Galera a entrevista dessa vez será feita com o Humberto Costa, integrante e líder da banda Place of Warship e proprieestário do selo Parabellum Records. Vamos nessa…
Humberto você toca na banda Place Of Warship, conte-nos como tudo começou e se vocês tem algum projeto para 2009…
Tudo começou quando eu morava em Londres e o meu professor de guitarra, o Olivier da banda Furnaze, começou a me incentivar a escrever músicas próprias. Antes disso eu apenas tinha alguns riffs aqui e ali, mas nada coeso o bastante para formar uma música inteira, quanto mais uma banda com linha musical e identidade própria. Sempre quis tocar Thrash Metal, apesar de sempre ter escutado muito mais Death. Quando fui tentar colocar os riffs juntos, não deu outra. Death Metal com umas pegadas thrash, rifferama influenciada por bandas que vão desde Black Sabbath à Mayhem. Mas o que me influenciou mesmo foram as bandas de Estocolmo. Dismember, Unleashed e Entombed. Acho a nova geração do Death Metal muito foda, bandas brutais como Nile, Krisiun, Hate Eternal e outras desse escalão são muito boas, porém fica difícil pelo menos pra mim, agitar com tantos riffs/licks sobrepostos e batera à mil e como eu sempre fui fanático por mosh-pit, acabei optando por não fazer um som tão brutal e sim um lance mais cadenciado e mid tempo. Então as antigueras como essas suecas que eu citei, mais Benediction, Bolt Thrower, os primeiros do Paradise Lost e do Anathema, Chakal, Dorsal Atlântica, etc., são as influências que predominam no som do Place of Warship.
Logo quando voltei de Londres em 2007, construi meu próprio estúdio de ensaio na chácara da minha família. Um lugar muito bacana que foi batizado de CU (Centro Underground). Neste ano montei uma banda com uns amigos chamada Waracle. Não usei nenhum dos sons que eu tinha composto em Londres. A banda ensaiou por uns 3 meses e logo se desfez.
Após isso em 2008, durante o carnaval eu fui à BH e tentei convencer o Wesley Adrian, baterista do Mortifer Rage a gravar as bateras de um novo projeto que eu tinha em mente. Como ele tava com duas bandas na época, recusou o convite e eu voltei pra Paracatu frustrado com tudo.
Chegando em Paracatu, conversei com Wesley Reis, batera que eu conheço a mais de dez anos e ele topou ensaiar. Logo depois, Daniel Sabino entrou pra segurar o baixo, mas infelizmente deixou a banda em Janeiro desse ano.
Agora eu e Wesley estamos ensaiando pra gravar o primeiro disco que já esestá completamente composto. Estamos ainda decidindo onde gravar. E, como você sabe,, você tocará os solos, né primo… eeeeeeeeeennnnnn!
Ainda pra 2009, esperamos lançar um EP ou quem sabe até outro full lenght até o final do ano. Acho que seremos a primeira banda de Death Metal a lançar dois discos em um ano. Me corrijam se eu estiver errado.
2 – Vocês chegaram a se apresentar em 3 cidades do Triângulo Mineiro, o que achou das apresentações e do show em Uberlândia?
Fizemos o nosso primeiro show em Ituiutaba em Julho de 2008. O primeiro show de toda a minha vida. Daniel e Wesley já tinham tocado antes, mas eu era o primeiro de todos, cara. Achei que ia dar pra trás cara, mas quando rolaram os primeiros bumbos da intro, eu me senti em casa e o pau quebrou. Foi uma loucura! Nasci pra isso bicho, tocar ao vivo, ver as cabeças rolando, energia do Death Metal, foi uma sensação louca demais. Melhor que qualquer droga. Em Agosto tocamos em Araguari no tradicionalíssimo Day of Profanation, evento muito foda do Escaravelho, que é um grande guerreiro e brother nosso. Em Setembro tocamos em Unaí, uma cidade aqui da nossa região do Noroeste Mineiro e em Outubro fizemos um show no Goma aí em Uberlândia. Na véspera do show do Goma houve uma mudança de data. O show que era pra ser domingo, passou pro Sábado. Até o nosso amigo Régis da banda Murro no Olho de Brasília, perdeu o show por causa dessa mudança data. Além disso, foi bem eclético, o que às vezes ajuda num festival grande, mas num evento de pequeno porte o público fica bem dividido. Isso não ajudou nesse caso. As pessoas que ficaram pra ver o show foram du caralho. Agitaram muito e o som tava bacana. Resumindo, foi ótimo termos tocado em Uberlândia e a gente agradece muito ao Roberto Marra, do FMI que além de ter chamado a gente pra tocar nesse evento, foi o primeiro cara que botou fé no nosso som e arrumou os contatos pros shows de Ituiutaba e Araguari.
3 – A escolha do formato estético-musical da banda surgiu de que maneira ?
A gente tenta seguir a linda do Death Metal Old School, mas não ficamos presos a isso somente. Se surge um riff mais Thrash ou até uma batida mais Hardcore que a gente ache que encaixe no som, não preocupamos em podar isso e aquilo. Como a banda é muito nova, eu não importo se o nosso primeiro disco saia um pouco fora do foco, ou sem muita identidade. Eu nem sei se isso vai acontecer. Espero que não. Porém esperar que soemos como uma banda madura e que já tem mais de 10 anos de estrada é impossível. O que rolou foi que a gente escreveu os sons e estamos querendo gravar logo pra podermos ensaiar outros sons e assim vai. Não consigo parar de escrever e já tenho idéias para pelo menos mais uns dois discos. Não sentei com os caras pra discutir o formato do som nem do visual. Apenas começamos a ensaiar e as idéias foram aparecendo.
4 – Você é um cara muito bem relacionado na cena metal de MG, DF e de outras localidades do Brasil e da Europa. O que você teria a dizer acerca da atual cena que vivenciamos em nosso país?
Está melhorando aos poucos, mas antes eu queria falar do que eu acho que ainda está muito ruim. Eu sou um cara que pensa positivamente, mas apesar dessa tecnologia toda fazer com que os sons cheguem mais facilmente ao ouvinte, tem um lado ruim nisso tudo que são aqueles caras que só baixam o som e metem o pau no movimento, mas são moleques e nunca foram num show, nunca compraram uma demo pelo correio, nunca fizeram um fanzine, nem nada… Esse tipo de ativismo dentro do movimento é que está fazendo falta e olha que hoje está muito mais fácil de se editar um zine, ou começar uma banda, até mesmo de se gravar um disco está bem mais acessível. Para a cena mais extrema a coisa anda feia. A mídia brasileira continua apostando no Metal melódico como salvadores da pátria, mesmo tendo Krisiun como o maior expoente do metal nacional lá fora. Em Londres ninguém sabe o que é Angra. Shaman e genéricos, nem pensar. Agora o Krisiun e o Sepultura continuam lotando shows. Você tem revistas como a Zero Tolerance onde a primeira capa foi do DarkThrone, Terrorizer onde a primeira que eu comprei em 2002 tinha o Morbid Angel, tem a Legacy da França, a Thrash’em All da Polônia, revistas fodas, que dão ênfase ao Metal Extremo. Isso aqui ainda continua muito provinciano. Não mudou nada nos últimos 10 anos. Outra coisa que fode com a cena é a importância que as pessoas dão às bandas cover. Um cara que vai ao show de uma banda cover, ele não faz a mínima idéia do quanto isso é prejudicial pra cena local. Eu sou contra bandas cover de qualquer estilo musical cara. Quer tocar, monta uma banda, senta e escreva seus próprios sons. Nada contra tocar um ou dois covers num show, mas uma banda que nasce já com a alcunha de por exemplo: Killers (Cover do Iron Maiden), Her Ghost in the Fog (Cover Cradle of Filth e Dimmu Borgir), etc…porra, esses caras tão fudendo com o movimento e tem gente aplaudindo. Pra mim isso é tão grave quanto White Metal. O Place nunca tocou um cover sequer e nunca precisamos de covers pra tocar fora da nossa cidade. Então o que eu acho que falta no cenário nacional é identidade. Ver que temos bandas foda, apoiar ao invés de ficarmos de picuinhas idiotas, usar a camiseta das bandas da região e ir ao shows. Isso aí ainda está bem precário, mas lá vai melhorando ao poucos.
5 – A Parabellum Records é um selo dedicado ao metal extremo, correto? O que é a Parabellum em si e quais os projetos em vista?
A Parabelum Records surgiu a partir da idéia do meu amigo Henrik Wendel que é de Malmo na Suécia. Ele montou a banda de Black Metal, Vandod e lançou o primeiro disco “As” através do seu próprio selo, a Ex Mortem Records. Quando voltei pro Brasil ele me perguntou se estaria interessado em lançar este material em território nacional. No começo achei que eu não teria tempo pra fazer isso, mas depois de muita insistência, acabei topando e fundei o selo. Por enquanto este é o único título no caestálogo, mas pra esse ano já estamos preparando o lançamento dos discos do Place of Warship e de uma banda italiana chamada Abgott.
6 – Muito obrigado pela atenção velho!O espaço agora é seu! Deixe um recado para os leitores de nosso site…
Eu que agradeço pela oportunidade de falar sobre o Place of Warship e a Parabelum Records. O pessoal do triângulo pode esperar muita coisa saindo de Paracatu esse ano e nos anos seguintes. Não seremos mais uma banda que fica na ativa por dois anos e depois se desfaz. Temos convicção no que fazemos e perseverança na luta dentro do underground e da cena. Como o grande Junior do Corpse Grinder de Machado diz: “O Underground é um só!”