Fotos e textos: Eduardo Pacheco Freitas

Nos recantos sombrios da noite, onde as sombras dançam ao ritmo do desconhecido, algo desperta. Não é apenas o vento frio que sussurra entre os edifícios antigos de Porto Alegre, mas sim um despertar sinistro, um retorno às criptas mal iluminadas e ao glamour obscuro. Sim, os vampiros estão de volta, e não, não estou falando apenas de figuras fictícias que habitam as páginas dos livros e as telas de cinema. Estou falando de uma presença real, palpável e pulsante na cidade: da Damn Laser Vampires.

A festa de encerramento da vigésima edição do Fantaspoa foi um acontecimento único no Bar Opinião, em Porto Alegre. Entre os gritos dos fãs de terror e os brindes com sangria (ou seria vinho?), a atmosfera era eletrizante. Afinal, não é todo dia que se celebra duas décadas de terror e fantasia em uma cidade que parece ter sido abraçada pelas trevas.

Mas o ápice da noite, o momento em que as sombras pareciam se curvar em reverência, foi o retorno triunfante da banda Damn Laser Vampires. Após doze anos de hiato misterioso, eles emergiram das profundezas para assumir o palco mais uma vez. E que retorno foi esse! Com suas batidas pulsantes, guitarras distorcidas e letras que parecem saídas diretamente de quadrinhos de terror, eles capturaram os corações e as mentes da multidão sedenta por trevas e diversão.

Enquanto os acordes psicóticos ecoavam pelas paredes do Bar Opinião, e os vocais ecoavam como um canto obscuro e vampiresco, uma sensação de êxtase envolveu a todos. Porque, naquela noite, os vampiros não eram apenas figuras de ficção, mas sim uma realidade que se manifestava através da música, do cinema e da imaginação coletiva.

Era como se no palco Walpurgis, Nosferatu e Drácula mesmerizassem uma plateia de almas incautas. Na verdade, eram Ron Selistre (vocal/guitarra), FrancisK (vocal/guitarra) e Michel Munhoz (bateria) que comandavam essa festa profana, sempre de olho nos pescocinhos atraentes na multidão. Festa que demorou muito tempo para se repetir, mas o que são 12 anos para aqueles que têm a eternidade pela frente?

No setlist uma sucessão de petardos vampirescos, a maior parte registrada no disco Gotham Beggars Syndicate, álbum de estreia da banda, de 2008. Os fãs cantavam a plenos pulmões e iam ao delírio com as falas espirituosas de Selistre entre uma canção e outra. Além do bis, a banda precisou fazer um bis do bis. Ninguém queria que a noite acabasse.

E assim, antes do sol nascer e enquanto a chuva ia e voltava sobre a cidade adormecida, os vampiros caminhavam de novo entre nós. Mas desta vez, não como predadores nas sombras, mas como ícones de uma cultura que abraça o desconhecido, o obscuro e o fantástico. Porque, afinal, em Porto Alegre, os vampiros nunca realmente desapareceram. E agora, mais do que nunca, eles estão de volta.

Para ficar?  Ninguém sabe. Aguardemos as próximas páginas dessa deliciosa história de vampiros.

 

 

Veja o histórico da banda aqui.

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