rebaelliun

1- Com um início promissor e devastador a Rebaelliun conquistou o Brasil e o mundo em quase 4 anos e findou as atividades em 2002. Como foi essa explosão da banda, lançamento de materiais e por que ela acabou tão rápido?

Nós montamos o REBAELLIUN em meados de 1998, e como já tínhamos uma boa experiência no underground brasileiro com a nossa antiga banda, o Blessed (1992-1996), já sabíamos mais ou menos o que não fazer com uma banda, o que não iria funcionar. O Blessed acabou justamente pela falta de perspectiva, e o REBAELLIUN foi montado pensando em realmente trabalharmos de forma intensa com a banda no underground mundial. A banda já foi concebida com os objetivos definidos, e um deles era desenvolver nossa carreira fora do país, já que sabíamos que uma banda de Death Metal no Brasil não tinha chance alguma de atingir um nível decente de estrutura e divulgação naquela época. E pra você poder se dedicar integralmente à música, você precisa de estrutura e divulgação. Então final daquele ano gravamos nossa promo-tape e já embarcamos pra fora do país atrás de oportunidades. Poderia ter dado tudo errado, mas era o nosso momento e as coisas se desenrolaram bem, ficamos na Europa 3 meses, fizemos muitos shows, conhecemos muitas pessoas e voltamos pro Brasil com o contrato com a Hammerheart Records da Holanda, que era um selo emergente na época. Dali pra frente simplesmente a banda não parou, lançamos 2 álbuns, mais 1 EP, fizemos mais 3 turnês na Europa, muitos shows no Brasil e conseguimos botar o nosso nome no mapa. A banda acabou justamente porque não paramos um dia sequer desde que começamos, a coisa toda foi ficando cansativa e a pressão era diária, a gente queria resultados pra ‘ontem’, a gente fazia uma cobrança interna bem grande pras coisas andarem rápido e acabou rolando um desgaste em função disso. Trocas de integrantes frequentes, falta de grana muitas vezes, tudo isso acabou nos levando pra uma separação em 2002.

 2- Após praticamente 14 anos a banda decide voltar às atividades, como foi esta decisão e o que a banda planeja para 2016?

Sempre conversamos sobre uma possível volta. Chegamos a planejar isso em outras ocasiões, chegamos até a ensaiar pra essa volta, mas não demos continuidade. Dessa vez a gente atacou o assunto com mais objetividade e botamos pra funcionar. Nunca cogitamos retomar o trabalho com o REBAELLIUN pra ter a banda como hobby, lançando material a cada 5 anos, fazendo meia dúzia de shows e levando a banda sem objetivos, sem programação. Felizmente tivemos o cuidado de preservar o nome da banda enquanto ela esteve parada e assim pudemos voltar com alguma força já, com apoio de muita gente a quem somos extremamente gratos. 2016 está sendo um ano movimentado pra gente, começamos a gravar o disco novo ainda em 2015 mas finalizamos ele em Janeiro, depois já começamos a ensaiar pros shows e agora a coisa está ‘acontecendo’, o disco já foi lançado, nossos 2 primeiros álbuns foram relançados, e já começamos a tocar ao vivo novamente. E tem bastante coisa pela frente.

 3- Das 4 turnês europeias que vocês tiveram, qual foi o maior aprendizado e as melhores experiências no velho continente que a banda guardou?

Acho que o melhor aprendizado é que você não deve estar satisfeito nunca e deve buscar se aperfeiçoar o tempo inteiro. A gente chegou lá fora em 1998 com sangue no olho, e mesmo com todas nossas limitações – limitações musicais, técnicas, a gente mal falava Inglês, conhecia muito pouco do show business – conseguimos chamar atenção das pessoas, das revistas, das gravadoras, porque era nítido que a gente queria muito um espaço pra trabalhar. Mas voltando pro Brasil depois dessa primeira viagem, ficou na nossa cabeça que a gente tinha cavado nosso espaço e que dali pra frente a gente tinha que fazer por merecer pra manter o espaço, estudando Inglês, estudando música, ensaiando muito, pensando em como melhorar o show, etc. Foi uma crescente, em menos de 4 anos a banda estava num nível muito alto pra época e isso tudo foi fruto de trabalho contínuo e muita força de vontade. E essa lição permanece até hoje, vamos seguir buscando uma melhora contínua em tudo que envolve o nome da banda.

 4- Novamente vocês escolheram a gravadora “Hammerheart Records”, e estão lançando todo seu catálogo. Além deste material, é possível esperar por algo novo?

Sim, nosso novo álbum foi a prioridade total quando anunciamos a volta. Em 7 meses escrevemos um disco partindo do zero, o álbum foi lançado há poucos dias na Europa e chama The Hell’s Decrees. Estamos recebendo já o feedback desse trabalho, tanto por parte da imprensa especializada quanto dos fãs de Metal extremo, e felizmente a resposta tem sido extremamente positiva. Agora é ir pra estrada pra divulgarmos esse disco ao máximo.

 5- A banda ja tem datas anunciadas na Europa em grandes festivais como o Brutal Assault, pode-se esperar uma nova explosão da banda?

Não pensamos em explosão, mas queremos seguir trabalhando de forma intensa. Estamos correndo atrás pra banda tocar bastante ao vivo, trabalhamos diariamente pra banda ter uma presença marcante na Internet, tentando gerar conteúdo diariamente pra alcançarmos mais e mais fãs de Metal extremo ao redor do planeta. Estamos com vários shows marcados no Brasil, confirmamos presença em dois dos mais importantes festivais de verão na Europa – Brutal Assault e Party San – e estamos começando a conversar pra uma turnê mais longa no velho mundo ainda esse ano. Vai rolar uma mini turnê no México em Setembro, estamos conversando também pra tocarmos em outros países da América do Sul, já que aqui no nosso continente nunca tocamos fora do Brasil, e vamos seguir atrás de oportunidades de botar a banda na estrada.

 6- Olhando para o passado, e mirando o futuro, o que mudou na banda da parada para o recomeço?

Acho que evoluímos muito em todos sentidos. Musicalmente, liricamente, pessoalmente. A visão amplia, você aprende a direcionar a energia de forma mais efetiva, seja na música mesmo ou até quando se planeja algo. É como um jogador de futebol depois dos 30, talvez ele não tenha mais a explosão e o pique que tinha no começo da carreira, mas ele aprendeu os atalhos do campo e acaba sendo mais efetivo com menos esforço. Eu vejo a gente assim atualmente, fazendo mais com menos.

 7- Jogo rápido:

 4 bandas nacionais: Krisiun, Ratos de Porão, Blackning, Subtera

4 bandas internacionais: Slayer, Morbid Angel, Behemoth, Angelcorpse

4 bandas Gaúchas: Krisiun, Leviaethan, Patria, Exterminate

1 livro: Clube da Luta, do Chuck Palahniuk

1 cd: trilha sonora do Conan, o Bárbaro, do Basil Poledouris

Música: há quase 30 anos é o centro da minha vida, devo tudo que tenho à música

Metal: um estilo de vida, é mais que um estilo musical

Rebaelliun: mudou a minha vida completamente, se não fosse a banda ter existido naquela época nem sei se ainda estaria tocando guitarra hoje em dia

Underground: é o caminho, aprendi a desconfiar de tudo que é ‘grande demais’ bem cedo, e isso pode ser observado em qualquer área, não só na música

Rio Grande do Sul: é a nossa base, nossa origem

Uma frase: “Menos é mais.”

 8- Mudando o assunto, esta semana o “Movimento Sulista” ganhou novo capitulo na cidade de Itajaí-SC, o que a banda pensa a respeito da separação do país?

Eu pessoalmente sou contra. Minha visão de mundo é romântica e acho que nossa civilização deveria ter menos fronteiras, então qualquer movimento querendo impor fronteiras, seja aqui ou em outro continente, vai na contramão do que eu entendo por certo. Pessoas comuns brigam por política e religião enquanto quem realmente tem o poder tá buscando mais poder e mantém o povo ocupado com essas questões. Dividir para conquistar, me parece bem óbvio.

 9- O vídeo (Lyric Video) Legion lançado no Youtube em 29 de fevereiro deste ano causou alvoroço na web, onde os headbangers discutiam a quantidade de “deslike” no vídeo. Das 13 mil visitas até o momento haviam 390 aprovações e 401 reprovações dos internautas, a banda pensava que poderia receber tal recepção?

Desde o final dos anos 90, quando montamos a banda, nunca fomos unanimidade. E também seria muita pretensão ser unanimidade, isso nem o Slayer consegue, haha. Muitos amigos vieram falar comigo sobre os tais dislikes no lyric vídeo da Legion e realmente é curioso. Se todas as pessoas que dedicaram um pouco do seu tempo a ir no vídeo pra dar um dislike também comentassem ali embaixo dizendo o que não gostaram, faria mais sentido, porque essa coisa anônima é muito superficial, pra não dizer covarde. Mas no fundo não mudaria nada, tanto essa faixa Legion quanto o álbum inteiro estão em total acordo com o que pensamos sobre um bom disco de Death Metal em pleno 2016. Talvez algumas pessoas achem old school demais, outras achem moderno demais, outras achem muito simples, sei lá, nós achamos que é a música que devemos tocar nesse momento, então se uma hora tiver milhares de dislikes, vamos arcar com as consequências de acreditar na nossa música, isso é o mais importante. Estamos com vários shows marcados, a pré venda do disco novo foi excelente segundo a gravadora, e isso já nos deixa felizes, porque são pessoas reais comprando o disco e indo aos shows. Os dislikes são um número apenas.

 10- A banda viveu uma era antes da internet e explodiu no pais inteiro, hoje com a internet dominando o meio de comunicação, como a banda espera voltar a ser destaque?

Muita banda reclama da Internet, mas eu sempre vi como uma forma rápida e barata de chegar no público. Pode ser um tiro no pé também, bandas que não produzem nada de relevante e ficam inventando literalmente conteúdo pra aparecer, inventando notícia e forçando a barra pra ser visto. A gente usa como uma ferramenta, pra divulgar nossa música, os relançamentos, divulgar a agenda de shows da banda. Acho que estamos conseguindo ser bem presentes na rede com tudo que tem acontecido pra nós nos últimos meses, e esperamos que isso se traduza num público maior pra ver a banda ao vivo.

 11- Quais os principais objetivos da banda a longo prazo?

Cara, queremos ter estrutura pra trabalhar. Isso significa uma boa gravadora dando o suporte necessário pra se produzir um disco com tranquilidade, uma boa distribuição e promoção pro disco chegar nas pessoas. E chegar num ponto de ter uma agenda de shows boa o suficiente pra manter a banda trabalhando, focada na música.

 12- Como a banda vê a cena do Rio Grande do Sul atualmente? Mudou muita coisa do inicio dos anos 2000?

O estado sempre teve boas bandas, principalmente de Metal extremo. E continua produzindo talentos. Falta essas bandas buscarem mais seu espaço fora do Rio Grande do Sul também, porque é inviável você ficar só no seu estado, na sua cidade, nenhuma banda do mundo consegue se manter se não ampliar os horizontes. Então acho que falta isso, a gente ver mais bandas gaúchas viajando, rodando, mostrando sua música pelo resto do Brasil, outros países e continentes.

 13- Contatos, merchan:

[email protected] ou na fanpage da banda no Facebook.

 

14- Mensagem final:

Muito grato pela entrevista, pelo espaço e principalmente pelo apoio de muita gente que é diretamente responsável por manter nosso nome vivo por tanto tempo. Seria impossível agradecer o suficiente por essa energia que essas pessoas sempre colocaram no REBAELLIUN, mas vamos tentar retribuir com bons discos e bons shows daqui pra frente. At war!!

Facebook - Comente, participe. Lembre-se você é responsável pelo que diz.
Artigo anteriorRalf Scheepers manda recado aos fãs brasileiros
Artigo seguinteEntrevista com Jailor de Curitiba
Cremo
Sejam bem-vindos ao meu mundo onde a música é pesada, a arte visual é uma paixão e a tecnologia é uma busca incessante pela excelência. Sou um aficionado por Death, Thrash, Grind, Hardcore e Punk Rock, trilhando os ritmos intensos enquanto mergulho no universo da fotografia. Mas minha jornada não para por aí; como programador e analista de segurança cibernética, navego pelas correntes digitais, sempre sedento por conhecimento e habilidades aprimoradas em um campo em constante mutação. Fora do reino virtual, vibro intensamente com as cores do Boca Juniors, e meu tempo livre é uma mistura de leitura voraz, exploração de novos lugares e uma pitada de humor. Seja nas areias da praia, nas trilhas das montanhas, acampando sob as estrelas ou viajando para terras desconhecidas, estou sempre pronto para a próxima aventura. E claro, não há nada que eu ame mais do que arrancar um sorriso do rosto das pessoas com minhas piadas e brincadeiras. Junte-se a mim nesta jornada onde a música, a tecnologia, o esporte e o entretenimento se entrelaçam em uma sinfonia de diversão e descobertas. E lembrem-se: Hail Odin e um firme 'foda-se' ao fascismo e ao nazismo!