Um dos maiores representantes do movimento punk no Brasil, a banda Ratos de Porão se orgulha de estar há mais de quatro décadas lutando para destruir o sistema. O quarteto (João Gordo, Jão, Boka e Juninho) pioneiro para o punk e para o crossover (mistura entre hardcore e metal) brasileiros, toca dia 31 de agosto, no Opinião (Rua José do Patrocínio, 834), às 21h. A abertura é da banda Código Penal, de Sapucaia do Sul, que mistura rap e hardcore.
“A expectativa para o show em POA é sempre grande, já que a cidade sempre nos recebeu de maneira maravilhosa e sempre foi um dos principais redutos de fãs do Ratos. A gente está querendo proporcionar um pouco de alegria para o pessoal do sul, que tem sofrido tanto em virtude das recentes enchentes”, adianta o baterista Boka.
A história dos Ratos se confunde com a história do movimento no país, cenário que influenciou a reunião, em São Paulo, de João Carlos Molina Esteves, o João, que viria a ser vocalista e guitarrista da banda, com seu primo Roberto Massetti (o Betinho, baterista) e o baixista Jarbas Alves, o Jabá, que morreu aos 60 anos em dezembro de 2023.
Como começou – Bandas como Sex Pistols e Ramones estavam recém sendo descobertas pela juventude da época, trazendo uma nova concepção de rock, música que agora tocava com outra batida nos ouvidos e provocava reações também nunca antes imaginadas. Além dos Ratos, Fogo Cruzado, Psykóse, Cólera, Inocentes, Garotos Podres emergem do underground paulista.
João Gordo assume os vocais em 1983, já com Mingau na bateria e logo após o lançamento do álbum SUB, mas o álbum de estreia, Crucificados pelo Sistema foi lançado em 1984, gerando grande repercussão, pois o Ratos trocou o punk tradicional pelo hardcore.
Sobre a influência no metal, João Gordo cita que isso se deu devido a uma tendência que começava a rolar no mundo todo praticamente no mesmo ano que ele entrou no Ratos, com a chegada de Metallica, Venon, entre outras bandas. “Aí a gente ia nos shows de punk só rolava quebradeira e nos show de metal, só mina bonitinha. Aí eu comecei a curtir metal, e pensei em sair da banda, porque naquela época não tinha o termo “crossover. Aí, de raiva, o Jão, o Jabá e o Betinho remontaram os Ratos”, conta. Em 1985, é lançado “Ao Vivo no Lira Paulistana”.
Também foi o primeiro disco completo de uma banda punk/hardcore da América Latina. Após alguns anos, a banda enveredou ainda para influência com o trash metal, como no álbum Descanse em paz (1986). João lembra que quando se aproximou da banda os outros integrantes tiraram ele para “gordinho saudável”, mas ele relata que já estava enveredado pelo movimento punk e por ele permanece até hoje.
Em 1987, já pela Cogumelo Discos, lançaram Cada dia Mais Sujo e Agressivo em versão bilíngue. Esse material também conta com a parceria com os integrantes do Sepultura, na época Max Cavalera e Andreas Kisser, que participam na faixa “Morte e Desespero”.
Em 1990 veio Anarkophobia, que incluia um cover de “Commando”, dos Ramones, com direito à turnê europeia. Em 1992, RDP ao Vivo, gravado em São Paulo, com o baterista Boka (ex-Psychic Possessor) no lugar de Spaghetti, que saiu da banda após a turnê europeia. Em 1992, destaque também para a participação com o Sepultura, em São Paulo e no Rio de Janeiro, com Jello Biafra, ex-vocalista da banda Dead Kennedys. A performance de Jello pode ser conferida aqui.
Em 1993, gravam Just Another Crime in… Massacreland, o único álbum com a maioria das músicas em inglês, com exceção de “Suposicollor” em português, “Quando Ci Vuole, Ci Vuole!” em italiano e “Ultra Seven no Uta” (uma versão da música-tema do seriado tokusatsu Ultraseven) em japonês. Esse foi o álbum mais voltado para o thrash metal da banda, incluindo um cover de “Breaking All the Rules” de Peter Frampton. Também gravam a música “Videomacumba” para a coletânea No Major Babes do jornalista Marcel Plasse, pela Caffeine Records.
Serviço:
Ratos de Porão em Porto Alegre/RS
Data: 31 de agosto, a partir das 19h.
Local: Bar Opinião (Rua José do Patrocínio, 834, Cidade Baixa)
Cronograma:
19h – Abertura das portas
20h – Código Penal
21h – Ratos de Porão
Ingressos:
Venda Online via Sympla em até 12x no cartão ou boleto, aqui.