Quem não ouviu falar no caso que aconteceu em Florianópolis no “pós-show” da banda Francisco El Hombre envolvendo músicos e amigos?
            Bom, se você não sabe ainda do que se trata, aqui vai uma matéria que com certeza depois de ler você vai ter um lado e uma opinião, mas buscamos informações de todos os lados para informa-los da forma mais ética possível.

 

Como tudo começou?

            A noite do último domingo (21/01) começou muito bem na capital catarinense, com um show gratuito da banda Francisco El Hombre que reuniu aproximadamente cinco mil pessoas no local, o show encerrou por volta das 22h.

 

E depois?

            Finalizando o show uma parte do público se concentrou por bares locais, que começaram a fechar próximo à meia noite e alguns policiais começaram a chegar no local, as pessoas que por ali estavam pegaram um pandeiro e começaram a cantar.

 

E como começou a confusão?

            Pedro da banda Cartas na Rua nos contou pelos olhos de quem estava no local o que viu, “em meio ao pessoal cantando um policial se aproximou de uma menina e trocou algumas palavras com ela e jogou spray de pimenta pra cima, depois disso começou a confusão e ninguém mais entendeu o que era, ai quando vi eles já estavam atirando em algumas pessoas, foi quando Neymar e o Marcelo tentaram perguntar o que estava acontecendo e levaram umas cacetadas e ai uma policial pegou o telefone de uma menina e nesse momento juntou um tumulto em volta dela, afinal ela não poderia fazer isso. Então o Neymar e o Marcelo foram perguntar quem que estava no comando e o que estava acontecendo e o policial respondeu “Sou eu” e atirou nele de muito perto, o Marcelo tomou uma cacetada e quando saiu correndo tomou um tiro nas costas. Isso fez dispersar a galera bastante e aí todos fomos para uma esquina contrário da polícia e não satisfeitos eles correram atrás da gente atirando por quase duas quadras, quando finalmente chegamos em um lugar que encontramos mais pessoas eles pararam meio longe e gritaram “Aqui é Bolsonaro caralho! ” e foi isso, fizemos boletim de ocorrência na corregedoria, exame de corpo de delito e acabamos de voltar do ministério público porque a gente achou um agravante de que isso acontece com bastante frequência aqui em Santa Catarina, a galera ta falando que é muito comum isso de chegarem na lagoa que o pessoal fica até mais tarde e já chegarem atirando e falando de Bolsonaro, enfim ficamos bem assustados e estamos usando nossa voz e nosso trabalho de rua, que é uma coisa que defendemos muito, ocupar as ruas e ter liberdade então a gente quis fazer o maior número de barulho possível, para que todo mundo veja isso, olhe pra cá, e pra que não compactuem com isso ou achem que é normal, isso não pode ser”.

 

Músico da banda Cartas na Rua atingido por bala de borracha em Florianópolis – Foto: Facebook Cartas na Rua

 

O que uma pessoa que estava viu e diz sobre o acontecido?

            A.O.S. preferiu não ter seu nome divulgado e conta que “já era meia-noite, após o show que tinha rolado na inauguração do espaço, uma parte do público tinha se reunido em frente a um bar de rock que tinha ali perto. Quando eu cheguei ali o bar já estava de portas fechadas, mas várias pessoas ainda permaneciam em frente dele, umas 100 pessoas, numa roda de samba, que tinha um pandeiro e outro instrumento de percussão. Estava tudo tranquilo, pessoas cantando, outras conversando, tudo na mais santa paz, até que uma moça desse a rua correndo, se enfia no meio da roda e avisa pra todos pararem o som que a polícia estava chegando. Havia uma fila com cerca de 8 policiais atrás dela, 3 ou 4 deles com escopetas, quando o primeiro policial da fila chegou no meio da roda, pediu imediatamente que parassem o som. Todos ficaram em silencio por 3 segundos, então todos que estavam ali começaram a cantar um trecho de uma música, como se fosse pra finalizarmos a  confraternização, “Apesar de você, amanhã há de ser, outro dia”, quando terminamos o verso, o policial já iniciou o uso do spray de pimenta para dispersar o pessoal, que já tinha entendido o recado dos PMs, nisso algumas pessoas já começaram filmar e vaiar, outras foram tentar dialogar com eles, mas em nenhum momento tivemos a nossa chance de conversar. Lembro que alguém tinha jogado uma garrafa de vidro no chão, mas em nenhum momento fomos agressivos com os PMs e eles já começaram com os tiros de borracha, cassetetes e era visível na cara de alguns policiais suas más intenções. Um amigo proferiu contra os policiais “eu tenho meus direitos” e outro policial respondeu ferozmente “direito de cu é rola”. Outro amigo que estava apenas lá parado, sem apresentar ameaça alguma levou algumas calcetadas de graça, onde quebraram seus óculos e racharam a tela do seu celular e algumas marcas nas costas. Notamos o despreparo da polícia para lidar com civis, até no momento de desferir os golpes, como se eles estivessem esperando que a gente revidasse, nesse momento eles já tinham atirado a queima roupa com a escopeta em outro rapaz que tentava conversar com eles, eu estava a uns 5 metros deles, tive que recuar e me esconder atrás dos carros com medo de levar algum tiro também,  as pessoas estavam descendo pelas 3 ruas daquele cruzamento, nos perdemos desse meu amigo que levou as cacetadas, pois os policiais estavam seguindo as pessoas e ainda atirando, e tudo isso aconteceu em menos de 5 minutos. Só fico imaginando que tipo de treinamento eles recebem para tratarem civis com tanta violência desnecessária”.

 

Músico da banda Cartas na Rua ferido por bala de borracha em Florianópolis – Fonte: Facebook Cartas na Rua

 

E o que a polícia diz sobre o acontecido?

            De acordo com uma matéria feita pelo G1 (leia a mateira na integra clicando aqui) a polícia foi até o local devido uma denúncia feita pelos moradores por perturbação de sossego. “Inicialmente uma única viatura foi ao local e pediu ao dono do bar que desligasse o som. Foi feito, mas somente fechado a porta, continuaram a venda de bebidas e a algazarra na rua”, disse o major Serafin.

            De acordo com o Major as pessoas no local “estavam com pandeiro e outros instrumentos” quando a Polícia Militar voltou. “não acataram a ordem de abaixar o som como, de forma provocativa, elevaram o som. Passaram a cantar mais alto, falaram palavras de ordem. Como se fosse uma manifestação”

            O Major confirma que foi solicitado o reforço de seis viaturas. Ainda diz que foram disparadas pedras e garrafas contra as guarnições. Primeiro foi feito o uso de gás de pimenta e após elastômetro, que são as balas de borracha. De três a quatro policiais fizeram os disparos, segundo a PM.

            O Cultura em Peso tentou entrar em contato com a Policia Militar de Santa Catarina, mas não teve resposta até o fechamento desta matéria, caso haja resposta faremos uma publicação atualizando.

 

Conclusão?

            Eu particularmente acho que cada pessoa deve ler, procurar mais fonte e tirar suas conclusões sobre o ocorrido. Você é quem vê e finge que nada aconteceu? Você é quem acha correto?  Cada um tem sua forma de pensar mas devemos sempre analisar o suficiente para ver o que realmente é correto e será que é esta sociedade que eu quero viver?

 

Fontes:
– Pedro Felipe Ourique de Souza, Banda Cartas na Rua.
– G1, disponível em: https://goo.gl/54Bst8.
– Notícias do dia, disponível em: https://goo.gl/pZzdGQ.

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