O Orphaned Land, uma das bandas mais icônicas do metal progressivo, incendiou o Carioca Club em São Paulo no último domingo, dia 07/04/2024, com sua característica vibrante em uma noite memorável. Embora com a ausência do baixista, Uri Zelcha, que está lesionado, a banda não decepcionou, entregando uma performance que ecoou emoção em sua dedicação à música e ao público.
O palco estava imerso em uma atmosfera carregada de emoção desde o momento em que as luzes se acenderam e os primeiros acordes rasgaram o ar. Mesmo sem um membro crucial da banda, a força e a paixão que emanavam do palco eram estimulantes.
Kobi Farhi, vocalista e líder carismático da banda, apelidado de Jesus em alguns momentos do show, cativou a plateia com sua presença enérgica e voz poderosa. Sua conexão envolvente com os fãs e a interação mútua elevaram ainda mais a experiência da noite. A habilidade dos músicos restantes em compensar a ausência do baixista foi notável, mantendo a coesão e a intensidade da música.
A setlist abrangeu os sucessos favoritos dos fãs, levando a plateia a uma jornada emocional através de melodias hipnóticas e riffs poderosos com poder absurdo de fazer seu corpo dançar. Cada música foi executada com precisão técnica e fervor emocional, levando a uma atmosfera de êxtase que contagiou a todos presentes.
Tudo começou com a extensa e, acima de tudo, intensa “The Cave“, que abriu os portões da psicodelia.
Chegou a vez de dançar a “The Simple Man” com seu Groove Arábico. Uma música incrível de se assistir e de tantas nuances que te faz fechar os olhos e apenas sentir o momento esquecendo de tudo lá fora.
Uma faixa muito esperada por mim, e creio que por todos que lá estavam, foi a “All is One”. Assim que foi anunciada pelo Kobi, o Carioca Club tremeu de êxtase. Que música linda e com uma mensagem pesada ao mundo! A galera também não decepcionou e as palmas no ritmo da música devem ter perturbado toda a vizinhança (assim espero).
Voltando ao início dos anos 2000, mais especificamente em 2004 direto do álbum “Mabool – The Story of the Three Sons of Seven”, os caras vieram com a “The Kiss of Babylon”, cheia de fúria que se acalma com suas tonalidades ao decorrer da sua progressão. Uma perfeita demonstração da habilidade vocal que muda da água para o vinho do nosso “Jesus”. E é claro que o coro de “lálárálá” comeu solto
na plateia para abrilhantar ainda mais a canção.
“Ocean Land” veio na sequência com sua introdução hipnotizante e que toma um rumo especial para amantes de uma música bem executada. Devo dizer que nessa hora o baixista fez muito mais falta que nas demais canções, pois é uma música que precisava demais dos seus grooves (não que as outras não precisassem, mas sacoméné), mas mesmo assim os caras deram conta muito bem, principalmente se tratando no solo de guitarra maravilhoso do Idan Amsalem.
A melancolia também faz parte da Orphaned Land e a bola da vez foi com a “Brother”, uma música extremamente emocionante com muita energia carregada. Capaz de fazer o coração mais duro amolecer. E olha que nem precisa ser religioso para se emocionar com essa canção.
A execução da “Like Orpheus” deu a impressão de que o público prendeu a respiração para acompanhar cada nota com muita atenção. Com bastante complexidade estrutural, essa com certeza foi uma das músicas mais bem trabalhadas da noite.
A mensagem de paz entre as pessoas de todo o mundo é claramente a mais forte das características da Orphaned Land e com a “Let Truce Be Known” essa mensagem é ainda mais evidente. Repleta de realidade histórica e atual, essa canção é um grito poderoso à paz mundial que arrepia ao ser tocada.
A essa altura do show, Kobi disse que além de passar as mensagens que infelizmente são necessárias e lamentáveis, a música também é feita para festejar. Na sequência então veio a mágica “The Birth Of the Three”. Um conto lúdico da história de três irmãos que são um. Talvez uma das músicas com a mensagem mais interessante da noite e que possui uma alternância de ritmos sensacional.
Na sequência eles emendaram “In Propaganda” com a “All Knowing Eye”. Um momento balada de reflexão para acalmar e descansar os corpos que não pararam de dançar até então. Levei minha filha de três anos e neste momento ela já estava um pouco cansada e não deu outra: cochilou com as melodias de poder terapêutico.
De volta ao ritmo arábico sedutor, já quase no fim do espetáculo, os caras embalaram uma das suas queridinhas, a “Sapari”, um poema profundo e reflexivo que precisa de uma execução perfeita dos músicos. E com toda a certeza eles cumpriram conforme o esperado.
Para não deixar nem um pingo de dúvida aos mais céticos sobre a técnica da banda, chegou a hora da “In Thy Never Ending Way” que é o Epílogo do álbum de 2020, o “The Never Ending Way of OrwarriOR”. Uma faixa que não é para ouvidos ansiosos, abusa da técnica e possui uma energia surreal no quesito evolução musical.
O momento mais melancólico e de lamentação foi com a “The Beloved’s Cry”. Particularmente não achei uma boa ideia colocá-la chegando ao fim do show visto que o público a essa altura precisava de uma energia a mais, mas é mais uma canção que chama atenção por sua profundidade.
Pra voltar a dançar e finalizar a noite veio a “Norra El Norra” que fez o público entrar em êxtase novamente. Sem pestanejar os caras mandaram seu clássico de 1994, a “Ornaments of Gold” pra comandar o encerramento de uma apresentação que ficará no coração de todos os presentes.
Apesar da ausência de Uri Zelcha, a dedicação e o profissionalismo do Orphaned Land brilharam intensamente. Foi uma noite que mostrou não apenas o talento excepcional da banda, mas também sua capacidade de superar adversidades e entregar uma performance impecável.
Em resumo, o show do Orphaned Land em São Paulo foi uma celebração à música, uma experiência intensa e inesquecível.
Obrigado, Orphaned Land!
Voltem sempre!
SETLIST:
1 – The Cave
2 – The Simple Man
3 – All is One
4 – The Kiss of Babylon
5 – Ocean Land
6 – Brother
7 – Like Orpheus
8 – Let Truce Be Known
9 – The Birth Of the Three
10 – In Propaganda + All Knowing Eye
11 – Sapari
12 – In Thy Never Ending Way
13 – The Beloved’s Cry
14 – Norra El Norra + Ornaments of Gold
Agradecimentos:
Carioca Club
Estética Torta
Talent Nation Latin America