Em um sábado ensolarado, sem previsão de chuvas, no meio de um feriado, foi um dia muito propício para a saga de shows que era prenunciado. Chegamos ao Allianz Park Arena por volta das 10:30 e, como estacionei o carro longe, mas em lugar estratégico (já pensando na volta), descendo as ruas, se aproximando do local do show, já dava para sentir bem o clima que encontraríamos. Prenuncio de que o lugar iria pegar fogo logo mais. O credenciamento foi tranquilo, rápido, agilizado e pouco antes das 11:00 já estava dentro do Estádio aguardando ansiosamente pela primeira atração do dia. Quero destacar que não poderia haver lugar melhor estruturado para um show dessa magnitude; o local fica perto de metro, trem, para quem foi de carro perto das Marginais, ou seja, além de bem localizado, a estrutura do local é fantástica. Banheiros com fácil acesso (não tinha aqueles horríveis banheiros químicos), a venda de bebidas e comidas eram bem agilizados, não criaram filas imensas, a cada hora passava alguém no meio da galera vendendo cerveja, água, etc; além de wi-fi disponível a todos e por incrível que pareça funcionando. Nota 10 para a organização do evento.

Antes de começar o show, os apresentadores do evento Tatola (89 FM) e Walcir (Woodstock discos) apresentaram para galera o guitarrista Brasileiro que acompanha a Doro e que também é guitarrista do I Am Morbid, o guitarrista Bill Hudson, que já ficou por lá pra tocar. Pontualmente às 11:30 sobe no palco a primeira atração desse tão esperado dia. E se você quer começar bem um Festival dessa amplitude chama a Doro. Um show para levantar o publico presente, que ainda era pequeno e tímido, mas que foi aumentando durante a apresentação dessa maravilhosa banda. Sim, me surpreendeu a energia e o carisma da ex vocalista do Warlock, Doro sabe como poucos levantar a galera e teve o publico na mão o tempo todo, também fica fácil com músicas como “Earthshaker Rock“, “Fight for Rock” e outros clássicos são músicas fortes, refrões envolventes, mas o ponto alto desse show foi na “All We Are“, Doro interagia bem com a galera presente, que foi bem receptiva com ela também, com essa sinergia termina o surpreendente show, que deixou um gostinho de “quero mais”, pena que ainda estava vazio e a galera ainda não tinha se aquecido direito.

Crédito foto: Ricardo Matsukawa | Flirck Mercury Concerts

A segunda banda a pisar no palco sagrado do Rock foi o Symphony X. A banda Estadunidense de Metal progressivo era muito esperada, ouvi muita gente dizer que era o show que mais queriam ver do Festival, entram no palco pontualmente às 12:30 e parece que havia alguma coisa errada. O técnico da mesa não conseguia equalizar direito o som e tirou um pouco do brilho do espetáculo. O guitarrista Michael Romeo é um cara diferenciado, toca com uma maestria ímpar e junto com o Baixista Michael Lepond fazem uma dupla de músicos diferenciados, os caras são fora da curva, muito técnicos, o destaque desse show foi a excelente Sea of Lies que tem solo de guitarra, de baixo, de teclado; os caras são músicos fabulosos, é uma aula de virtuosidade, pena que foram prejudicados pelo som e pela galera que ainda não estava muito empolgada.

Crédito foto: Ricardo Matsukawa | Flirck Mercury Concerts

A pontualidade foi um diferencial nesse evento, as bandas entravam no palco exatamente no horário, nada daquelas trocas de palco intermináveis (para a felicidade do idoso aqui que vos escreve), portanto previsivelmente às 13:30 entra no palco o Candlemass. A banda Sueca não estava anunciada originalmente no Festival, mas por conta da saída do Saxon (tiveram um problema com o guitarrista Paul Quinn) o Candlemass foi chamado e para mim era uma das bandas que eu gostaria muito de assistir e não me decepcionaram. Que show fantástico. A banda formada em 1984 faz um Doom Metal com muita propriedade, o show dos caras é pesado, denso, os bumbos batem no peito. Um peso ao estilo Black Sabbath, aliás o timbre de voz de Johann Langqvist parece muito com o do Dio. A galera já estava chegando aos montes nessa altura, e quem criticou a substituição do Saxon pelo Candlemass teve que aceitar que o substituto silenciou a todos com um show inesquecível.

Crédito foto: Ricardo Matsukawa | Flirck Mercury Concerts

Já eram 15:00 quando o Helloween entrou no palco. Uma falha no cair da bandeira que cobria o palco na troca de bandas fez com que metade da primeira música fosse prejudicada visualmente (porque o som estava maravilhoso), mas isso em nada prejudicou o show, resolvido o problema vimos um Helloween empolgante, intenso, e a galera entrou no jogo de verdade agora, foi um show surpreendente, visceral, kai Hansen cantando o hino “Ride the Sky” foi lindo de ver, a banda se movimentava bem no palco, toda hora interagiam com o publico em todos lugares que podiam e a galera respondeu a altura. O visual do palco estava bem legal também, a bateria encapada em uma abóbora gigante, o baixo em formato de abóbora, estava bem legal. O ponto mais empolgante do show foi seu final, quando eles tocaram “I Want Out”. Nessa hora vários balões abóboras foram lançados na platéia que ficou fazendo um baile batendo as bolas de um lado pro outro, dando um show a parte com a banda. Apesar do Helloween ter vindo a pouco tempo pro Brasil eu garanto que ninguém se decepcionou em vê-los, quando o show acabou parecia que tinham tocado 3 músicas, passou muito rápido o tempo, o show foi tão bom que nem percebemos ele passar.

Crédito foto: Ricardo Matsukawa | Flirck Mercury Concerts

Às 16:30 o Deep Purple entra no palco já com os dois pés na porta, “Highway Star” logo de cara derrubou o estádio e colocou fogo no público que ali estava esperando tão ansiosamente por esse show, é incrível ver a energia que esses Senhores do Rock tem ao vivo, eu nunca tinha visto eles ao vivo e fiquei de queixo caído, emendavam um clássico atrás do outro, Simon McBride, guitarrista que teve o peso de substituir Steve Morse não se abalou com o gigante estádio e fez um show impecável, agora o show a parte foi por conta do tecladista Don Airey, sim aquele que acompanhou o Ozzy no início da carreira (tinha um bonequinho do mesmo sobre seu teclado) e nos brindou com a introdução de “Mr. Crowley” e entre um mix de músicas como “Brasileirinho“, “Tico tico no fubá”, “Meu Brasil Brasileiro“, uma pausa, um vinho, foi sensacional, as entradas para “Lazy” e “Perfect Strangers” foram surreais, foi um show acima das expectativas, os caras fecharam com os clássicos “Smoke on the Water” e “Hush” deixando os fãs completamente satisfeitos e extasiados, Gillan, Paice e Grover tocaram com uma leveza incrível, um show memorável.

Crédito foto: Ricardo Matsukawa | Flirck Mercury Concerts

Depois de um showzasso como o do Deep Purple, a expectativa para ver o Scorpions era enorme, digo isso porque o som do local estava fantástico, mas a massa sonora que o Scorpion trouxe foi impressionante, que peso, Mikkey Dee é anormal, soca a bateria com muita intensidade, Matthias Jabs tocando um sopro na “The Zoo” junto com o solo é muito legal, o Scorpions fez aquele show para fãs, passearam entre vários clássicos, destaco aqui a emocionante “Wind of Change”, “Big City Night”, é um clássico atrás de outro, agora o solo de bateria do Mikkey Dee foi de uma monstruosidade ímpar, o cara levantou a galera e já emenda na “Blackout”, outro show a parte foi na Still loving you“, o estádio, que já estava completamente abarrotado cantando junto, acendendo as luzes dos celulares, foi uma coisa linda de se ver, o Scorpions cumpriu com a missão de anteceder com honra o grande dono do espetáculo, o Kiss.

Crédito foto: Ricardo Matsukawa | Flirck Mercury Concerts

You want the best, You got the best!!!” e assim, pontualmente às 21:00, cai o pano e lá de cima Gene Simmons, Paul Stanley e Tommy Thayer descem em suas plataformas incendiando as 60 mil pessoas que ali estavam, “Detroit Rock City“, “Shout it out Loud“, “Deuce“, “War Machine” só clássicos!!! o show do Kiss impressiona pela sua imponência, os caras sabem usar o palco como ninguém, o mundo vai sentir a falta deles, visto que essa Tour é anunciada como a última deles. Eu tinha 14 anos, quando em 1983, assisti o primeiro show do Kiss, no estádio do Morumbi, foi o meu primeiro show também e assistir o último show deles dá uma certa nostalgia, pois foi uma das bandas formadoras do meu caráter musical, mas o show não para, “Heaven´s on fire”, “I love it Loud” nessa Gene entra com uma espada pegando fogo e cospe uma bola de fogo e finca a espada no palco pegando fogo ainda, os efeitos visuais do show do Kiss são um diferencial, toda hora alguma coisa explode, é demais.

Crédito foto: Ricardo Matsukawa | Flirck Mercury Concerts

“Say Yeah” faz a galera entrar na brincadeira de Paul Stanley gritando Say Yeahh!!! Yeah Yeah Yeah!!! o estádio inteiro gritando foi de uma energia contagiante, seguimos com “Cold Gin” e o solo do Tommy Thayer foi demais, ele apontava a guitarra pra cima e atirava nas plataformas superiores, depois entraram com “Lick it Up”, “Making Love” e “Calling Dr. Love” onde Paul Stanley e Tommy Thayer fizeram um duelo de guitarra sensacional, um chamava e o outro respondia, foi bem legal esse joguete; “Psycho Circus” é uma música que não pode ficar fora do setlist deles, a galera explodiu junto com a banda, aí começa o solo de Eric Singer, ele ficava brincando com a câmera do telão, isso foi um diferencial desse show, eles interagiram muito com o público através das câmeras do telão, Paul mandava coraçõezinhos pra galera, bem sacada essa ideia.

Crédito foto: Ricardo Matsukawa | Flirck Mercury Concerts

Chega a vez do grande Morcego cuspir fogo!!! Gene Simmons faz um performance impressionante, fica tenebroso, luzes baixas, o telão meio que um filme de terror e emenda na “God of Thunder”. Nessa hora Paul Stanley sobe numa tirolesa e atravessa a pista premium e fica em um palco separado sobre as cabines da técnica de som, e de lá comanda “Love Gun” e “I was made for lovin´ you”, Eric Singer canta “Black Diamond” e assim se encerra o show, só que não, Eric Singer ainda tem tempo de sentar no piano e emocionar todos cantando “Beth”, o iluminador dos caras faz um trabalho incrível, toda vez que acabava uma música era sincado e tudo se apagava, demais isso, “Do you love me” vem na sequencia do bis e a festa termina em grande estilo, “Rock and Roll All Nite” com direito a bolas pra galera brincar e uma chuva de papel picado que se espalhou por todo estádio brindando todos que estavam lá. Que show maravilhoso!!! Impressionante!!! Não houve uma pessoa que saiu de lá com um sorriso no rosto e um sentimento de alma lavada. Fica no ar se veremos mais o Kiss ou não, mas quem teve a oportunidade de vê-los ao vivo nunca esquecerá dessa experiência.

Crédito foto: Ricardo Matsukawa | Flirck Mercury Concerts

Concluindo, foram praticamente 12 horas de muito Rock and Roll em um dia bem propício, encontramos pessoas de todo lugar do Brasil por lá e essa foi uma experiência única de ver tantas bandas de qualidade fazendo shows incríveis e acreditando que o Rock , assim como o Kiss, nunca acabará!!!

 

 

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