Resenha do EP Me Chama de Zé.
Análise faixa à faixa do novo trabalho da Banda Me Chama de Zé.
Pense em uma banda que te faz voltar no tempo do rock despretensioso, direto, rasteiro e real, sim, estou falando da Me Chama de Zé, que me fez revisitar a época onde eu não tinha um real no bolso, andava com os amigos pelas ruas e adorava curtir a cena underground com bandas tocando nos bares da cidade.
O EP, tendo como título o nome da banda, Me Chama de Zé, tem uma sonoridade que passeia entre o Rock Blues, o Hard Rock e o Grunge, guitarras com riffs bem desenhados e solos com muitos bends e Wah Wah, baixo e bateria muito bem marcados e um vocal sem muito floreio e direto, te convidando a embarcar nas histórias das canções.
Começando pela música “Porquê”, que se inicia com um dedilhado de guitarra e um solo de baixo no tom de Dm (Ré menor), que vai ditar o sentimento melancólico e triste que a canção vai te apresentar, com uma letra pesada que questiona os pensamentos e as atitudes de um assassino e mostra o desespero da sua vítima.
Fazendo jus ao estilo urbano que a banda tem, na música “São Paulo”, os integrantes prestam uma homenagem a esta bela cidade, que apesar de seus problemas sociais e políticos, evidenciam seus pontos turísticos e atrações culturais, sem adotar um tom bairrista e seletivo.
Na faixa “Só Penso em Você” podemos ouvir e sentir uma sonoridade mais leve e feliz, com sobreposições com acordes maiores, a canção fala sobre as escolhas que você faz na vida e se elas fazem sentido sem a pessoa que você ama. É a faixa mais balada do EP, com muito bom gosto e capricho.
Para mim, “James” é a faixa mais pesada do EP, começando com um Riff e um andamento bem metal, com belas passagens de cordas e bateria, combinam com uma letra bem densa e triste, no qual conta a história trágica de James que se iguala com a vida de vários brasileiros, que por falta de oportunidades, vivem à margem da sociedade. Na minha opinião é a melhor música do EP.
“Maquina Quente” é uma música incrível e fora da curva, pois tem como referência a Jovem Guarda, numa mistura da canção “O Bom” e “Pode vir Quente Que Eu Estou Fervendo” (Compostas pelo Eduardo Araújo e Carlos Imperial), com uma pitada do duplo sentido da canção “Carrão de Dois” (Raimundos) e o ar sacana do Kiss. A influencia a Jovem Guarda vem a tona nas pausas e nos coros. Destaque nas linhas de baixo muito bem desenhadas.
E para terminar a faixa que dá nome ao EP, Me Chama de Zé, representa a simplicidade e a rispidez em sua plenitude. Tem apelido mais simples que Zé? Mas não se engane, a letra tem uma crítica bastante refinada e complexa, sobre o descaso que as autoridades e tem sobre os cidadãos comuns.
A banda é uma surpresa bastante agradável, com pegada das grandes bandas do Rock Paulistano, como Ira e Golpe de Estado. Com certeza, uma ótima banda com assinatura urbana e brasileira. Com Rafael Siqueira (Cebola) na voz e guitarra, Ronaldo Augusto no baixo, Rodrigo Ferreira na guitarra e Denis Almeida na bateria, formam a Me Chama de Zé.
As músicas estão disponíveis no Spotify e no site da banda:
https://www.mechamadeze.com.br
Você pode conferir o trabalho dos caras no canal do Youtube e no Instagram @mechamadeze