Iggy Pop – Every Loser (2023)
O considerado pai do Punk pela mídia e pelo senso comum Iggy Pop volta com mais um álbum energético depois de seu último álbum de estúdio Jazzístico com uma vibração mais cansada e que se assemelha a uma ressaca, bom álbum por sinal. Estou falando de Free (2019).
Iggy Pop é conhecido pelo seu trabalho na banda de Proto-Punk The Stooges. Proto-Punk é resumidamente o punk antes do punk. Gênero fundado no final dos anos 60 e performado por bandas como The Stooges, The Sonics e MC5. O proto-punk definiu o que era o punk antes mesmo dos anos 70 e em diante.
Acredito que o Iggy tenha alcançado um respeito que o permita lançar qualquer tipo de música sem parecer forçado ou pretensioso. Iggy Pop grita autenticidade. Seu penúltimo álbum Free traz uma leveza que soa até mesmo como despedida, ver um álbum agressivo novamente é uma grande surpresa.
O novo álbum conta com as participações de Taylor Hawkins (baterista do Foo Fighters infelizmente falecido em 2022); Chad Smith (Red Hot Chili Peppers); Dave Navarro, Eric Avery e Chris Channey (Jane’s Addiction); Duff Mckagan (Guns N’ Roses); Stone Gossard (Pearl Jam); Travis Barker (Blink-182) e Josh Klinghoffer (Red Hot Chili Peppers). O álbum conta também com a produção de Andrew Watt e a crítica especializada atribuiu a sonoridade modernizada do disco devido a produção do mesmo.
o álbum soa moderno. E isso não diminui a qualidade dele. Do Proto-Punk ao Jazz até uma espécie de Rock Alternativo moderno, Iggy não economiza na atitude que sempre teve. Talvez, não se equipare aos primeiros álbuns, claro, mas ainda assim não se trata de um álbum ruim.
Falando agora sobre a sonoridade do disco em si. Sim, o álbum soa moderno. E isso não diminui a qualidade dele. Do Proto-Punk ao Jazz até uma espécie de Rock Alternativo moderno, Iggy não economiza na atitude que sempre teve. Talvez, não se equipare aos primeiros álbuns, claro, mas ainda assim não se trata de um álbum ruim. Every Loser me passou uma “vibe” de primeiras músicas ouvidas por um jovem futuro fã de rock de carteirinha. Isso pelo fato de ser um álbum com tantas participações de ícones modernos de um rock alternativo mais recente e nichado. O álbum soa ora mais brando e ora mais pesado.
É como se o álbum soasse pesado, mas de forma palatável, como foram as próprias bandas em que os músicos colaboradores estiveram. Soa como um rock alternativo beirando o hard rock moderno, como o Queens of the Stone Age fora por exemplo e que, não raro também colaborou com Iggy no álbum Post Pop Depression de 2016. Não a banda toda, mas Dean Fertita e Josh Homme junto com Matt Helders (Artic Monkeys).
A música de Iggy possui uma melancolia implícita em algumas músicas no início da carreira. Um sentimento de angústia adolescente, como Nightclubbing por exemplo de seu primeiro álbum The Idiot (1977). Música que fez parte da trilha sonora do filme Trainspotting (1996). Filme perturbador sobre drogas e suas consequências. Iggy inclusive com histórico de vício em heroína, como Lou Reed também colocado no roteiro desse filme e mencionado e idolatrado pelos protagonistas do filme.
Esse álbum em questão tem a melancolia muito menos presente. Menos presente até que no seu penúltimo álbum Free. O som de Iggy sempre foi forte, profundo e rebelde mostrando muita personalidade e atitude, mesmo de forma mais contemplativa ou de forma mais visceral. O Iguana entrega mais um álbum com uma nova faceta, sendo mais moderno e sem compromissar a qualidade provando que consegue fazer o tipo de música que quiser sem pretensões comerciais. Iggy não precisa disto.
Nota: 7,5