Nem o frio e a chuva foram capazes de diminuir a vibração e a empolgação para o melhor do heavy metal português no Bourbon Room, no Porto, neste último sábado, 02 de março, em uma noite mais que especial. A casa recebeu o lançamento do terceiro álbum da banda lisboeta Toxikull, o “Under The Southern Light”, que traz toda a essência e força do metal dos anos 80, provando que o estilo está mais vivo do que nunca. Os Toxikull convidaram para a ocasião as bandas Ladon Heads, Warout e Lyzzärd, amigos dos integrantes e companheiros na cena do metal underground do norte de Portugal.
Por volta das 21h45, a abertura da noite ficou por conta dos Ladon Heads, banda de heavy metal de Santa Maria da Feira, que não deixou ninguém parado com as suas músicas ritmizadas, com acordes pesados e refrãos contagiantes, que ecoaram pelo público que acompanhavam os vocais de Fernando e Rui (ou Infernando e Rui Thorpedro, como se intitulam). Músicas como “Stealers of the Light”,“Torture” e “Master of Sorcery” fizeram parte do setlist do concerto que, como os Toxikull, trouxeram a sonoridade do mais clássico heavy metal, impecáveis nos arranjos e performances.
Cerca de 1 hora depois subia ao palco os Warout, que já iniciaram o concerto atiçando o público que logo formou uma roda mosh que movimentou descontroladamente ao som do thrash metal agressivo, rápido da banda. A banda de Paredes trouxe consigo vários fãs no meio da plateia que cantaram as músicas como “Thrash Attack” e “Warout” a plenos pulmões.
Nem mesmo a guitarra do também vocalista António Silva foi páreo para o speed metal do conjunto, que acabou por arrebentar uma das cordas do instrumento, incidente que não emudeceu os Warout que continuaram o concerto com toda energia até o fim.
Após um breve intervalo, já pelas 23h20 da noite, as luzes se apagaram e ouviu-se um som de suspense introduzindo ao palco os nortenhos Lyzzärd. Quem não os conhecia foram tomados logo por uma atmosfera de curiosidade e expectativa sobre o que iriam entregar, pois foram, sem dúvidas, os mais estilosos da noite.
Não demorou muito para percebermos que os Lyzzärd não tinham preparado apenas trajes inusitados, mas também um repertório brilhante e performático de muito heavy metal, com músicas como “Savage”, “Viper’s Bite” e a memorável “Yakuza”, que fechou o concerto com coros de gritos na plateia entoando o nome música presente no refrão.
Já era pouco mais de 00h30 quando os mais esperados da noite subiram ao palco. As luzes se apagaram e, após uma intro com sons de instrumentos de cordas que silenciaram a todos, os Toxikull abruptamente tomaram o Bourbon Room como uma explosão de acordes acelerados de Michael Blade, dos death growls cortantes de Lex Thunder, da harmonia pesada do baixo e dos graves brutais de Antim “The Viking” e da percussão repetitiva e agressiva de Tommy 666. A primeira música foi “Cursed and Punished”, do álbum de mesmo nome, que é speed metal puro com muitas doses de thrash metal.
Os headliners da noite entregaram um concerto que misturou músicas dos projetos anteriores com os seus mais novos lançamentos, em um clima de verdadeira festa entre amigos. Era contagiante ver a alegria dos integrantes em palco com a realização do projeto. A banda estava em seu máximo, em sintonia e a vontade com o público e com os convidados.
Sobre os convidados, subiram ao palco Fernando dos Ladon Heads e Rui Alexandre da Mosher Clothing, somando mais uma guitarra aos Toxikull nas músicas “Darkness” e “Knights of Leather” respectivamente. Mais ao final do concerto, receberam também Xico Soares, da banda Xeque-Mate, na inédita música “Filhos do Metal”, que contribuiu com seus vocais e guitarra também na versão de estúdio da música no álbum novo da banda.
Antes mesmo da abertura da casa, já se ouvia entre os espectadores elogios ao “Under The Southern Light” e a grande expectativa de um concerto memorável. Muitos já haviam escutado os principais singles, como “Night Shadows” e “Under The Southern Light” nas plataformas digitais e já acompanhavam a banda desde o início. Esperavam que a banda também contemplasse músicas já consideradas clássicas, como “Nascida no Cemitério” e “Metal Defender”. Podemos dizer que todas as expectativas foram superadas com absoluto sucesso.
Os Toxikull fizeram um concerto de tirar o fôlego. Hipnotizaram o público com um álbum bem produzido e maduro, repleto de sonoridade e disruptivo, com canções que iam desde riffs agonizantes e melódicos, com muita referência ao power metal, à solos de guitarra estrondosos acompanhados de baterias frenéticas de muito thrash metal. Os Toxikull no palco são uma verdadeira viagem às profundezas da essência do heavy metal old school e provam que a banda está na melhor fase, mais preparados e experientes que nunca para ir “Around The World” levar o melhor som que há em Portugal.