É com esta certeza que podemos começar a falar sobre a 11ª edição do Otacílio Rock Festival, que mais uma vez, mostrou ser um festival comprometido com a cena headbanger e que está crescendo a cada ano. Ao encerrar o evento, um dos organizadores Denilson Padilha anunciou que o festival de 2018 já está garantido.
Pelo segundo ano no estilo open air, o festival veio com maior e mais apropriada estrutura, com espaço perfeito para moshs. Ouvi algumas críticas quanto a estrutura que separava o palco, da galera. Talvez fique aí uma dica para a organização estudar, pois realmente é bem comum ver a galera se jogando de cima do palco e este ano foi algo difícil, se o cara não quisesse se machucar.
Como nos anos anteriores, a estrutura estava completa, com ampla área para camping, banheiros químicos e banheiros com chuveiros em diversos pontos do parque, churrasqueiras, praça de alimentação, bar e espaço para lojas e para divulgação de bandas e eventos. Por falar nisso, vi diversos organizadores de festivais lá prestigiando e reforçando a parceria existente em Santa Catarina entre quem está a fim de fortalecer a cena de festivais. O trabalho de limpeza também merece ser comentado, com banheiros com papel higiênico a disposição e um grupo de pessoas que passavam com frequência para fazer a limpeza. Ao final do festival o gramado estava limpo, a estrutura organizada e a equipe atenta na arrumação.
Conversei com o chefe da segurança, Vital, que disse ter sido mais um ano de grande tranquilidade. Ele sempre comenta que prefere trabalhar em mil festivais como este, que ir em uma festa “comum” que acontece em Otacílio Costa e região. Ele se diz impressionado com a educação das pessoas, com o capricho na limpeza, classificando a todos como “os caras mais gente boa” que ele trabalha.
Com relação a alimentação, acredito que ninguém tenha passado dificuldades. Foi bonito de ver na madrugada de sábado, quando o Denilson anunciou que a lanchonete iria fechar, todos correndo para garantir o lanchinho da noite e aguentar até o dia amanhecer. Como não poderia faltar, presença garantida todos os anos, a chuva deu o ar de sua graça em alguns momentos do dia e da noite, mas sem grandes transtornos desta vez.
Um dos principais motivos para o surgimento do OTA foi a falta de lugar e apoio para que bandas de Otacílio Costa e região tocassem. Sendo assim, não faltaram bandas do município e região, além das que vieram de SP, MG, RS, com a presença de diversas vertentes do metal. Quem quiser participar do ano que vem, envia material para os organizadores e apresenta sua banda desde já, no e-mail [email protected], com o assunto “Inscrição de Banda”, contendo as seguintes informações: Nome da banda; Estilo; Cidade/estado; Release; Discografia; Redes sociais (da banda): facebook/soundcloud/youtube/deezer; Contatos (do responsável pela banda): Facebook, e-mail e telefone ou imprima as informações e envie no endereço físico: A/C: Nani Poluceno – Rua: Leonel Balduíno, N°157 – Bairro: Targino – Cidade: Otacílio Costa SC – Cep: 88540-000.
Confira um pouco do que cada banda fez no palco e já se programe para participar da 12ª edição, que não temos dúvida, será novamente um grande evento e um grande reencontro entre amigos!
LEGADO FRONTAL
Abrindo o 11º OTA e depois de quase um ano sem tocar juntos, a banda retornou aos ensaios especialmente para o festival. Com faixas do álbum A guerra não tem fim, demais trabalhos e covers, a banda abriu o festival e agitou quem já estava presente. Entre as músicas já conhecidas da galera, tocaram “Bênção”, “O prejuízo” e minha preferida “Nada a perder”. Mesmo com projetos paralelos e compromissos familiares, como a chegada dos filhos do Bóia (batera) e do Pity (baixo) – que está a caminho, a banda que estava afastada, mostrou entrosamento no palco e o que pudemos perceber foi um grande reencontro de amigos do Metalcore, já mostrando o quanto o festival seria animal!
SAGRAV
Dando sequência e para mim uma das grandes surpresas do festival. Vindos de Chapecó, me impressionaram pela qualidade musical, presença de palco, velocidade e entrosamento com o público, que também fez bonito e iniciou a sequência de rodas que iriam durar até o fim do festival. A banda tem fortes influências de Black, Thrash e Death Metal e apresentaram músicas do primeiro trabalho “The Lynching”. Eles já preparam um novo EP, que deve ser lançado no segundo semestre do ano, o que eles classificam como uma evolução da banda. Depois do show, o grupo conversou com a galera e comercializou o EP, camiseta e a cerveja da banda. Em conversa com eles, se mostraram encantados com a estrutura do festival e já adiantaram que pretendem continuar participando do evento.
Os curitibanos do Axecuter vieram na sequencia. Com um Trash oitentista de primeira, a banda entrou com um som pesado e uma enorme presença de palco e agitou muito os presentes. A banda iniciou o show com sua música “Attack” e foi porrada do inicio ao fim. Destaque no momento o qual a banda apresentou a faixa “No God No Evil” na qual teve uma imprevisto técnico… seria uma intervenção divina? Durante a apresentação tivemos a presença de um “Axecuter”durante a faixa homônima e a execução ao vivo pela primeira vez da música “Feed The Beast”.
AXECUTER
Pela primeira vez tocando em um grande festival, os gaúchos da Losna vieram com o objetivo de quebrar tudo em cima do palco e olha… conseguiram. Durante todo o show, a galera se quebrou nas rodas na frente do palco. Formada por duas mulheres e um cara, eles conseguiram reafirmar que lugar de mulher, também é em cima do palco tocando Thrash!
“Não precisamos provar nada por sermos mulheres, precisamos é que a galera quebre tudo na frente do palco e respeite o nosso som”, disse a vocalista Fernanda. Conversando com o Marcelo (baterista), ele disse ser uma grande honra poder tocar com mulheres de tamanha força como a Fernanda e a Débora. Para ele, o metal só tem a ganhar com o aumento da participação feminina nos palcos. O show foi composto por músicas dos três álbuns da banda, que já tem mais de dez anos de estrada.
Eles declararam ser uma experiência nova tocar num evento como o OTA e uma imensa satisfação por toda organização que puderam ver. “Este contato com a natureza, com o metal, parceria pra montar as barracas, churrascos e grandes amizades que se fortalecem com eventos como este. É isso aí que faz que o movimento fique firme e cada vez mais forte e é isso que a gente quer”, afirmaram.
LOSNA
OLDER JACK
A banda mais alemã do Brasil subiu ao palco do Otacílio para mostrar o seu metal todo escrito em alemão. Uma porcentagem da galera não conhecia a banda e tiveram uma excelente surpresa com a apresentação, muito bem executada e animando o público que estava presente na frente do palco na hora do show. O destaque fica que em quase todas as músicas tem um refrão épico, que até mesmo quem não conhecia saiu cantando.
ORQUÍDEA NEGRA
Por mim uma das mais esperadas, o Orquídea Negra está gravando um DVD com seus shows e histórias e aproveitou o palco do OTA para mais uma gravação. Como não poderia deixar de ser, desde o início até o fim, o grupo ocupou todo o palco e fez todos cantarem seus clássicos e novas músicas. É um show com uma energia tão forte que não tem como ficar parado. E como não poderia ser diferente, foi só iniciar “Surrender” que toda a galera se uniu em uma só voz e encerrou o show da melhor maneira. Depois disso, ainda conseguimos um bis e mesmo após esse showzaço, a vontade era de que eles continuassem tocando por mais umas duas horas, no mínimo. Lageanos com mais de 30 anos de estrada e que não vão se render tão cedo!
RHESTUS
E a banda mais Thrash de Santa Catarina subiu ao palco do Otacílio Rock Festival. Liderados pelo vocalista “Fantasma” a banda apresentou seus melhores clássicos desde o começo da carreira da banda. O destaque fica para os mosh pits ao som do verdadeiro Thrash executado de maneira muito técnica e reta, isso fez a galera aquecer para o Violator que vinha logo em seguida.
VIOLATOR
E a melhor banda de Thrash Metal da atualidade pisa no solo de Otacílio, para mais um show destruidor. Regado a vários moshs e principalmente Circlepit’s não poderíamos esperar menos do que mais uma apresentação técnica e de muito envolvimento com o público. Com os mesmos sons apresentados no último show, Violator se destaca mais uma vez na música “Destinedto Die” onde se formou uma grande roda, para mais uma vez balançar a cabeleira ao som desse clássico da banda.
VENERAL SICKNESS
Nossa resenha já começa em Floripa, onde a banda se apresentou no Plataforma Rock Bar e na manhã seguinte pegaram a excursão com a galera de Floripa. Integrantes da banda super gente boas e compartilharam de muitos momentos engraçados no ônibus conosco. Apresentação rolando no Otacílio de forma impecável, nem parecia que eram apenas três integrantes fazendo todo o som. Banda de respeito e com um som muito técnico, Venereal Sickness deixou a galera querendo mais e mostrou que o Brasil tem banda boa de Death Metal, sim.
IMPERIOUS MALEVOLENCE
O público não teve descanso, pois logo após a destruição que foi o show do Violator e um dia inteiro de festival subiu ao palco a Imperious Malevolence. A banda de Death Metal formada em 1995 tem uma discografia incrível, com o último lançamento em 2014 intitulado “Doomwitness” e conta em sua formação com o Fernando Grommtt no vocal e baixo, Daniel Danmented na guitarra e backing vocals (membro da Axecuter que se apresentou mais cedo no festival) e nas baquetas o Antonio Death.
Os curitibanos demoraram um pouco para começar a tocar, mas logo o Power Trio estava em posição com uma introdução que começou a chamar e reunir o público em frente ao palco. A primeira música já mostra um total entrosamento da banda, onde Danmented interagiu bastante com o vocal Grommtt.
Mesmo com mais de 20 anos de estrada o setlist é composto de forma satisfatória, tocando “Priest of Pestilence”, “Doomwitness” e “Ascending Holocaust” do último disco e chamando a atenção para as músicas “Arquiteto da Destruição” e “Perpetuação da Ignorância” que foram cantadas em português. Anunciado o fim o público pediu por mais músicas e com isso um bônus não previsto no setlist foi executado, finalizando a apresentação por volta das 2h30’.
SOMBERLAND
Por volta das 3 horas e contrariando qualquer pessoa que pudesse achar que o público seria reduzido pelo horário, sobe ao palco Somberland, banda de Black Metal formada pelo Diego Bittencourt e Dmorest nas guitarristas, Wagner Barros nos vocais e W.A.G. a cargo da bateria. A banda de Criciúma ficou encarregada de finalizar o primeiro dia de festival do Otacílio Rock Festival com o bom e velho Black Metal brasileiro. Wagner abre a apresentação e chama o público para curtir o show com a seguinte frase: “Bem-vindos a Somberland”.
A banda é relativamente nova, sendo formada em 2015 e com o primeiro trabalho lançado em 2016, a demo intitulada “Dark Silence of Death” que foi priorizada e divulgada demonstrando total qualidade nas músicas e nos integrantes da banda, além de algumas faixas que ainda não foram gravadas. Interessante apontar que ao longo do show subiu ao palco uma participação especial que vestindo (e todo coberto) por uma roupa preta ilustrou a proposta da banda.
JHONNY BUS
Primeira banda de domingo e mais uma grata surpresa do festival! Começando agora com os trabalhos autorais, a banda surpreendeu por sua qualidade em melodia, mas principalmente pelo vocal do Gabriel Giotti, que ocupou todo o palco com uma presença contagiante e variações que levaram todos a comentar que esta lageanada não estava para brincadeira. Melhor maneira de começar um domingo de festival!
Logo de cara a banda já te chama a atenção pela vestimenta com saco de lixo e o carisma dos músicos no palco. Mesmo com o pessoal ainda acordando na dominguera, a frente do palco ficou lotada com o público reagindo a cada música. Vindos de Rio do Sul, a banda é daquelas que você assiste e dá vontade de chamar os caras pra tomar cerveja e dar risada depois do show. Nas letras, o sarcasmo com temas atuais é o mais presente e as melodias são uma grande mistura de tudo que acabou dando certo. Sem dúvidas, acordou quem ainda estava na preguiça do domingo de manhã.
HOMEM LIXO
Comemorando dez anos com a mesma formação, a banda, que já passou por outros nomes e inaugurou a nova nomenclatura no festival, recheou o show com músicas próprias e uma justa homenagem para sua banda inspiração: os lageanos da Orquídea Negra, com cover de “Surrender”. O vocalista Matheus Muniz disse que foi em reunião com a banda, que ficou definido só tocar músicas próprias, aproveitando o palco e o público para apresentar o material do grupo. A Atho está com dois segmentos de trabalho, um com letras voltadas aos sete pecados capitais – trabalho com sete músicas, e outro com músicas mais liberais retratando o dia a dia dos integrantes. Em breve, a banda pretende lançar novo material.
ATHO
A banda de Chapecó, subiu ao palco com Matheus Andrighi no baixo, Diego Massola na bateria e Watson Silva nos vocais e guitarra, cantando em português e agitando muito o público. A banda anunciou a proposta de divulgar o CD de estreia lançado em 2016 intitulado “Intacto”.
Embora a banda tenha passado por alguns problemas técnicos ao longo da apresentação, tendo que recomeçar uma música e demorando um pouco em alguns momentos, o trio se saiu muito bem, oferecendo ao público um show animador e que contou com uma participação especial do integrante do Baranga, que subiu ao palco dando cerveja para todos enquanto eles tocavam.
O vocalista interage com o público em alguns momentos do show e faz uma homenagem a próxima banda a se apresentar, dizendo que Baranga é uma grande influência e que Maquinários não existiria se não fosse por eles, resultando em aplausos e gritos. Finalizando o show com o puro Rock and Roll com pegadas bem Heavy Metal dignas de uma influência do Black Sabbath.
MAQUINÁRIOS
BARANGA
Seguindo o ritmo do puro Rock and Roll, sobe ao palco Baranga, com uma pegada muito intensa e segundo o próprio vocalista com um “Rock paulera cantado em português”. A banda é composta por Xande nos vocais e guitarra, Deca na Guitarra, Soneca no baixo e coros e o Alemão a cargo das baquetas.
O show foi repleto de surpresas e conversas com a galera. Logo no início sobe ao palco um grande amigo deles que, segundo Xande, veio de Varginha (MG) para apresentar a banda e o faz, começando pelo baterista e passando por todos os integrantes, preparando o grupo que logo inicia a primeira música, “Filho Bastardo”.
A banda de São Paulo já viajou e se apresentou por muitos lugares do Brasil e também da Argentina, mas anuncia que está gostando mais de tocar em Santa Catarina e executa o show com muita agitação e surpresas, como Watson, vocalista da banda Maquinários, que sobe ao palco para participar fazendo um set que agradou muito, com sons como “3 Oitão”, “Ser o Rock” e “Chute na Cara” que agitaram muito o público.
Xande conversa bastante e propõe um brinde a Santa Catarina, aproveitando para elogiar a beleza do estado e das mulheres, e a animação é tanta que tem até crianças curtindo e se divertindo na frente do palco. Finaliza o show com sentimento de dever cumprido e mais uma grande apresentação para a conta.
ANCESTTRAL
Os paulistas trouxeram o seu Thrash Metal para Otacílio Costa. A banda é muito bem recebida e a galera curtiu demais a apresentação. O show foi focado no novo álbum, “Web Of Lies”, lançado ano passado. Tivemos mais um show muito técnico e bem executado, mostrando mais uma vez o talento no Metal brazuca.
ATTOMICA
Banda de São José dos Campos, São Paulo se apresentou em Otacílio Costa. Uma das lendas do Thrash Metal nacional não decepcionou e mostrou a que veio. Com um show regado a vários moshs, foi uma excelente escolha para encerramento do fest, fazendo a galera balançar a cabeleira, ir pra casa com o pescoço dolorido e satisfeitos por mais um grandioso show. O destaque fica para o vocalista/baixista André Rod que substituiu de forma magnifica o grande Alex Rangel, falecido em um acidente de moto em 2015.
Por fim, toda a organização agradece ao público que se fez presente e avaliam que este, foi mais um ano de dever cumprido. O festival não tem fins lucrativos e é feito, desde seu início, por pessoas apaixonadas pelo metal e que viram a necessidade de um evento como este para a região e o estado. Denilson Padilha, Elienai Souza, Ariane Poluceno e Cleberson Oliveira, nós é que agradecemos por vocês não desistirem. 2017 foi mais um ano de cobertura onde vimos a dedicação de todos, com a presença de suas famílias e amigos ajudando a manter toda a estrutura da melhor maneira possível para os visitantes. Só podemos desejar sucesso e que venha o OTA 2018!
Confira as fotos do evento:
A cobertura do Cultura em Peso foi realizada por:
Rubiane Lima – Fotos e redação
Jéssica Vuaden – Fotos e redação
Isa Gomes – redação
Jonathan Dino – redação
Rafael Tamanini – redação
Em breve videos no nosso canal ….
PARA VER AS FOTOS DO SHOW CLIQUE NO LINK ABAIXO:
https://culturaempeso.com.br/cobertura-fotografica-otacilio-rock-2017/