A banda fundada por Buzz Osborne (guitarrista e vocalista) e Dale Crover (baterista e vocalista), aos quais se juntou o sempre bem-disposto Steven McDonald (baixista e vocalista), não poderiam celebrar os 40 anos de carreira de melhor forma!
Num concerto de casa cheia sob a batuta da Prime Artists, o Capitólio foi pequeno para tanta adesão. Numa tarde quente e com o palco já pré-aquecido pelos vianenses Vircator, a malta só teve intervalo para ir buscar uma cerveja ao bar e voltar para o melhor lugar possível, para testemunhar a passagem destes pioneiros do grunge e do sludge. Afinal, as conversas mais audíveis da malta, juravam com convicção que foram estes os riffs crus e estas construções despreocupadas que muito inspiraram bandas como Nirvana, Soundgarden, Mudhoney, Meat Puppets, Mad Season, Tad, Helmet, e muitos outros.
A entrada deu-se sob o empréstimo do “Take on me” dos germânicos A-ah, que serviu para anunciar a entrada em palco do trio tão esperado. Logo que assumiram as suas posições e após primeiras saudações, os primeiros riffs dos Melvins: Snake Appeal.
A famosa cabeleira de Buzz Osborne acompanhava a energia da sua guitarra, ao longo de Zodiac e Copache e por aí fora. Pelo meio, a excelente versão melviana do tema I Want to Hold Your Hand dos Beatles, para depois revisitar Hammering, Never say you’re sorry e EvilNew War God.
Seguiu-se a moderada calmaria com Let it all be, Blood Witch e Your Blessened. Porém, ao primeiro acorde de A History of Bad Men, rapidamente a festa subiu de intensidade. E para fechar em grande, com a grandiosidade que Honey Bucket, Revolve e Night Goat certificaram a carreira destes senhores.
Sim meu caros, estes senhores proporcionaram aos lisboetas uma festa do crl em que foi impossível permanecer quietinho. Até os fotógrafos presentes não se contiveram em embarcar na energia flutuante do Capitólio e, assegurado o serviço, lá os vimos a abanar o crânio, a saudar e a aplaudir este magnífico concerto. E nós com eles!… óbvio.
Após a Tour do 40º Aniversário, os Melvins deixaram-nos com vontade de participar no 41º, 42º, 43º…. que venham. Sempre!
Vircator
A abertura ficou a cargo dos Vircator, nascidos e criados em Viana do Castelo, com o seu Post-metal Instrumental que reuniu a atenção dos presentes logo de inicio.
Guitarras distorcidas, pesadas e atmosféricas com acentuadas variações que nos levam de alguma forma a viajar, talvez por isso, o último álbum da banda seja composto por temas com nomes de antigas civilizações.
Foi precisamente com todo o alinhamento de “Bootstrap Paradox”, (que saiu este ano e que recomendamos vivamente) que fomos brindados nesta atuação. “Egypt” foi o tema de abertura.
Decididamente o estilo musical dos Vircator é uma escolha quase sempre consensual no meio da música pesada, uma vez que é composto por várias influências desde o rock até ao metal.
Um set de pouco mais de meia hora foi o suficiente para deixar os presentes rendidos ao quarteto que veio do norte, algo que foi provado quando o guitarrista José Cruz pediu de braços no ar que lhe respondessem de volta, ao que público rapidamente acedeu mostrando o agrado com a atuação dos Vircator.
Da nossa parte fica a vontade de os rever, mas agora em nome próprio e durante muito mais do que meia hora! É que a ouvi-los, o tempo auto-suspende-se e… não passa.