As temáticas nas bandas atualmente são parte fundamental no desenvolvimento de sua identidade. Na Venezuela, isso se tornou muito comum na última era do rock/metal venezuelano.
Uma das bandas mais emblemáticas atualmente é a formação psicodélica de Frailes, uma proposta interessante que busca explorar as emoções de seus integrantes para conectar com os sentimentos de seu público aficionado.
Tivemos a possibilidade de compartilhar uma agradável conversa com este power trio, de onde surgiu esta entrevista, e aqui trazemos um pouco sobre o significado de sua história e a composição de seus personagens.
Solania Mayoral.- Como nasce a ideia, projeção e conceituação de Frailes?
Frailes.- A ideia de Frailes nasceu de uma necessidade coletiva de explorar emoções humanas profundas através de um universo musical e conceitual que todos na banda sentem como próprio. Desde o início, queríamos que Frailes fosse mais do que apenas música; queríamos que fosse uma **experiência imersiva**, uma narrativa onde cada membro contribui com sua visão para criar algo único. O conceito geral de Frailes e do nosso primeiro disco foi idealizado principalmente por Carlos Colombo, mas a projeção e a materialização dessas ideias foram um esforço conjunto, onde cada um de nós desempenhou um papel essencial.
SM.- Quem se encarrega de escrever as letras, e que mensagem querem passar com elas?
F. As letras do nosso primeiro disco “Favor Cerrar la Puerta al Entrar” foram escritas principalmente por Maycol Azuaje, Carlos Mendoza e Carlos Colombo, com uma forte colaboração criativa de toda a banda, especialmente com nosso baixista e produtor Rafael Díaz. A mensagem que buscamos transmitir com nossas letras é de introspecção e confronto com os aspectos mais sombrios da experiência humana. Queremos que os ouvintes enfrentem seus medos, tristezas e conflitos internos, e que, através de nossa música, encontrem um espaço seguro para refletir e curar.
SM.- O medo é a conexão entre o mundo natural e o espiritual? Pergunto isso porque sua figura animal é o imponente Urso, que simboliza resistência e poder em muitas culturas.
F. – Sim, o Medo no universo de Frailes é uma entidade que conecta o terreno ao espiritual, e o Urso é a representação perfeita dessa conexão. O Urso simboliza resistência, poder e uma profunda conexão com a terra, o que reflete como o Medo pode ser tanto uma força que nos aterroriza quanto uma que nos protege e guia para uma maior compreensão de nós mesmos e do mundo ao nosso redor.
SM.- A tristeza também pode representar a transição, o sacrifício e a falsa profecia do Enforcado?
F. Absolutamente. A Tristeza, representada pelo Lobo em nosso universo, encarna a ideia de transição e sacrifício. É um estado de limbo onde é preciso deixar algo importante para poder avançar. Essa entidade simboliza essa pausa dolorosa, mas necessária, que muitas vezes precede um renascimento, semelhante ao arquétipo do Enforcado nos arcanos maiores. A Tristeza é uma figura que reflete o processo de enfrentar a realidade distorcida, um sacrifício que muitas vezes é necessário para encontrar um novo caminho.
SM.- A ira, durante as apresentações ao vivo, você simula os movimentos de cabeça da águia. Com isso, você quer representar o animal ou transmitir com sua imponência como esse animal tão poderoso vence o vento inimigo?
F. Durante nossas apresentações ao vivo, os movimentos que simulam a Águia são projetados para capturar tanto a essência do animal quanto seu simbolismo. A Águia representa poder, visão e a capacidade de superar desafios, simbolizados pelo vento inimigo. Através desses movimentos, buscamos projetar essa força imponente e mostrar como a Ira, quando canalizada corretamente, pode se tornar uma **força poderosa** que impulsiona à ação e à mudança.
SM.- A discórdia tem a capacidade de se transformar, como faz o elemento fogo?
F. Sim, a Discórdia, representada pelo Leão e pelo elemento Fogo, é uma força em constante transformação. Como o fogo, tem o poder tanto de destruir quanto de purificar. A Discórdia dentro de Frailes é essa faísca que provoca a mudança, que desafia e questiona, e que, quando não é controlada, pode consumir tudo ao seu redor. No entanto, também tem a capacidade de renovar e abrir caminho para novas ideias e perspectivas.
SM.- Voltarão a ser um quarteto? Sentem que falta a quarta máscara? Quais qualidades a pessoa que assumir esse compromisso deve ter?
F. Hoje em dia, Frailes já é um quarteto, mas com uma dinâmica diferente. Agora contamos com dois guitarristas, Moisés Lozada e Carlos Mendoza, ambos usando a máscara da Tristeza, criando uma **dualidade interessante** em nossa música. A pergunta sobre um quarto membro vocalista, como no passado, que usava a máscara do Medo, é interessante. Embora isso possa acontecer no futuro, por enquanto nos mantemos como trio na maioria dos shows, onde em alguns toca Carlos Mendoza, em outros Moisés Lozada, e em ocasiões especiais, ambos. A dualidade na Tristeza nos permitiu explorar novas direções musicais e cênicas.
SM.- Próximos projetos de Frailes (álbum, vídeo, apresentações, turnês)?
F. Estamos muito empolgados com o que está por vir. Muito em breve lançaremos um novo single intitulado “Vuelta al Sol”, que servirá como uma prévia do som que estamos explorando. Além disso, já estamos trabalhando em nosso segundo disco, que, embora não possamos revelar o nome ainda, já tem uma direção clara. Este novo álbum continuará explorando temas de **introspecção** e **despertar**, levando-nos, e nossos ouvintes, a novos lugares e a partir de outra ótica.
SM.- Uma saudação da banda.
F. Queremos enviar uma saudação muito sincera a todos aqueles que nos seguem e apoiam. Sabemos que não somos uma banda amplamente conhecida, mas isso faz com que cada pessoa que se conecta com nossa música seja ainda mais especial para nós. Obrigado por nos acompanharem nesta jornada e por se abrirem ao que Frailes tem a oferecer. Continuaremos trabalhando duro para trazer-lhes música que ressoe com o mais profundo do seu ser. Nos vemos nos próximos shows e esperamos que desfrutem do que está por vir.
Texto: Solania Mayoral
Fotos: cortesia de Frailes

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