Na noite do último sábado, 3 de maio, o Belvedere foi palco de uma sequência de shows para punk nenhum botar defeito. As bandas Patada, Psychors e Vida Ruim abriram o show arrebatador da veterana banda Cólera, em uma produção da própria casa de shows.
O público, que começou a lotar o espaço a partir das 20h, pôde contemplar uma verdadeira ode ao clássico punk rock, com três apresentações de abertura — cada uma trazendo sua vertente do estilo — e preparando todos para o grande destaque da noite.
Patada – Fogo e Gasolina e quem Sabe um Crime
Por volta das 20h30, o público se junta para, trocadilhos à parte, tomar a primeira Patada da noite. O grupo, que completa exatamente um ano desde o lançamento de Talvez Eu Cometa um Crime na data desta apresentação, vem conquistando seu espaço, já tendo participado de shows ao lado de gigantes da cena, como a veterana banda paulista Garotos Podres.
Com seu garage rock em fúria, as integrantes Tiemi (vocal e guitarra), Gabriela (bateria) e Nanashara (vocal e guitarra) — desta vez acompanhadas de Felipe Sad (baixista substituto) — incendiaram o público com uma mescla de faixas do lançamento mais recente, como “Gente Boa”, “Pressão” e “Novela Mexicana”, além de músicas do primeiro EP Fogo e Gasolina, incluindo a faixa-título, “Cancelada” e “O Diabo Mora nos Detalhes”. Reiterando o nome do EP, essa foi a mistura perfeita para acender o Belvedere para o que estava por vir!
foto: Willian Germano
Psychors – Origens do Punk Curitibano!
A segunda atração da noite, Psychors — precursores do punk/hardcore curitibano desde 1989 — já encontrava um público fiel à sua espera, o que podia ser percebido pelas inúmeras camisetas da banda espalhadas pela plateia. O grupo, que gravou sua primeira demo tape em 1993, subiu ao palco com a seguinte formação: Cristiano Ribas (vocal), Miguel Laginestra (guitarra), Tiago Santos (baixo) e Eduardo Tobe (bateria), trazendo uma presença de palco autenticamente old school. Esse espírito também estava presente na banca de merch, onde a banda vendia suas gravações em fita K7.
Com a velocidade característica de suas músicas, começaram as primeiras rodas da noite, em meio a uma plateia formada por jovens punks e quarentões (como os próprios integrantes disseram) que jamais abandonaram o punk rock e sua essência. No setlist, faixas do split lançado em 2012, como “Minha Mente”, “Cabeça de Cera” e a ácida “Vai se Fuder”, foram entoadas em coro pelo público, que agora lotava de vez a casa!
foto: Willian Germano
Vida Ruim – A Velocidade final antes da apresentação principal!
A terceira banda de abertura, Vida Ruim, aumentou de vez o gás do público com o seu punk rock caótico, com influências que vão do surf music ao hardcore. Com um som atrás do outro, rápido e veloz, o trio integrado por Chico Felix (baixo e voz) Felipe Sad (guitarra) e Daniel Shu(bateria) emplacou na lata, 16 músicas em uma apresentação de aproximadamente 30 minutos.
No set list músicas do álbum “Lado Oriental” como “Onda da Morte”, “Guru da Firma” além da nova “171 Forçado” foi a receita para que o mosh ficasse incontrolável e o público totalmente impactado e ansioso pelo que estava por vir.
foto: Willian Germano
Cólera – Mantendo o Punk vivo desde 1979!
Quando o Cólera subiu ao palco, as paredes da casa já transpiravam suor — reflexo da intensidade e entrega do público. Com dois integrantes remanescentes da formação dos anos 1980, Valdemir Pinheiro (baixo) e Pierre Pozzi (bateria) — que, logo no início, firmou um pacto de cumplicidade com o público, dialogando com todos os presentes e pedindo para ninguém ficar parado — juntaram-se aos veteranos os nem tão novos integrantes Wendel Barros, na banda desde 2012, e Fábio Bellucci, integrante desde 2014.
foto: Willian Germano
É impossível falar de Wendel sem mencionar a responsabilidade de substituir Redson Pozzi, lenda do punk rock brasileiro. Mas Wendel estava mais do que preparado para o desafio: além de ter sido roadie do Cólera por anos, foi aluno de canto do próprio Redson. Por isso, o coro “Redson vive!”, entoado em todos os shows desde sua partida (e neste não foi diferente), carrega uma verdade absoluta.
Abrindo o show com “Funcionários” — hino de tantos primeiros de maio ao longo da história —, a banda mostrou que o tempo de estrada marcou suas letras no coração de 100% dos presentes. No setlist, não faltaram verdadeiros clássicos como “Somos Vivos”, “Minha Mente”, “Medo”, “Trem Subúrbio”, além de surpresas como “Palpebrite” e a atemporal “Dia e Noite”.
fotos: Willian Germano
Com o público completamente conquistado, Pierre protagonizou um dos grandes momentos da noite, fazendo questão de agradecer a todos os funcionários da casa — do bar à portaria, da produção aos técnicos de som, incluindo os responsáveis pela limpeza. Em uma noite de celebração ao punk rock puro e verdadeiro, o público cantou junto, pogou e prestou homenagem a uma das maiores e mais longevas bandas do Brasil.
foto: Willian Germano
Set list:
– Funcionários
– X.O.T
– Somos Vivos
– Amanhã
– Subúrbio Geral
– Humanidade
– Minha Mente
– M.D.M.
– Repetição Constante
– Medo
– Trem Súburbio
– Verde
– Quanto Vale
– 1992
– Palpebrite
– Dia e Noite
– Águia Filhote
– Adolescente
– Deixe a Terra em Paz
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