Uma banda sobreviver por décadas fazendo som underground legítimo é sempre um milagre. Em 2023, seja no Brasil ou fora dele, num mundo marcado por uma recente pandemia, e em meio a um sistema que não favorece música de protesto – que luta justamente contra esse sistema – algumas bandas representam a resistência de existir sendo contra tudo e contra todos. Ratos de Porão e Replicantes, que tocam juntos neste domingo (06/08), a partir das 19h, no Opinião,em Porto Alegre, são dois expoentes desse cenário altamente contraditório – e encantador. Como o próprio nome do evento diz, o encontro será “histórico”, pois une duas bandas punks surgidas nos anos 1980 e que seguem firmes e fortes mostrando que o movimento punk não morreu (pelo menos na música). Ingressos aqui.
Banda altamente respeitada no cenário, o Ratos é desde sempre liderada pelo indefectível João Gordo, que sempre manteve sua essência em todas as fases da banda apesar de todas as tretas pelas quais passou. Os caras começaram passando pelo hardcore reto de influência americana da coletânea “SUB”, o d-beat nórdico-paulistano de “Crucificados Pelo Sistema” e o metalpunk sombrio de “Descanse em Paz” até chegarem na fórmula que para muita gente definiu mais do que todas a identidade da banda. Dos anos 90 em diante a banda não parou de evoluir, seguiu se reinventando e absorvendo novas influências a cada novo trabalho. Com álbuns lançados em 2022 e 2023, a banda segue sendo referência brasileira do punk hardcore e reconhecida internacionalmente, em particular, na Europa, América Latina e América do Norte.
Nessa entrevista, João falou da diferença entre o Ratos e bandas que estão inseridas no chamado “rock nacional”, como Raimundos e Planet Hemp, e porquê eles nunca haviam sido chamados para tocar em festivais como om Rock in Rio. “O Ratos é uma banda underground – e a gente não faz parte do rock nacional. É uma banda muito pesada, com letras muito políticas”, disse ele, lembrando que eles já tocaram no mundo inteiro com bandas conhecidas, como o The Cure, mas o Brasil demorou a reconhecê-los.
Entretanto, João sempre fez sua parte: na pandemia, por exemplo, ao lado de Jão, Boka e Juninho, produziu “Necropolítica“, com todas as letras sobre o período caótico vivido, como a reação negacionista do governo e contra a extrema-direita que estava à época no poder. E não decepcionaram: o álbum foi muito elogiado e conseguiu irritar quem não concorda com ideologia dos caras, ou seja, cumpriu seu papel.
Sobre Os Replicantes
Não menos importante é o Replicantes. A banda punk de quase quatro décadas já chegou a marca de 13 álbuns lançados e mais de 100 músicas autorais. No Spotify, suas músicas mais populares são: Surfista Calhorda, Festa Punk, Hippie-Punk-Rajneesh e Boy do Subterrâneo. Júlia Barth, Cláudio Heinz, Heron Heinz, Cléber Andrade formam o grupo, que já contou com nomes como Wander Wildner, Carlos Gerbase e Luciana Tomasi como integrantes. O reconhecimento nacional veio com a faixa “Surfista Calhorda”, que ganhou videoclipe, e com o convite para participar da coletânea Rock Garagem, com a música “O Princípio do Nada”.
Surgiram com seu próprio selo, Vórtex, e depois foram assinados pela RCA (futura BGM). Sucesso nacional e internacional com hits como “Nicotina”, “Rockstar”, “O Futuro é Vórtex” e “Surfista Calhorda”, o segundo álbum foi um estouro ainda maior: Histórias de Sexo e Violência conta com as faixas “Festa Punk”, “Tom & Jerry” e “Mentira”. Com quase 5 décadas de existência são 9 álbuns de estúdio, 5 coletâneas, 1 álbum ao vivo e toda uma geração influenciada por suas letras e ideias.
SERVIÇO:
Onde: Bar Opinião (José do Patrocínio, 834 – Cidade Baixa, Porto Alegre/RS)
Quando: 06 de agosto, domingo, às 19h
Abertura da casa: 18h
Classificação: 16 anos
Cronograma:
Abertura da casa: 18h.
Os Replicantes: 19h.
Ratos de Porão: 20:30.