COBRA AO PESCOÇO

A noite estava ótima, sem chuva nem frio. As pessoas responderam ao repto da Ride The Snake, foram chegando ao Village Underground Lisboa e a ansiedade foi crescendo. Dava para perceber que o público, na sua maioria, era composto por amigos e fãs mais próximos das bandas. É sempre bom ter uma plateia que conhece bem as bandas para dar aquele apoio incondicional e contagiar os restantes.

Com o início atrasado por aguardar pelos mais desalinhados com o relógio, o primeiro conjunto da noite lá subiu ao palco.

Logo que instalados, a banda da Figueira da Foz dá as boas vindas aos presentes, para de seguida destapar o primeiro tema – “Bathsheba” – que instantaneamente agarrou os olhos do público pelas córneas.

Com Gil Morais na guitarra, Lara Soft na bateria, Emanuel Charana no baixo e David Taylor como vocalista, os COBRA AO PESCOÇO são detentores de um som tão potente como deliciosamente insolente. Tal como um menino mal-comportado em dia de missa, os temas são provocadores ao ponto de uma beata querer desistir da sua vida de devota e abraçar a linha da frente de um qualquer movimento ativista, sem qualquer pudor pelo asneiredo.

É assim que eles são. Dizem o que pensam, cantam como querem e com o som que lhes apetece! E é isso que lhes dá esta personalidade, tão desprendida como atraente.

Foi pena ter sido o último concerto do ano, porque apetece segui-los para qualquer parte. Mas em conversa com David Taylor, ficámos a saber que vão voltar ao estúdio para preparar as próximas gravações. E se forem são fixes como o seu álbum de estreia – “Deus Mastiga” – então estaremos metidos num lindo serviço!

A lista foi a seguinte:

  • Bathsheba
  • Simone
  • Doutor Sacana Lopes
  • Cruz Credo
  • Vera Ferida
  • Inflamação Espanhola
  • 150 Facho
  • Kang Lee

 

QWENTIN

A história deste concerto dos QWENTIN não é fácil de contar.

A banda deu tudo, uma atitude de ferro, a um público (pouco mas bom) que deu o apoio que os QWENTIN mereciam mas… infelizmente não tiveram as melhores condições de som. Sabemos que há salas difíceis para os técnicos de som, pela sua construção, pela sua arquitetura ou disposição, ou simplesmente pelo equipamento disponível.

Mas não deve ter sido nenhum destes casos uma vez que a banda anterior teve um som muito decente! Então o que se passou? Não sabemos. O que constatámos foi um som simplesmente desastroso. Infelizmente para a banda e para quem pagou bilhete.

Contudo, os QWENTIN de João… ou melhor, de Gospodar Qwentinsson (guitarra e voz), Henry Qwentinsson (bateria), Mellizich Qwentinsson (baixo) optaram por mastigar as dificuldades com grande atitude e profissionalismo!

Esta banda nascida no Cartaxo, que adota avatares Qwentinianos sempre que sobe a um palco, pegaram no touro pelos cornos e lá foram desbravando o mato denso.

Começando pelo “Uomo-tutto” um tema cantado em italiano, e terminando no espanhol “Fatalidad!”, os QWENTIN mostraram que têm uma sólida bagagem de temas que vale a pena explorar com a maior atenção. Porque eles não são apenas mais uma banda de rock. Em cada canção há uma história, há uma particularidade, um condimento especial. Um ou mais!

O setlist da noite foi o seguinte, mas recomenda-se audição atenta nos canais habituais:

  • Uomo-tutto
  • Chasm
  • Wheel
  • Pleasantries from a motherfucker
  • Mertvaya ruka
  • Motte
  • N.F.O. Kronikoj
  • Ainda aqui
  • Fatalidad!

 

De salientar, o conceito desta banda diferente, que não tem tempo nem lugar definidos. Nasceram em solo português mas não vive num só país nem se expressa num só idioma. Por isso é com naturalidade que cantam em inglês, português, italiano, francês, alemão, russo… e tocam com recurso a uma fusão de estilos que nos transportam a muitas culturas diferentes. Os QWENTIN são a prova que é na diversidade que está a salvação da humanidade. Por eles, estamos salvos!

 

 

Facebook - Comente, participe. Lembre-se você é responsável pelo que diz.