os desafios pessoais que o levaram a essa escolha. A entrevista, conduzida por Jorge Botas, revelou que Hietala já se arrependia de sua saída enquanto ainda estava no processo de desvinculação. Ele revelou que suas batalhas com depressão e ansiedade, que o afetaram profundamente durante os últimos anos de sua carreira no Nightwish, foram determinantes para a decisão de dar um passo atrás e focar em sua saúde mental.
Hietala compartilhou que os problemas emocionais começaram a se agravar, tornando-se quase insuportáveis ao longo do tempo. Ele relatou como a pressão da vida na estrada, somada ao isolamento social que as turnês frequentemente causam, amplificaram sua depressão. “Eu estava me arrependendo de já quando eu estava deixando [o Nightwish], mas não era só com a banda. Eu estava deixando tudo, todas as responsabilidades, tudo. Eu realmente não queria ir, estava me sentindo muito mal. Se eu fosse para a estrada, seria um estresse ainda maior, eu ficaria sozinho e a situação pioraria,” explicou o músico.
A revelação de que Hietala enfrentava dificuldades com o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) também foi um ponto crucial da entrevista. O músico revelou que foi um psiquiatra na Espanha que sugeriu a possibilidade de TDAH, algo que ele nunca havia considerado antes. “Eu estava perdido em tudo o que fazia, tudo parecia uma bagunça. E então, eu comecei a perceber que isso se relacionava com o TDAH, algo que explicava muitos dos meus sentimentos de incapacidade e frustração”, disse Hietala. O diagnóstico, embora surpreendente, trouxe-lhe um alívio, pois explicou muitas das dificuldades que ele havia enfrentado ao longo de sua vida, desde a infância.
Apesar do diagnóstico, Hietala deixou claro que o impacto de sua saída do Nightwish foi muito mais do que questões profissionais. Ele mencionou como a solidão, muitas vezes exacerbada pela vida de turnê, o afetava emocionalmente, algo que ele reconheceu como uma questão de saúde grave. “O isolamento social é um caminho lento para a morte, a solidão é um assassino”, afirmou. Ele também revelou que, ao perceber que não poderia continuar na banda sem resolver essas questões internas, decidiu dar um tempo de tudo e se afastar.
O período após sua saída foi de grande reflexão para o músico, que buscou ajuda profissional e se afastou de tudo para focar em sua recuperação. Durante esse período, ele passou algum tempo na Espanha, onde buscou tratamentos e começou a entender melhor seu quadro clínico. O apoio de sua esposa e seu cachorro também foi fundamental para que ele conseguisse se manter no caminho da recuperação.
Em relação à sua trajetória no Nightwish, Hietala afirmou que, apesar dos desafios internos e organizacionais, ele sempre apoiou o trabalho musical da banda. “Não me arrependo da música que fizemos no Nightwish, porque sempre adorei criar músicas versáteis e ambiciosas, com uma gama de atmosferas e estilos diferentes”, declarou ele. No entanto, ele também destacou que a estrutura interna da banda, especialmente no que se refere às relações de trabalho e à gestão dos negócios, foi uma das razões que o motivaram a sair. Hietala ainda revelou que, caso uma reunião com a formação clássica fosse possível, seria necessário um profundo ajuste na estrutura da banda, tanto nos negócios quanto na dinâmica interna.
Ainda que tenha se afastado da banda, Hietala não exclui a possibilidade de, no futuro, considerar algum tipo de colaboração com o Nightwish, mas enfatizou que a condição para isso seria uma reestruturação interna. “Eu tenho a força e a coragem para ser honesto e justo, sempre defendendo a justiça entre as pessoas e cuidando de todos. Isso foi o que faltou nos últimos anos”, afirmou ele, ressaltando a importância de transparência e uma dinâmica de respeito mútuo dentro da banda.
Em outras entrevistas, Hietala também revelou como o período durante a pandemia foi decisivo para sua escolha de deixar a banda. Com o distanciamento social e o tempo em casa, ele teve a oportunidade de refletir profundamente sobre sua saúde mental e o futuro. O músico revelou que, ao longo dos anos, sua condição de depressão crônica e insônia o levaram a aumentar a dosagem de medicamentos, sem resultados satisfatórios. “Eu era incapaz de lidar com a vida como ela estava. Eu já estava vendo que se continuasse com isso, ia piorar ainda mais”, explicou. Ele também mencionou que o período de divórcio que enfrentou em 2016 foi um dos momentos mais difíceis de sua vida, um período de grande dor emocional que, de certa forma, contribuiu para o agravamento de sua saúde mental.
Por fim, Hietala afirmou que está se sentindo muito melhor agora. “Agora que entendo o que estava acontecendo comigo, posso finalmente me perdoar e entender que, com o conhecimento que eu tinha na época, não poderia ter agido de maneira diferente. Isso trouxe um alívio imenso”, disse ele, refletindo sobre sua recuperação e os aprendizados que obteve ao longo do processo.
Atualmente, Marko Hietala está focado em sua carreira solo. Seu novo álbum, Roses From The Deep, será lançado em 7 de fevereiro de 2025, e o músico se mostrou animado para compartilhar novas músicas com seus fãs. Apesar de sua saída do Nightwish, Hietala continua apaixonado pela música e pela possibilidade de explorar novos caminhos criativos em sua carreira.
Fonte: Blabbermouth.net