Perguntas por egon
01 – Para iniciar nossa conversa, gostaria antes de mais nada de parabenizá-los pelo excelente trabalho em Alive and Rotting. É um prazer poder trocar essa ideia aqui com vocês. Façam uma breve apresentação dos membros do Necrobiotic, assim como uma breve bio da banda.
FACO: O prazer é nosso Egon. Obrigado pelas palavras sobre nosso álbum. O Necrobiotic surgiu em 1994, e foi fundado pelo atual guitarrista J. Hell (na época baterista) e por um amigo nosso que hoje é batera do Preceptor, que ue à época tocava guitarra e fazia os vocais. Eu entrei na banda em 1996 e fazia uma das guitarras, não cantava no início da banda. Em 1997 a banda lançou a primeira demo ” Carnal Suffering of the War”. No ano seguinte encerramos as atividades. Em 2009 foi possível reunir a banda e voltamos dispostos a não parar mais. Eu assumi os vocais além da guitarra, o Hell assumiu a outra guitarra e encontramos dois camaradas aqui em Divinópolis, velhos no underground, que são inclusive irmãos, o Broka (Bateria) e o Alexandre (Baixo/Vocal), os dois se juntaram a nós e acrescentaram muito para a nossa sonoridade. O resultado dessa reunião é o “Alive and Rotting”.
02 – Sei que o Necrobiotic já tem muitos anos de estrada no underground, no entanto houve um hiato de muito tempo nas atividades da banda. O que aconteceu para que a banda hibernasse por tanto tempo? Como foi o processo de volta?
FACO: Nós todos naqueles idos da década de 90 erámos muito novos, tinhamos compromissos com estudo, trabalho e família que nos impediram de continuar naquela época. Eu mesmo me mudei de cidade umas 04 vezes nesse período. Em 2009 voltei a residir em Divinópolis, e a primeira coisa que eu fiz foi reatar o Necrobiotic. Acho que paramos muito cedo, tinhamos muito mais a oferecer, além de não conseguir mais ficar sem tocar. Isso é um tesão, um vício que nós todos temos em comum.
03 – Além do cd-demo Alive and Rotting, existem mais materiais disponíveis da banda? Como adquiri-los? Quais são as previsões para os lançamentos futuros?
FACO: Temos a nossa primeira demo tape, que não esta mais disponível. O Alive and Rotting foi lançado agora em junho, fizemos a duplicação industrial dele na Digital Master em BH, e o material gráfico foi trabalhado pelo Pablo Rodrigues, conceituado design do underground, que é aqui da nossa cidade. Ele pode ser adquirido em algumas lojas, como a Cogumelo (BH), Mutilation (SP), Zeppelin (POA) e Fator Rock (DIVI). Tem também em algumas distribuidoras, como a Rotten Foetus, Sevared dos Estados Unidos, Gore Tomb e na loja virtual Reign in Metal. E claro pode ser adquirido diretamente com a banda, através do e-mail [email protected]. Estamos fazendo muitos shows para divulgação do álbum, mesmo assim já estamos trabalhando nas próximas composições e pretendemos gravar nosso próximo trabalho no ano que vem. Dessa vez vamos investir mais na produção do trabalho, gravando em um estudio melhor. Estamos procurando gravadoras/distribuidoras interessadas em ser nossas parceiras para esse próximo trabalho.
04 – Além do death metal extraordinário que vocês estão mandando em Alive and Rotting, qual ou quais outros estilos influenciam o som de vocês? Sinto uma pegada bem trash metal nas músicas também. Isso faz parte da realidade ou é apenas uma sensação maluca que tenho quando escuto o som de vocês?
FACO: Valeu pelo extraordinário. Nós na banda gostamos muito de Thash Metal, de Doom Metal, de Grindcore… e tudo isso nos influencia quando compomos. Certamente há boas pitadas de Thrash na nossa sonoridade, só que tentamos transportar tudo isso para a ótica do Death Metal, onde ficamos mais confortáveis.
05 – Sobre o processo de composição, como as músicas são feitas? E a abordagem das letras, retratam quais tipos de tema? Existem letras em português?
FACO: O que nasce primeiro, normalmente, é um riff, meu ou do Hell, ou vários riffs, já com uma estrutura musical bem definida. As vezes gravamos e apresentamos ao restante da banda, para cada um trabalhar sua parte em casa, as vezes levamos diretamente no ensaio. Assim é que as músicas ganham os contornos definitivos. Depois acrescentamos as letras e por fim alguns arranjos e os solos. Nós não colocamos créditos individuais nas músicas por serem um trabalho em conjunto, mesmo que a ideia inicial venha das guitarras, o andamento é muito importante, sendo a música construída pela banda toda. Nós temos muitos temas para as nossas letras. Eu particularmente gosto de muito sangue, sadismo…, temas splatter mesmo. Nós adotamos uma postura crítica às religiões, e também flertamos com o satanismo, nada metafísico, mas como um estilo de vida, algo bem ateísta. Sobre letras em português, é uma possibilidade para o próximo trabalho. Já conversamos sobre isso e gostaríamos de fazê-lo. Por outro lado teremos de caprichar na letra, ela terá de ser muito boa para usarmos.
06 – Percebi a existência de algumas breves intros em faixas como Into Necrobiotic e Shame. Por que usar este artifício nas músicas? Vocês curtem algumas coisas gore/splatter pra colocarem em intros também ou é só uma viagem doentia deste grande fã de filmes B que vos fala?
FACO: Nós curtimos demais esse tipo de intro. Gostaríamos de fazer com melhor qualidade, mas tivemos muitas limitações na gravação do nosso álbum. Nós mesmo produzimos e fizemos as intros. Teríamos de ter alguém com conhecimento neste tema para ajudar a fazer boas intros do tipo gore. Pode ter certeza que ideías não faltaram. Por exemplo a Foie Gras com uma intro de frigideira ao fogo e uma gritaria ao fundo, ficaria do caralho. Quem sabe não regravamos ela e usamos uma intro assim….seria muito foda!
07 – Falando sobre questões políticas, a banda assume alguma postura com relação ao cenário caótico que vemos hoje no Brasil e no mundo? Existe algum tipo de ideologia por detrás do Necrobiotic?
FACO: Alguns acham que somos nazistas,(kkkkkkkkkkkkk), enfim, as pessoas são muito criativas. O Necrobiotic não tem posturas políticas.
08 – Aliás, acho esse nome muito forte e impactante: Necrobiotic. Como surgiu a ideia para o nome da banda e o que podemos de fato entender dele?
FACO: O nome foi dado pelo Hell, bem como logotipo, que foi desenhado por ele. A origem é de uma música do Carcass, Pungent Excruciation. Acho que dá para entender que gostamos muito de Carcass.
09 – Ao longo dos anos, soube que o Necrobiotic passou por uma mudança de formação, já que o Morone, atual Preceptor, fazia parte da banda há alguns anos. Ocorreram mais mudanças no line up da banda? Isso pode atrapalhar nos trabalhos ou vocês encaram isso de forma natural?
FACO: O Morone é um dos fundadores da banda. Ele esteve presente em toda a primeira fase do Necrobiotic, de 1994 a 1998 quando a banda paralisou as atividades. Quando voltamos em 2009 mudamos algumas vezes de formação, o Hell não queria mais tocar bateria, então tivemos que conseguir um bom baterista. Nossa formação atual é muito boa, e pretendemos continuar com ela enquanto for possível. A perda de membros é um problema para bandas de metal extremo, além de não sermos muitos tocando e ouvindo este estilo, também é difícil conseguir conseguir pessoas que levam seus instrumentos ao extremo, tocando rápido e às vezes intrincadamente.
10 – Citem aí algumas influências macabras para a composição de suas músicas. O que vocês andam escutando no metal? Existem outros gêneros/estilos/bandas que vocês gostam sem ser o metal?
FACO: Para as letras as nossas mentes doentias são bastante criativas, usamos muito temas de livros e de filmes às vezes. Os contos do Stephen King são uma boa influência, assim como qualquer coisa que envolva Hannibal Lecter. Mas o principal vem da cabeça da gente mesmo. Musicalmente a nossa maior influência esta no Death Metal do início da década de 90 e no final da década de 80. Carcass, Entombed, Sarcofago são grandes influências. Gostamos muito dessa nova safra Splatter também, Impaled, Aborted…, Ultimamente tenho escutado muito o novo álbum do Autopsy. Talvez eu goste um pouco de Rock clássico e progressivo, mas não é uma paixão como no metal, não tenho nenhum CD destes estilos.
11 – Por ser uma banda do interior de Minas Gerais, vocês enfrentam algum tipo de dificuldade para tocar em outros lugares? Como está sendo o esquema de shows do Necrobiotic? Eu mesmo tive o prazer de ver vocês tocando aqui em Belo Horizonte e pude conferir que o som ao vivo é desgracera do início ao fim, deixa o pescoço de qualquer banger bastante dolorido. Como está sendo a receptividade do público após a volta da banda? Vocês estão tendo contatos para tocar fora de Minas Gerais? Fora do país?
FACO: Gostaríamos de tocar mais , mas existem alguns empencilhos. As dificuldades são mais devido as condições dos eventos do underground, viajar sem ajuda na gasolina, tocando às 3 da madrugada e com a aparelhagem ruim. As vezes isso sai caro e você toca moído para um público moído, isso quando ainda resta alguém no show. Mas nós temos feito um número razoável de shows em nossa região, no Sul de MG e na capital. Existem grandes diferenças da década de 90 para hoje. O público é menor e bem menos interessado que naquela época. Hoje o pessoal quer ver show de banda gringa, e só de banda gringa. Acaba que os eventos underground são prejudicados por isso. Existe uma falta de interesse generalizada no metal nacional.. Esse show de BH que fizemos no matriz, no qual você esteve, foi muito bom, dividimos o palco com o pessoal do Expurgo e do Divine Death, que são duas grandes bandas, além de serem nossos amigos de underground. Temos contatos para tocar fora de MG sim, mas infelizmente ainda não conseguimos concretizar esses shows. Quem sabe até o fim do ano não conseguimos tocar em SP pelo menos, talvez no Paraná. Continuaremos tentando. Quem quiser o Necrobiotic no seu fest, é só entrar em contato via e-mail. Shows no exterior são um sonho para a gente. Já sondamos algumas agências mas vamos maturar mais a ideia, e deixar isso para o futuro. A prioridade é tocar o máximo possível aqui no Brasil mesmo, e conseguir lançar o segundo álbum do Necrobiotic. A receptividade do público esta sendo muito boa, tanto nos shows como com o CD. Já distribuímos mais de 200 Cds, incluindo vendas, trocas… com um número razoável para o exterior.
12 – A cena de Divinópolis é bem ativa, principalmente em meio aos punks e me parece também com o pessoal do hardcore. O baixista de vocês, Alexandre, tem bastante contato com essa galera também. Nas gig´s do movimento punk eu mesmo sempre esbarro com ele e a gente troca uma boa idéia. Como está a cena aí para o death metal, trash etc.? Vocês prezam pela união no underground ou tem que ser cada um na sua mesmo e que se foda o resto?
FACO: O movimento punk aqui não é tão grande como foi no passado, poucas pessoas ainda se envolvem de fato com a cena punk. O movimento metal é bem legal, não somos muitas pessoas, mas somos muito unidos. Hoje temos quatro bandas na ativa que abrangem boa parte do espectro do metal. Temos uma boa relação também com as bandas da região. Existe um apoio mútuo entre todas essas pessoas. Se nós que somos headbangers não apoiarmos o underground, não fizermos ele acontecer, quem vai fazer isso?
13 – Quais bandas do underground brasileiro vocês destacariam? Indiquem sons interessantes aí para nossos leitores na opinião de vocês.
FACO: O underground nacional é muito rico, naturalmente eu não conheço todas as bandas nacionais, devo até conhecer um número pequeno delas. Posso citar alguns nomes de bandas que eu gosto, e que não devem nada para suas similares gringas, na realidade são até melhores. Sarcasmo, Expurgo, Perlokos, The Ordher (RIP), Hecatomb (RIP)…são muitas.
14 – Voltando para o Alive and Rotting, como se deu o processo de gravação?
FACO: Gravamos no estúdio em que ensaiamos. Recursos bem limitados e o dono do estúdio tentando se meter nos timbres de guitarra, na mixagem e na masterização, o cara não sabe nada de metal, muito menos extremo….foi muito custoso conseguir fazer o “Alive and Rotting” soar dessa maneira. Nós tiramos tudo que o estúdio tinha a oferecer, e fizemos toda a parte de mixagem e masterização sem deixar o camarada interferir, tudo que ele mudava tinhamos que voltar atrás. Enfim, da próxima vez vamos gastar mais com um estúdio e gravar com pessoas que possa ajudar na produção do álbum.
15 – Achei a capa muito bem trampada, algo bizarro e bem traumático. Quem foi o autor dessa arte impactante? Como foi que vocês chegaram àquela concepção?
FACO: Cara queríamos fazer algo que remetesse à volta da banda, daí surgiu o nome Alive and Rotting para o álbum, a música na época nem existia, depois é que compomos e escrevemos a letra. Para indicar que o nosso processo de aprodrecimento,e a nossa mente doentia, começaram a se manifestar quando éramos muito jovens, resolvemos utilizar a imagem de alguns fetos na capa. Um grande amigo da banda conseguiu me levar para um “tour” em um laboratório aqui da cidade (naturalmente eu não posso revelar o nome da pessoa, nem do laboratório) que realiza biópsias e “coincidentemente” eu tinha levado minha máquina fotográfica. O laboratório tem todo tipo de recorte humano que você possa imaginar… fiz a farra lá, e dentre as fotos que eu tirei estava esta dos fetos, que foram delicadamente colocados naquela posição. Da foto até a capa nós contamos com a ajuda do Pablo Rodrigues, um grande amigo nosso, headbanger, e especialista em design gráfico. O camarada transformou a foto que tiramos em uma puta capa. Quando eu vi eu nem acreditava que era a mesma foto que estava ali. Se você tiver uma banda e precisa de um trabalho gráfico fudido, coisa boa, entre em contato com ele, o e-mail é o seguinte: [email protected], o Necrobiotic recomenda.
16 – E sobre splits, o que vocês têm a dizer? Gostam, topam fazer, ou não acreditam que a banda se encaixa neste tipo de formato de material?
FACO: Gostamos de splits sim, e poderemos fazer no futuro. Acho até provável que faremos, basta aparecer uma boa oportunidade!
17 – Deixem aqui os contatos da banda, bem como os locais onde pode ser adquirido o Alive and Rotting.
FACO: Você encontra o Necrobiotic no myspace www.myspace.com/necrobioticdeathmetal e via e-mail, [email protected] . Para adquirir nosso CD você pode entrar em contato diretamente com a banda, ou em alguns dos distribuidores abaixo: lojas :Cogumelo (BH), Mutilation (SP), e Zeppelin (POA), Fator Rock (DIVI), distribuidoras : Rotten Foetus, Sevared (EUA), Gore Tomb, loja virtual: Reign in Metal. Tem mais pessoas distribuindo nosso material, tendo um show underground aí na sua região, existe uma possibilidade de você encontrar ele para vender neste show.
18 – Gostaria de agradecer imensamente a participação de vocês aqui no Cultura em Peso e deixar este espaço aberto para vocês mandarem qualquer mensagem que queiram: um protesto, uma saudação, qualquer coisa. O espaço é de vocês. Valeu aí e stay metal!!!!
FACO: Nós que agradecemos o espaço. È muito gratificante participar do underground e ver que existem outras pessoas que se importam com isso tanto quanto a gente. A gente se vê por aí, em algum show fudido perto de voce! STAY ROT!
Egon (Expurgo grind) 21/08/2011