Marky Ramone confortável em sua linda bateria. Fotos: @dionatamosley

Em sua mais recente passagem por Porto Alegre, após sete longos anos, na última terça-feira, 10 de outubro, no Opinião, Marky Ramone mostrou não só estar mais do que em excelente forma física, mas que continua sendo um um cara tranquilão, simples e sincero. E mais: está levando a sério a tarefa de dar continuidade ao legado da maior banda de punk rock de todos os tempos, em show que o grupo executa quase 40 sucessos dos Ramones em cerca de duas horas, lavando a alma da plateia e prestando um serviço para as novas gerações.

Não foi a primeira e nem a segunda passagem do lendário baterista em solo porto-alegrense – e comemoremos estarmos na lista, porque o Rio de Janeiro, por exemplo, ficou de fora desta turnê. Seja como integrante do eterno Ramones, ou como músico convidado de outras bandas, como foi ocorreu com a gaúcha Tequila Baby, em 2006, ou como líderança suprema da sua Marky Ramone’s Blitzkrieg – formada pelos excelente Pela (voz), Martin Sauan (baixo) e Gallo (guitarra), o músico faz questão de fixar-se hoje como o bastião da memória da maior banda de punk rock de todos os tempos (não podemos esquecer que Richie Ramone, baterista dos Ramones de 1983-1987, também vem aí, seu show está marcado para 18 de novembro).

O excelente vocalista da Marky Ramone’s Blitzkrieg, Pela @dionatamosley

Mas Marky com certeza tem um carisma diferenciado, além do fato de a proposta de sua banda ser justamente resgatar e teletransportar o público para o ambiente criado há 50 anos: o clube de música Country, Bluegrass, and Blues and Other Music For Uplifting Gormandizers (CBGB) conhecido como o berço do Punk Rock, e foi isso que aconteceu. “Assistir a um show de Marky Ramone’s Blitzkrieg é como transportar-se para uma apresentação dos Ramones no CBGB’s ou em outro lugar do mundo, vivenciar toda a energia crua do mais puro rock’n’roll e fazer parte da história, mesmo que você tenha nascido depois do fim da banda e não tenha tido a oportunidade de vê-los ao vivo”, dizia a nota de divulgação para a imprensa.

Sua passagem pelas bandas de cá foi pra lá de celebrada: a começar pela sensibilidade da produção de possibilitar que pais levassem seus filhos de até 14 anos de graça no show, como forma de incluir uma geração que está começando a tomar gosto pelo rock, para o orgulho de seus pais. E começar a vida de roqueiro assistindo um dos únicos remanescentes dos Ramones – tocando exclusivamente o repertório de clássicos – é um privilégio para pouquíssimos.

Leo, 13 anos, em seu primeiro show internacional de rock, foi um dos beneficiados pela promo

O show começou por voltas das 20h, com a abertura da gaúcha Punkzilla, que foi escolhida por meio de votação popular para abrir o espetáculo. Banda de punk rock “raiz” formada em agosto de 2014 em Porto Alegre, conta com uma série de composições próprias, como o single Eu tenho medo das Pessoas de Bem e Eu odeio o V​é​io da Van!, ambas divertidas e politizadas, como o punk deve ser. Aliás, essa é justamente a proposta da Punkzilla: resgatar o estilo mais hardcore que surgiu na década de 80, “mas sem se prender a rótulos e sempre com a mente aberta para novas sonoridades”. Entre suas influências, estão: Dead Kennedys, Black Flag, Descendents, Cólera, Replicantes, Misfits, Circle Jerks, Minor Threat, Bad Brains, Garotos Podres, entre outros. Um show digno de punk rock na sua essência.

Punkzilla foi a escolhida por voto popular para abrir o show e mandou muito bem. Crédito: Liva Meimes

Marky Ramone’s Blitzkrieg atrasou mais de meia hora para entrar no palco, e a ansiedade do público – que esperou 7 anos para esse retorno – só aumentava, mas de nava adiantava lamentar: o clima já estava “dominado” pela imaginário punk. E, para a alegria dos fãs mais “old school”, teve de tudo, a começar pelo clássic Rock ‘n’ Roll High School, paasando por absolutamente todo o repertório de sucessos dos Ramones, de sons mais pop, como “Pet Sematary”, passando pelas mais românticas, como “Oh Oh I Love Her So”, sempre tocado aceleradíssimo, num clima que lembrava o álbum Loco Live. Tudo perfeito, tudo para ficar na história.

Set List

1.Rock ‘n’ Roll High School
2.Havana Affair
3.Teenage Lobotomy
4.Commando
5.Beat on the Brat
6.I Don’t Care
7.Sheena Is a Punk Rocker
8.Now I Wanna Sniff Some Glue
9.We’re a Happy Family
10.You Sound Like You’re Sick
11.Rockaway Beach
12.Gimme Gimme Shock Treatment
13.Let’s Dance
14.Surfin’ Bird
15.Judy Is a Punk
16.I Wanna Be Your Boyfriend
17.She’s a Sensation
18.The KKK Took My Baby Away
19.Pet Sematary
20.I Wanna Be Sedated
21.Oh Oh I Love Her So
22.California Sun
23.I Don’t Wanna Walk Around With You
24.Pinhead
25.Cretin Hop
26.Tomorrow She Goes Away
27.Sitting in My Room
28.Chain Saw
29.She’s the One
30.Listen to My Heart
31.Anxiety
32.R.A.M.O.N.E.S.

Bis:
33.Do You Wanna Dance?
34.You’re Gonna Kill That Girl
35.Glad to See You Go
36.Have You Ever Seen the Rain?
37.What a Wonderful World
38.Blitzkrieg Bop

Sempre tranquilão e muito atencioso com o público, Marky é nota mil. Crédito: Leo Meimes

Confira, abaixo, a cobertura fotográfica de @dionatamosley

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