Quilombo surgiu com muita bagagem e peso, essa é uma verdade incontestável. Quando teve-se a ideia de criar o grupo e porque a escolha deste nome?
PANDA REIS – Na verdade a ideia surgiu para ser um disco futuro da Oligarquia, mas a coisa foi tomando uma forma tão interessante, que logo percebi que seria mais interessante ter uma banda inteira com essa temática e mais ainda se fosse com músicos distintos. Já o nome surgiu das histórias dos Quilombos e Quilombolas, a palavra significa “esconderijo na mata” (algo nessa linha) e todos sabemos como se constituía um Quilombo, falo da constituição real e não da tendenciosa versão historiografia positivista e da lista, que tinha como objetivo para essa criação falaciosa, justificar o extermínio dos Quilombos e da tomada der terras dos quilombolas. Você me deu uma boa ideia para uma nova música falando a verdade é explicando sobre os Quilombos e Quilombolas.
O grupo trata em suas letras fatos históricos da humanidade. Como é todo processo de composição das músicas, e como são escolhidos quais fatos serão abordados?
PANDA REIS – Nesse primeiro Ep as composições e letras foram feitas separadamente, as letras já estavam sendo escritas, pois como disse a ideia sobre o tema já existia, então esse primeiro material fala apenas da questão do africano e seus descendentes , o próximo deve seguir a mesma linha, porém no futuro o assunto poderá ser outros, o que não faltam são mentiras históricas contadas por historiadores europeus tendenciosos e ideológicos porém já faz um tempo que historiadores africanos e afrodescendentes, vem se juntando com outros profissionais e pela interdisciplinaridade, chegando a verdade dos fatos narrados anteriormente. Temos temas para 575 discos duplos hahahaha!!!
Falando em História no exato momento de elaborar esta entrevista leio uma matéria sobre o Museu do Rio de Janeiro ser tomado por um incêndio, como você vê a história guardada ali ser tomada pelo fogo?
PANDA REIS – Puta cara … assunto ruim esse, não falei nada sobre isso nem em minhas redes sociais para não acusar, ofender ou me estressar com o retorno de tal publicação, mas já que queres saber minha opinião, a gente fala … é sabido que a grande maioria estão pouco se fodendo com história, acham que o passado não interessa, também sabemos o descaso que nossas autoridades tratam as coisas referentes a história e cultura por aqui, basta notarmos que o Museu da Língua Portuguesa, Memorial da América Latina já passaram pela mesma devastação isso sem contar outros que não foram divulgados, fora os que ainda não deram merda, Mas basta uma visita aos museus brasileiros, que vocês vão ver o abandono do Estado para a nossa história, o Museu do Ipiranga mesmo, foi fechado para reformas em 2013 e até hoje ainda nem começaram as reformas. Aí caímos para uma questão importante, a verba destinada para manutenção e restauração do nosso patrimônio cultural, foi feito uma conta que com o valor gasto no Maracanã, daria para reformar e preservar o Museu em questão, até mais ou menos 2.400 !!! Se pegarmos o valor gasto só com gasolina dos parlamentares, daria e sobraria para manutenção desse museu. Me incomoda e muito a maneira que tratamos nossa história, nossa cultura, UFRJ, prefeitura, estado, administração do corpo de bombeiros, todos erraram, e ninguém assume nada … tudo bem que nem adiantaria isso agora, que perdemos itens únicos, históricos e de extrema relevância não só para o Brasil, mas para todo o mundo cultural.
O que o Ep ITANKALE traz de novo para o cenário do Metal?
PANDA REIS – Nada liricamente, talvez algum conteúdo história o recente e talvez colocar em debate o racismo no metal, que continua muito forte, isso sem falar de xenofobia, machismo, sexíssimo etc.
Sonoramente a banda varia entre o Thrash e o Death, alguma vez a banda já pensou em utilizar elementos da Capoeira em sua sonoridade?
PANDA REIS – Thrash eu acho que não! Mas sim death, Grind e até Stoner. Acho que você pegou o espírito da coisa Hahahaha!!! Usamos elementos de capoeira, blues e todos tipo de música afrodescendente.
6-Jogo rápido:
4 bandas nacionais: Ratos de Porão , Oligarquia , Facção Central , Torture Squad
4 bandas internacionais: Napalm Death , Benediction , The Exploited , Ramones
1 cd: Crucificados Pelo Sistema
1 livro: A Conquista do Pão ( Oiotr Kropotkin )
Quilombolas: A vanguarda da luta dos afrodescendentes, donos de suas terras
África: Mãe de Todos, origem da espécie humana
São Paulo: Cidade mais fascista do Brasil
Brasil: Caminhando a passos largos para o retrocesso social e político ( democracia tupiniquim )
Metal: Mudou minha vida e me faz continuar a ter vontade de tocar e ver pessoas
7- Quais são os projetos para o fim deste ano e 2019?
PANDA REIS – Esse anos iremos lançar esse Ep (ITANKALE), não devemos tocar muito esse ano (tocamos em um evento fechado em Agosto e temos o convite de participarmos de outro evento anarquista e acho que só, em 2019, acredito que devemos tocar um pouco mais, e lançar talvez dois Eps e algum material de merchandising, vamos ver o que vai acontecer.
Como tem sido a aceitação dos bangers a temática não tão casual no metal empregada pela banda?
PANDA REIS – Então, pela internet tem sido bem interessante, tanto é que mesmo sem nada lançado essa é nossa terceira entrevista, acredito que seja mais por curiosidade, acho que os bangers acham que somos uma espécie de Sepultura na época do Roots rsrs , mas não é nada disso , somos uma banda de metal que fala da África e a diáspora negra , os elementos externos do metal , entram de maneira tão sutil e ao vivo talvez não abstenham, pois isso iria requerer samplers e a ideia é simplificar o máximo ao vivo.
Quais são as principais influências da banda?
PANDA REIS – Não vou citar bandas para não ser injusto e esquecer de alguém, mas digo que vem de vários estilos, vários mesmo, porém acho que nossa influência maior venha dos livros e não dos discos.
Um sonho da banda?
PANDA REIS – Que todos acordassem.
Contatos ?
PANDA REIS – Os contatos podem ser pelas redes sociais ou email;
www.facebook.com/quilombometal
WhatsApp: 11-98646 – 0568
Mensagem final:
PANDA REIS – O mundo passa por um momento extremamente delicado, onde as massas estão cada dia ainda mais alienadas do que em décadas passadas , isso graças a falaciosa indústria midiática e das manipulações pensadas para corroborar com ideias e atitudes dos “donos do poder”, a mensagem que tenho para passar é direcionada aos bangers , punk´s , rappers, grinders e todos que vivem o undeground ou do underground , não caiam na armadilha do sistema , não se iludam com as cifrões deles , pois basta incomodá-los e eles tentarão te comprar ou te destruir , resistam a toda onda fascista e racista , pensem pelas suas próprias cabeças e parem de imitar o mainstream , parem de tentar transformar nosso underground em um mini mainstream e chega de racismo , xenofobia , machismo e sexismo em nosso meio musical, não aceitem nenhum tipo de pré-conceito ou segregação que seja. Nos vemos por ai ….