Já faz algum tempo, que esse assunto é frequentemente debatido, principalmente nas redes sociais. Aqui no Brasil temos a famosa polarização política, fruto da ascensão da extrema direita e da bancada evangélica, contra os partidos e frentes que defendem ideais progressistas e humanistas.
Esse fenômeno abalou as estruturas políticas do Brasil e dividiu a nação. E não foi só no Brasil, não. No mundo inteiro parece se tratar de uma batalha ideológica ferrenha, onde escolher um lado e tomar partido parece ter se tornado necessário.
Mas fugir do debate/embate e ignorar que fazemos política desde a hora que acordamos não parece resolver os problemas.
Por que digo isso? O brasileiro tende a entender que falar de política ou debater o assunto é defender algum partido específico, ou até alguma ideologia, o que está muito longe de ser regra.
Conhecer, estudar e debater a política é a única maneira de entendermos os processos e regimes políticos e, com base nisso, fazer uma escolha sensata, baseada em quais valores nos identificamos.
O Metal, por si só, tem sua história marcada por bandas que criticaram a sociedade, suas relações e valores. E isso também é fazer política. Se não acredita em mim, veja as letras do Sabbath, Judas e Iron, só pra citar a santíssima trindade.
Se formos falar de Thrash Metal, a lista é enorme. Dito isso, percebemos que é possível traçar um perfil de quem se incomoda com bandas que abordam temas políticos, muitas vezes apelidadas de “bandas de protesto”.
São pessoas que demonstram aversão com temas progressistas, humanistas e de “esquerda”.
Alguns desses acreditam que todos os políticos são iguais (discípulos de Lemmy), ou que acreditam nos ideais de direita. Alguns desses indivíduos afirmam não se importar com a mensagem nas letras das bandas que curtem, desde que estas não defendam o cristianismo.
Enfim, o famoso “dois pesos, duas medidas”.
O curioso é que a crítica nunca vem para bandas que defendem ideais de direita (mas espere um pouco, existe alguma?).
Mas o fato é que PRECISAMOS entender o assunto para que nossa opinião tenha cada vez mais valor e seja baseada em fatos concretos.
Vivemos em uma Era de despertar para alguns tópicos humanistas, mas em contrapartida temos um obscurantismo crescente, um negacionismo latente e revisionismo histórico em níveis assustadores. É preciso estarmos atentos para as tentativas de recriar os horrores históricos que já vivemos, como o holocausto e a escravatura.
Bandas de Metal sempre tiveram muitos exemplos de como abordar esses temas de maneira inteligente e questionadora, e não é agora que isso vai mudar. Cabe observar também que na sua maioria esmagadora, as bandas que abordam temas humanistas, não levantam bandeira de partido algum.
Então “se doer” com essas bandas soa até infantil. Claro, ninguém é obrigado a apreciar temas que não lhe apetecem, e muitos admitem curtir o Metal apenas como entretenimento, não importando o que as bandas falam em suas letras.
Mas é inegável o poder transformador da música e como ela é eficiente em transmitir uma mensagem. Se há um momento para abordar temas sociais e humanos e se posicionar perante as mazelas sociais que experimentamos diariamente, é agora.
Diante desse caos constante em que vivemos, basta olhar ao nosso redor para perceber que a inspiração brota sem muito esforço.
E, novamente, não há e nunca houve uma obrigatoriedade, isso parte de cada artista em se sentir confortável para falar dessas questões. Mas uma coisa é certa: nunca conseguiram calar os artistas que se posicionaram no passado e não é agora que isso vai acontecer.
Em breve teremos uma nova eleição e nunca é demais estar de olho no que representa cada candidato, mas principalmente quais são os valores defendidos pela sua legenda. Se a sua opção é votar, conheça bem os ideais da legenda em que ele está afiliado.
Lembre-se de que sozinho ele não tem poder de mudar nada e acreditar em messias é confundir religião e política.
Aliás, nunca se viu esses dois temas andarem tão juntos, infelizmente. Mas se isso acontece, a culpa é de quem? Quem elege os pastores, fanáticos religiosos, corruptos e fascistas? Você não vota? Vota nulo? Bom, nesse caso você deixa para os outros escolherem em seu lugar.
De qualquer forma, chorar o leite derramado parece ser a sina do nosso povo. Prevenção não parece ser o nosso forte. Talvez só haja duas formas de mudar essa realidade.
Através de uma revolução armada e sangrenta ou através do voto. Posso estar enganado, mas parece que ao longo da história perdemos nossa gana por justiça e o brio necessário para organizar uma revolução, com isso só nos resta uma alternativa…
Então, antes de chamar de chata a banda que se levanta e coloca a boca no trombone ou antes de apelidar de “banda de protesto”, reflita se essa atitude de fugir do debate ou negar a necessidade de política em nossas vidas colabora para perpetuar esse legado de povo alienado e que “não gosta de política”.
É possível mudar, ainda há tempo, mas é preciso agir…
Revisão de texto, Ju Elias
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