Foi no passado sábado, dia 15 de junho, que o Rock In Rio regressou a Lisboa, para a edição comemorativa dos 20 anos do festival na capital portuguesa. A expectativa era muita, com uma imensa multidão a reservar o seu lugar na fila para a entrada no Parque Tejo, a nova localização da “Cidade do Rock”. Com efeito, antes da abertura de portas, marcada para as 13h, vários grupos de pessoas já se encontravam vestidos a rigor, com camisolas de algumas das bandas que poderiam ver ao longo do dia, destacando-se Scorpions, Evanescence, Extreme e Xutos & Pontapés.
Abertas as portas, começaram a entrar no recinto os primeiros dos mais de 80 mil fãs que viriam a marcar presença no “dia do Rock”. Entre saltos e sorrisos, enquanto alguns festivaleiros foram a correr para as grades do Palco Mundo, outros aproveitaram para tirar fotografias e passear em missão de reconhecimento do novo recinto enquanto este se encontrava ainda passeável.
A música no Palco Mundo começou às 16h com um concerto dos Xutos & Pontapés, que se fizeram acompanhar pela Orquestra Filarmónica Portuguesa. O concerto foi iniciado precisamente com um medley instrumental através do qual a Orquestra se apresentou ao vasto público presente. Logo de seguida, entraram Tim, Kalú, João Cabeleira e Gui (que trouxe Zé Pedro na sua camisola), para tocar “À Minha Maneira”. O concerto percorreu onze hits, terminando com uma emotiva versão orquestral de “Para Sempre” e com a previsível “Casinha“.
Setlist – Xutos & Pontapés: 1 – Abertura (Medley Instrumental – Orquestra Filarmónica Portuguesa) | 2 – À Minha Maneira | 3 – Fim De Semana | 4 – Enquanto A Noite Cai | 5 – Avé Maria | 6 – Remar Remar | 7 – Contentores | 8 – Circo de Feras | 9 – Homem Do Leme | 10 – Para Ti Maria | 11 – Para Sempre | 12 – A Minha Casinha
No Palco Galp, pelas 17h apresentavam-se os Pluto, de Manel Cruz, para tocar todas as músicas do álbum “Bom Dia”, de 2004, temas muito bem recebidos e cantados por vários fãs. Além do álbum de estreia, foram também apresentadas as músicas “Túnel”, de 2023, e “Quadrado”, lançada no início de maio deste ano. Ao longo de uma hora intensa de Rock, Manel Cruz deixou bem claro o seu amor pelo público, sentimento notoriamente recíproco.
De volta ao Palco Mundo, seguiram-se Extreme, recebidos com grande euforia por parte de muitos e muitos fãs, orgulhosos e ansiosos por fazer com que Nuno Bettencourt se sentisse em casa.
Retribuindo o carinho do público, o guitarrista luso-americano sentou-se com a sua guitarra acústica, dizendo: “Toda a minha vida disse que os portugueses eram os melhores cantores do mundo. E agora vamos prová-lo.”. Bettencourt começou, então, a tocar “A Portuguesa”, introduzindo um dos momentos mais emotivos do primeiro dia do festival, com toda a plateia a cantar a plenos pulmões o hino nacional, com a bandeira portugesa como pano de fundo. Logo de seguida, ainda emocionado, o guitarrista começou a tocar a música mais aguardada do concerto, a mítica “More Than Words”.
Setlist – Extreme: 1 – It(‘s A Monster) | 2 – Decadence Dance | 3 – #REBEL | 4 – Am I Ever Gonna Change | 5 – We Will Rock You (Queen Cover) | 6 – Play With Me | 7 – Hole Hearted | 8 – Midnight Express | 9 – A Portuguesa | 10 – More Than Words | 11 – Flight of the Wounded Bumblebee | 12 – Get The Funk Out | 13 – RISE
O Rock não parou e pelas 19h subiram ao Palco Tejo os Rival Sons, com um concerto potente iniciado com “Mirrors” do álbum “DARKFIGHTER”, de 2023. Mantendo-se no mesmo álbum, a banda prosseguiu para o tema “Nobody Wants to Die”, com um problema técnico a cortar o som durante grande parte da música, no entanto, com a banda a não interromper a atuação, mostrando toda a sua atitude e profissionalismo apenas com som de palco. Apesar dos lançamentos de “DARKFIGHTER” e “LIGHTBRINGER” no ano passado, a banda apresentou um alinhamento com diversos momentos da sua discografia, com “Feral Roots” muito presente no concerto.
Setlist – Rival Sons: 1 – Mirrors | 2 – Nobody Wants to Die | 3 – Tied Up | 4 – Too Bad | 5 – Feral Roots | 6 – Open My Eyes | 7 – Pressure and Time | 8 – Shooting Stars | 9 – Mosaic | 10 – Do Your Worst | 11 – Electric Man | 12 – Keep On Swinging
Enquanto terminavam Rival Sons no Palco Tejo, preparam-se para subir ao Palco Mundo os Evanescence. Antes das 20h encontravam-se já na frontline os fãs da banda americana, demonstrando a sua devoção com cartazes e bandeiras.
O concerto começou com “Broken Pieces Shine”, do último álbum, de 2021, “The Bitter Truth”, que foi o foco do concerto. Durante cerca de 1 hora e 15 minutos, a banda mostrou por que é tão querida do público passados tantos anos, trazendo, além do último álbum, o primeiro álbum de estúdio, “Fallen”, de 2003. Com efeito, depois de uma apresentação poderosíssima do tema “Use My Voice”, Amy Lee sentou-se ao piano e tocou “My Immortal”, levando o público às lágrimas. Sem se levantar do piano, Amy Lee, já acompanhada pela sua banda, que havia reaparecido no palco para finalizar a música anterior, iniciou a introdução da também imortal “Bring Me To Life”, fechando o concerto com chave de ouro, com o público a fazer-se ouvir, ao acompanhar a banda com as suas vozes e palmas ritmadas.
Setlist – Evanescence: 1 – Broken Pieces Shine | 2 – Made of Stone | 3 – Sweet Sacrifice | 4 – Yeah Right | 5 – Taking Over Me | 6 – The Game Is Over | 7 – My Heart Is Broken | 8 – Wasted on You | 9 – The Change | 10 – End of the Dream | 11 – Going Under | 12 – Better Without You | 13 – Call Me When You’re Sober | 14 – Imaginary | 15 – Use My Voice | 16 – My Immortal | 17 – Bring Me To Life
Com a noite já a cair sobre o Parque Tejo, subiram ao Palco Galp os Europe, ao mesmo tempo que no Palco Tejo começava a atuar The Legendary Tigerman, para apresentar “ZEITGEIST”, o último álbum, lançado em 2023. Paulo Furtado, juntou a sua voz à de Sara Badalo, ao saxofone de Cabrita e à bateria de Mike Ghost para uma atuação que transcedeu o simples Rock ‘N’ Roll. Do grupo mais não se podia pedir. No entanto, pena foi que a banda de “The Final Countdown” atuasse no mesmo slot, sendo merecida uma maior moldura humana no Palco Tejo.
Setlist – The Legendary Tigerman: 1 – New Love | 2 – One More Time | 3 – Good Girl | 4 – Bright Lights, Big City | 5 – She’s a HellCat | 6 – Gone | 7 – Motorcycle Boy | 8 – Ghost Rider (Suicide Cover) | 9 – Keep It Burning | 10 – The Saddest Thing To Say | 11 – These Boots Are Made For Walkin’ | 12 – Losers
Antes do último concerto no Palco Mundo realizou-se o espetáculo de comemoração dos 20 anos do Rock In Rio Lisboa, com som, luz e fogo de artifício lançado sobre o palco e sobre o rio Tejo.
A fechar os concertos do primeiro dia no Palco Mundo, apresentaram-se os lendários Scorpions. Pelas 22h30 surgiu da escuridão Klaus Meine, o vocalista do grupo alemão, cantando calmamente os primeiros versos de “Coming Home”. Depois de uma cirurgia complexa na coluna, realizada em março deste ano, Klaus apresentou-se com uma voz irrepreensível. Com toda a banda já em palco, o grupo mostrou logo na segunda música, todo o “Gas In The Tank” que tem para dar ao público. De facto, é notável que ainda apresentem tamanha energia passados tantos anos. Mas é mesmo verdade, tal como disse Klaus para introduzir o tema de abertura de “Love At First Sting”, “after all these years the bad boys are still running wild”. Clássico atrás de clássico, chegou-se à instrumental “Delicate Dance”, na qual Matthias Jabs, com um solo fantástico na guitarra, se destacou na frente do palco.
Acalmando um pouco, Klaus pediu novamente o apoio do público, que cantou com ele “Send Me An Angel”, num momento emotivo, com as lanternas dos telemóveis a iluminar o recinto. No seguimento surgiu “Wind Of Change” com Klaus a desejar que os ventos de mudança tragam liberdade e paz. Depois de o verso inicial do tema ter sido alterado para “Now listen to my heart, it says Ukrainia”, desta vez, numa mensagem de apelo ao amor e à paz em todo o mundo, Klaus cantou “Now listen to my heart, it still believes in love”. No refrão, Klaus andou até à frente do palco, onde recebeu do público uma bandeira de Portugal, que colocou aos ombros até ao final do tema.
Passando por “Tease Me Please Me” e “The Same Thrill”, chegou-se a “New Vision” com um solo de bateria de Mikkey Dee absolutamente fantástico, que ao fim de mais de 6 minutos, lhe valeu uma tremenda ovação por parte do público. Mikkey Dee aproveitou, como de costume, para homenagear Lemmy Kilmister, falecido em 2015, com os logótipos dos Motörhead a aparecer na slot machine que acompanhou o solo como pano de fundo. Depois de um jackpot com 5 imagens iguais de escorpiões, substituídas de seguida pela cara de cada um dos integrantes da banda, começou a ouvir-se uma sirene que anunciava “Blackout”, ao mesmo tempo que surgia numa corrida desenfreada, e com a guitarra a deitar fumo, Rudolf Schenker, caracterizado como o autorretrato do austríaco Gottfried Helnwein, presente na capa do álbum de 1982.
O concerto parecia terminar com Big City Nights, com a banda a agradecer ao público e, inclusivamente, com Klaus a descer do palco para se aproximar dos fãs. No entanto, faltavam os dois maiores clássicos, que surgiram em encore, após um grito do vocalista, perguntando “Are you ready for more, Lisboa?”. O público estava pronto, e cantou em uníssono, com as lanternas no ar, “Still Loving You”. Logo de seguida, já antecipada pelos fãs, surgiu “Rock You Like A Hurricane”, que encerrou o concerto com toda a energia que se podia pedir tanto no palco como na plateia.
Setlist – Scorpions: 1 – Coming Home | 2 – Gas In The Tank | 3 – Make It Real | 4 – The Zoo | 5 – I’m Leaving You | 6 – Crossfire | 7 – Bad Boys Running Wild | 8 – Delicate Dance | 9 – Send Me An Angel | 10 – Wind Of Change | 11 – Tease Me Please Me | 12 – The Same Thrill | 13 – New Vision | 14 – Blackout | 15 – Big City Nights | 16 – Still Loving You | 17 – Rock You Like A Hurricane
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